Era 16 de outubro de 2009 e aqui estavamos nós esperando temerosos por aquilo que parecia vir como uma catástrofe grotesca da banda alemã RAMMSTEIN, o sexto álbum de estúdio intitulado “Liebe ist für alle da“, lançado pela Universal Music.

Embora o metal industrial nunca tenha passado nem perto das minhas preferências particulares, eu sou obrigada a admitir que até aquele ponto estes músicos tinham trago ao público uma sequência de álbuns sólidos que inevitavelmente conquistaram uma multidão, mas, após quatro anos de espera o lançamento deste novo esforço foi marcado dois meses antes pelo vídeo do primeiro single “Pussy” e foi neste ponto em que a comunidade metal recuou horrorizada e os problemas começaram. As frases “Isso é péssimo” e “Isto não pode ser o Rammstein” ecoaram entre a mídia e é claro que o resultado veio como um mar de fãs esperando pelo pior, então, a única coisa que faltava era esperar e ver o que viria no restante do álbum, o que não parecia nada empolgante naquele momento.

https://youtu.be/Dbf57OuGgW8

Como eu disse acima falar sobre “Liebe ist für alle da” é falar sobre problemas, e neste ponto a banda RAMMSTEIN se deparou com uma barreira de censura que para muitos já seria um sinal de fracasso em vendas, nos podemos dizer que a escolha do lançamento do vídeo de “Pussy” através do site para adultos Visit-X dois dias antes do lançamento oficial automaticamente despertou a atenção negativa da crítica, sem contar o enredo do vídeo que trazia cenas de nudez explícita tanto feminina quanto masculina, bem como os próprios integrantes da banda sendo interpretados por dublês nas cenas de nudez e atos sexuais. Os problemas apenas apareciam e se ao pé da letra “Liebe ist für alle da” significa “O amor é para todos” então as coisas se tornaram mais pluralizadas do que eles imaginavam e em julho daquele ano uma versão promocional da faixa “Liebe ist für alle da” acabou vazando na internet junto com muito do material promocional e tudo parecia uma tragédia musical anunciada. Eu mesma me peguei pensando sobre se este não seria o sepultamento da banda, mas, como todos sabem as vezes o alvoroço causa espanto e ganha atenção e a banda RAMMSTEIN seguiu sem medo por este caminho, mesmo com o álbum sendo incluído no índice do Departamento Federal de Mídia Nociva para Jovens da Alemanha devido a faixa “Ich tu dir weh” e seu conteúdo no encarte mostrando Richard Kruspe espancado uma mulher nua.

Tudo isso significava que o álbum apenas poderia ser vendido para adultos e a sua exibição em lojas onde menores de idade tinham acesso estava definitivamente proibida, o que os levou ao relançamento do álbum na Alemanha em 16 de novembro em uma versão editada sem a faixa, alguns breves trechos de silêncio, a imagem censurada e a ainda a versão instrumental da faixa banida das performances ao vivo.

Capa da versão relançada

Passados um ano após o lançamento a banda obteve a suspensão do efeito de censura pelo tribunal administrativo e o departamento alemão suprimiu o registro das listas de censura em 1 de junho de 2010, mas até aquele ponto o álbum já atingia quase 700 mil cópias vendidas em todo o mundo e o lançamento do vídeo de “Ich tu dir weh” também foi liberado pelo Visit-X, então no final das costas teria sido tudo um mal calculado trabalho ou uma grande estratégia de vendas? Eu aposto que até Marilyn Manson teve inveja de toda essa promoção alucinada (risos).
Nem tudo são problemas e entre todo este turbilhão algo tomou a minha atenção, e é claro que estava no fato deste não ter sido um lançamento tão ruim quanto eu imaginava a princípio, e eu acredito que este também foi o pensamento de muitos fãs. Veja bem, eu não estou falando que este é um álbum impecável mas RAMMSTEIN ainda sabia tornar as coisas divertidas e faixas como “Rammlied” traziam uma música de peso com Lindemann gritando “RAMM-STEIN” ferozmente, aquilo soava como uma volta com vingança, fornecendo um sentimento muito forte para o álbum.

A produção por Jacob Hellner também soa muito satisfatória e nem mesmo o paredão massisso da bateria pode atrapalhar as linhas do baixo sendo executado em graves vigorosos. As guitarras soam enormes e quase grosseiras mas são claramente definidas e têm uma ótima sustentação. Os teclados e outros efeitos “ambientais” aparecem claramente e por fim os vocais são nítidos, claros e maravilhosamente mixados, com até várias harmonias vocais perfeitamente sincronizadas e organizadas para garantir que não haja “off-notes”.
À medida que o álbum avança algumas músicas se destacam como jóias e “Ich tu dir weh” e “B ” se destacam com alguns contrastes de muito peso ​​que apenas gritam para o mosh pit.
Frühling in Paris” e “Roter Sand” acabam soando como baladas e têm algumas melodias e padrões de acordes verdadeiramente bonitos, sendo esta última um tanto assustadora e melancólica.
Os aficionados por música ainda encontrarão um ovo de Páscoa especial em “Frühling in Paris”, sendo que algumas das letras são da música “Non je ne regrette rien” de Edith Piaf.

https://youtu.be/Tc9p1GjZPlk

Após tudo, onze anos após o lançamento, tendo ganhando o disco de ouro e platina em alguns países e a atenção dos fãs, nos podemos concluir que este não foi um esforço infundado, com todos os contra tempos RAMMSTEIN catapultou a própria identidade, o que nos fez entender e estar sempre prontos pelo que poderia vir a seguir, acho que isso influência fortemente o entendimento sobre a banda até hoje, uma banda de extremos e sem medo de ousar, mas que ainda assim é capaz de entregar alguns álbuns curiosos e “Liebe ist für alle da” compensa a audição, mesmo que como eu você não seja um apreciador do gênero.

Rammstein – Liebe ist für alle da
Data de lançamento: 16 de outubro de 2009
Gravadora: Universal Music

Track listing
1 – Rammlied
2 – Ich tu dir weh
3 – Waidmanns Heil
4 – Haifisch
5 – B” (Bückstabü)
6 – Frühling in Paris
7 – Wiener blut
8 – Pussy
9 – Liebe ist für alle da
10 – Mehr
11 – Roter Sand

Membros da banda
Christoph Schneider – Bateria
Richard Z. Kruspe – Guitarra
Paul Landers – Guitarra
Till Lindemann – Vocal
Oliver Riedel – Baixo
Flake Lorenz – Teclados

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