Roadie Metal Cronologia: Rush – 2112 (1976)

É claro e notório que o Rush em seus primeiros trabalhos mostrou uma sonoridade diferente daquela que o consagraria como um dos melhores grupos de Rock Progressivo da história da música. Se em “Rush” (1974) e “Fly By Night” (1975) a banda mostrava um belo e básico Rock ‘n’ Roll, foi em “Caress of Steel” (1975) que os elementos progressivos começaram a emergir e surgiram com força total na obra prima “2112”.

Gravado em fevereiro de 1976 e lançado em abril do mesmo ano, a banda novamente trouxe o produtor Terry Brown para comandar a mesa de som. Arrisco-me a dizer que aqui o Rush encontrou a musicalidade que consagrou mundialmente a banda. Aqui estamos diante de músicas mais trabalhadas, seja na parte técnica, seja no contexto lírico, o qual Neil Peart é o maior responsável por isso.

Muro do Classic Rock

O trabalho já começa com a épica “2112”, com cerca de vinte minutos de duração e dividida em sete partes. A técnica aqui é algo absurdo, mas a letra de Neil Peart consegue se destacar mais ainda, narrando uma história de ficção científica, na qual uma sociedade no futuro controlada por sacerdotes (priests) tem todos os aspectos de seu dia a dia monitorados e censurados, até um dia que um cidadão encontra um amuleto capaz de o libertar dessa prisão.

A primeira parte “Overture” é simplesmente fantástica, mostrando o que Geddy Lee e Neil Peart são capazes de fazer quando estão super inspirados. Em “The Temples of Syrinx” temos uma enigmática citação (…e o homem humilde vai herdar a terra…). Aqui é apresentada a histórias dos sacerdotes, onde Lee apresenta vocais bem agressivos e marcantes. “Discovery” traz Lee numa mudança radical de voz, a fim de falar do personagem principal e sua descoberta. “Presentation” temos um embate dos vocais de Lee onde a intenção é clara. Mostrar o confronto entre o principal personagem e os sacerdotes. “Oracle: The Dream” mostra a confusão mental de nosso herói, depois de um sonho revelador. “Soliloquy” certamente é a parte lirica mais marcante, onde o personagem se dá conta do horrível mundo em que vive e simplesmente se permite morrer para alcançar a libertação. E em “Grand Finale”, os anjos que apareceram no sonho retornam para tomar o controle do planeta.

Mas mesmo depois dessa epopeia, ainda há espaço para mostrar outros destaques. “Something For Nothing” traz uma faixa extremamente forte e coesa, mostrando a marca registrada da banda. “Tears” é uma linda balada, alternando belos e soturnos momentos acústicos e de teclados. De forma surpreendente, “Twilight Zone” traz uma sessão de mudanças de ritmos e estilos, coisa que músicos com tamanha técnica são capazes de executar.

Resumo da ópera: um álbum que marcou história, onde temos de um lado uma música esbanjando pura técnica e um contexto lírico belíssimo e outras músicas excelentes, formando um coeso conjunto, tornando-o dessa forma indispensável.

Formação:
Geddy Lee (vocal e baixo);
Alex Lifesson (guitarra);
Neil Peart (bateria).

Faixas:
01 – 2112
02 – A Passage To Bangkok
03 – The Twilight Zone
04 – Lessons
05 – Tears
06 – Something For Nothing