Sem conseguir alcançar o tão almejado sucesso comercial, sendo esnobados pela gravadora Capitol e até mesmo tendo que desfazer uma confusão relacionada ao sucesso de sua “quase chará“ Quiet Riot, o Riot encerrou suas atividades em 1983, pouco tempo depois do lançamento de Born In America. Mark Reale se mudou para o Texas e por lá deu continuidade com sua carreira musical com a banda Narita (nome obviamente retirado do título do segundo álbum do Riot) com ex-integrantes do S.A. Slayer, tendo lançado apenas uma demo em 1985. No ano seguinte, Reale se mudou para Los Angeles levando consigo o baixista do Narita, Don Van Stavern, já com a ideia na cabeça de reativar o Riot. Rhett Forrester (vocais) e Sandy Slavin (bateria) chegaram a reassumir seus postos na banda, mas logo abriram mão de suas vagas novamente. O vocalista do Jag Panzer, Harry “The Tyrant” Conkline, também assumiu os vocais da banda, mas suas performances decepcionantes influenciadas pelo abuso de álcool não o permitiram sequer suar o corpo do microfone com a transpiração de suas mãos. Mark Reale então resolveu cruzar os EUA de volta a Nova York, ainda carregando consigo o seu novo baixista, e por lá enfim ele conseguiu cumprir seu intento de reativar o Riot. Para a bateria foi recrutado Mark Edwards (sim, aquele do Steeler, banda que tinha Ron Keel nos vocais e um tal de Yngwie Malmsteen nas guitarras) e, para cantar, um novato chamado Tony Morabito, ou Tony Moore (melhor assim, né?) foi indicado pelo diretor do Greene Street Studio, Dave Harrington.

Foi com esta formação e neste estúdio que o Riot enfim começou a gravar o sucessor de Born In America em janeiro de 1988, Thundersteel, o sexto álbum de sua discografia e o sexto produzido pelo fiel parceiro de Mark Reale, Steve Loeb. Após ter gravado as linhas de bateria de quatro faixas, Mark Edwards resolveu voltar para Los Angeles assim que ele conseguiu um novo contrato para o Lion, a sua própria banda. Esse Lion é aquele que fez a trilha sonora do filme Transformers, de 1986 (sim, jovens. Transformers era um desenho animado nos anos 80) e cujo guitarrista era um tal de Yngwie… Ops, não, desta vez não! Um tal de Doug Aldritch! Para terminar de gravar as cinco faixas que Edwards deixou sobrando, o pau-pra-toda-obra Bobby Jarzombek foi efetivado, ele que na época ainda era uma estrela em ascensão entre os bateristas após seu trabalho no Juggernaut. Álbum pronto, chegou a hora de lançá-lo no dia 24 de março através da gravadora CBS, que oferecera um contrato de lançamento mundial ao Riot às vésperas de a banda entrar em estúdio.

A primeira mudança a se perceber em Thundersteel é que pela primeira vez aquela quimeraa ridícula, pavorosa, mas tão marcante, não aparece na capa. Sim, me refiro àquele homem com cabeça de foca. Outra coisa diferente que se nota em Thundersteel é que o Riot embarcou de vez em uma sonoridade Power/Speed Metal (algo prenunciado na demo do Narita), com a maioria das faixas sendo conduzidas de forma veloz e sem nenhuma economia de bumbos duplos. A faixa-título (que já havia aparecido na demo do Narita) chega dando uma voadora na caixa das costelas, mostrando sem dó nem piedade este direcionamento logo na abertura do álbum, assim como as faixas Fight Or Fall, Flight Of The Warrior (repare que timbre lindo o da caixa da bateria de Jarzombek) e On Wings Of Eagles (essa com uma excelente linha vocal de Moore). A excelência das composições mais cadenciadas de Mark Reale permaneceram em extrema evidência com a ótima e empolgante Sign Of The Crimson Storm, na “semi-balada” Bloodstreets (com uma magistral performance de Tony Moore) e no épico Buried Alive (Tell Tale Hart), que fecha o álbum com chave de ouro. A tercina de Johnny’s Back já mostra o monstro de baterista que Jarzombek era já naquela época.

Don Van Stavern, Tony Moore, Mark Reale e Bobby Jarzombek

Muito bem produzido e com uma sonoridade mais “atualizada” em relação aos álbuns anteriores, é possível distinguir bem cada detalhe das composições, em especial alguns arranjos de contrabaixo muito bem executados por Van Stavern que poderiam ser soterrados em outras condições (em setembro seria lançado …And Justice For All. Captou?). Tony Moore provou a confiança em si depositada e se mostrou a escolha perfeita para assumir os vocais do Riot naquela época. Tanta inspiração em cada composição acompanhada de um altíssimo nível de performance posiciona Thundersteel como um dos melhores álbuns da discografia do Riot.

Colhendo os louros de um tão bem-sucedido retorno, o Riot se empolgou e resolver arriscar para o álbum seguinte criando um trabalho conceitual e de sonoridade experimental. Mas isso é assunto para amanhã, a cargo da intrépida redatora Daniela Farah, aqui neste Roadie Metal Cronologia!

Thundersteel – Riot
Data de lançamento: 24 de março de 1988
Gravadora: CBS

Tracklist:
01. Thundersteel
02. Fight Or Fall
03. Sign Of The Crimson Storm
04. Flight Of The Warrior
05. On Wings Of Eagles
06. Johnny’s Back
07. Bloodtreets
08. Run For Your Life
10. Buried Alive (Tell Tale Heart)

Line-up:
Tony Moore – vocais
Mark Reale – guitarras
Don Van Stavern – contrabaixo
Mark Edwards – bateria nas faixas 2, 3, 5 e 7
Bobby Jarzombek – bateria nas faixas 1, 4, 6, 8 e 9