Mil novecentos e oitenta e oito foi provavelmente, ao lado de 1984 e 1986, um dos melhores anos em termos de qualidade de lançamentos nos saudosos anos 80. E foi exatamente naquele ano que o Running Wild lançava, em 26 de setembro, aquele que é considerado por muitos fãs o seu melhor trabalho: o clássico “Port Royal”. Mas para entender um pouco a razão para tal, devemos voltar ao ano de 1987.
Depois de nove shows da tour de seu antecessor, “Under Jolly Rogger”, Stephan Boris (baixo) e Hasche Hagemann (bateria) deixam a banda. E sem muita perda de tempo, são recrutados para seus lugares o jovem Jens Becker e Stefan Schwarzmann, respectivamente. E, de certo, modo esse novos músicos deram uma nova cara à banda, tornando-a mais coesa e confiante, tanto que essa formação é considerada como a melhor que o Running Wild já teve.
Ao final da tour, a banda entra em estúdio para as gravações do novo álbum. O resultado final foi de uma excelência tão singular que diversas revistas da época o consideraram como sendo o segundo melhor trabalho do ano, perdendo apenas para o “Seventh Son Of A Seventh Son”, do Iron Maiden.
Musicalmente, “Port Royal” traz uma melhor produção e as linhas de baixo de Jens combinaram perfeitamente com a guitarra de Rolf. As temáticas sobre piratas dão as caras novamente e o som é o velho e bom Speed Metal praticado nos trabalhos anteriores, porém, com alguns destaques. O disco abre com uma breve introdução, onde percebe-se alguém perdido, chegando em algum lugar e perguntando onde se encontra. Em seguida, temos a faixa título, com riffs velozes e vigorosos. Em “Raging Fire” temos um excelente refrão, daqueles que ficam por um bom tempo em sua cabeça. E sem perder o peso e a velocidade, “Into The Arena” completa a trinca que abre o álbum de forma energética e suprema.
“Uaschitschun” é uma faixa mais cadenciada, no entanto, traz um dos riffs mais belos do álbum. Em “Final Gates” temos uma instrumental conduzida de forma ímpar por Jens e Stephan.
Depois de uma breve introdução de Jens, temos aquela que é um dos grandes clássicos não somente da banda, mas de todo o Heavy Metal. “Conquistadores” narra a saga dos colonizadores na América em busca do ouro, sobre um instrumental veloz, coeso e pesado. Em “Blown To Kingdom Come”, “Warchild” e “Mutiny” temos faixas um pouco mais cadenciadas e com uma leve pitada de Hard Rock. Perfeitas.
O trabalho encerra-se de forma épica com a clássica “Calico Jack”, onde após uma linda introdução acústica, evolui para um Heavy Metal clássico, que em pouco mais de oito minutos, traz um resumo da história do famoso pirata britânico. Riffs galopantes, solos certeiros, linhas vocais marcantes e um refrão belíssimo são os destaques.
Mesmo após 28 anos de seu lançamento, “Port Royal” continua sendo empolgante. Sem dúvidas, um clássico que merece sempre ser revisitado e que colocou o Running Wild definitivamente no rol dos grandes nomes do Heavy Metal mundial.
Formação:
Rolf Kasparek (vocal & guitarra);
Majik Moti (guitarra);
Jens Becker (baixo);
Stefan Schwarzmann (bateria).
Faixas:
01 – Intro
02 – Port Royal
03 – Raging Fire
04 – Into The Arena
05 – Uaschitschun
06 – Final Gates
07 – Conquistadores
08 – Blown To Kingdom Come
09 – Warchild
10 – Mutiny
11 – Calico Jack