Um dos pilares do Speed Metal, o Running Wild, após lançar o aclamado “Gates To Purgatory”, resolveu manter a fórmula que estava dando certo e lançou o segundo e último álbum em sua carreira na qual as letras abordam temas satânicos: “Branded and Exiled”.
Diferentemente do primeiro álbum, esse não obteve censura devido ao fato deles abordarem o tema de forma mais sutil, mas ainda assim o satanismo se fazia evidente nas letras de todo o trabalho. A principal referência é em se ter o demônio em um anagrama contra a opressão vivida na época, ou seja, uma forma de se rebelar as imposições da cultura local na época.
O álbum não fez sucesso como o anterior, mesmo assim foi o que abriu as portas para turnês em outros países fora da Europa, chegando inclusive a cruzar o Atlântico até os Estados Unidos e Canadá, realizando shows com com lotação máxima em todas as localidades.
A dupla de guitarras, que era composta pelo líder da banda, Rolf Kasparek, e Preacher, acaba se desentendendo ainda na fase de composição do trabalho e assim o último acaba decidindo sair, deixando todo o processo de criação nas mãos de Kasparek. No lugar de Preacher, é recrutado Majk Moti.
“Branded and Exiled” possui uma dinâmica mais direta e seca em relação ao anterior. O ponto negativo fica por conta da produção, que soa suja e abafada, mas aqui falamos dos meados anos 80, época em que uma banda nova possuía poucos recursos para uma gravação de primeira, uma vez que estúdios eram especialmente caros e produtores ainda mais caros.
Abre o álbum a famosa “Branded and Exiled”, que soa mais Heavy que Speed, mas ainda assim se mostra uma música muito boa, com refrões cantados aos coros. É um dos grandes hinos dos germânicos. Na sequência, uma verdadeira avalanche Speed: “Gods of Iron” começa com notas rápidas e diretas e mostram a marca que se tornou característica do Running Wild.
“Realm of Shades” é outra faixa voltada ao Speed com um forte flerte com o Heavy Metal. Na sequência, a medieval “Mordor”. Com suas nuances de batalhas mediáveis e folclóricas, mostra-se um pouco mais cadenciada do que as outras faixas. “Fight The Opression” é rápida em suas harmonias, e na parte lírica é direta e sem firulas.
Uma das melhores faixas do álbum é a cadenciada “Evil Spirit”, que se destoa de todo o trabalho com sua temática mais obscura e em certos momentos podemos perceber o próprio demônio cantando com Kasparek.
“Marching To Die” resgata a velocidade da banda, mas com um diferencial: o baixo parece soar mas alto aqui, e o grupo faz alguns breakdown que deixam um clima interessante – isso sem mencionar o cantarolar bem obscuro que se apresenta na faixa, como se fosse o demônio fazendo o “ohhh ohhhh…”.
Fechando o álbum, uma das músicas que eram obrigatórias nos shows da banda e perdura até hoje nos corações dos fãs, “Chain and Leather, com um clima que lembra muito Judas Priest na época do álbum “Breaking The Law”. Essa faixa é uma das que consolidaram a banda no mainstream.
O que fica devendo nesse álbum é a qualidade na produção, que peca muito e como dito anteriormente as músicas soam abafadas. Além disso, é nítido que em cada faixa os instrumentos foram equalizados de formas diferentes, mas ainda assim é um dos álbuns mais requisitados da história da banda.
Formação:
Rolf Kasparek (vocal/guitarra);
Majk Moti (guitarra);
Stephan Boriss (baixo);
Hasche (bateria).
Faixas:
01 – Branded and Exiled
02 – Gods of Iron
03 – Realm of Shades
04 – Mordor
05 – Fight The Opression
06 – Evil Spirit
07 – Marching To Die
08 – Chains and Leather
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7/10
1 comment
Realm Of Shades é uma das músicas que eu mais gosto do Running Wild. Eles deveriam colocá-la no setlist atual!
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