Após alguns lançamentos não muito exitosos no decorrer dos anos 90, que os levaram ao quase esquecimento, o Quiet Riot iniciava o novo milênio nutrindo a reconsolidação no meio das grandes do rock mundial. E, para tanto, a banda de Los Angeles buscou reviver o passado glorioso através do lançamento do décimo álbum, “Guilty Pleasures”, em 2001.
Não obstante a volta da sonoridade clássica, o álbum também marca o retorno do baixista Rudy Sarzo, retomando, assim, a formação clássica da banda que teve início a partir do aclamado “Metal Health” (1983). Porém é o último a contar com o próprio Sarzo e o guitarrista Carlos Cavazo, que foram substituídos, respectivamente, por Neil Citron e Tony Franklin (cabe ressaltar que Sarzo e Cavazo entraram praticamente juntos no Quiet Riot). O cubano-americano ainda retornaria para uma participação especial em duas músicas do álbum “Quiet Riot 10”, de 2014.
Os trabalhos são abertos com “Vicious Circle”, música que detém todas as características de instrumentalidade do QR, somada a agressividade vocal de DuBrow (apresentando até uma calmaria alternada brevemente), o coro no refrão e o belo solo de guitarra. É seguida por “Feel The Pain”, que tem uma pegada que muito me lembrou os mestres do AC/DC, sobretudo se compararmos a “Hells Bells”. “Rock the House” possui um refrão contagiante, e sua breve introdução me remeteu imediatamente ao principal sucesso da banda, o cover de “Cum On Feel The Noize” e também à “We’re Not Gonna Take It”, do Twisted Sister (aliás, Quiet Riot e Twisted Sister são por vezes confundidas devido à semelhança nos instrumentais e nos timbres de voz de DuBrow e Dee Snider. Confesso que este que vos escreve era um dos que confundia, risos).
Mas prossigamos. A quarta música, “Shadow of Love”, retoma o jeito essencialmente “quietriotiano” de ser, agressivo e agitado, contrastando com a calmaria exercida pela ótima balada “I Can’t Make You Love Me”, que vem em sequência. O peso retorna em “Feed the Machine”, que conta, ao meu entender, com o melhor solo dentre as músicas do álbum, executado com perfeição por Cavazo, sendo sucedida pela faixa título que, digamos, possui caráter rítmico mediano, não sendo pesada, tampouco calma.
Na parte derradeira, temos a impactante “Blast from the Past”, que anexa uma pitada de heavy metal. “Let Me Be The One” retoma o teor baladeiro, com mais um grande solo de Cavazo e alta performance vocal de DuBrow. A agilidade reaparece através de “Street Fighter”, a qual possui refrão também de fácil contágio. E cabe à “Fly Too High” encerrar o décimo feito dos californianos, sendo uma balada metade acústica, metade hard, parecendo ser uma “Metal Health 2.0”.
“Guilty Pleasures” divide opiniões. Para os saudosistas, uma excelente inspiração no passado, principalmente na sonoridade de “Metal Health” e “Condition Critical (1984), além na de outras bandas clássicas. Para os inovadores e originalistas, ausência de autenticidade, criatividade e boa produção. Fato é que o Quiet Riot, através do mesmo, deu um importante passo para voltar a figurar entre os destaques e sair do quase ostracismo que tanto a incomodava, com um trabalho deveras melhor que os realizados nos 90. À este, atribuo a nota 8.
Quiet Riot – Guilty Pleasures
Data de Lançamento: 29/05/2001
Gravadora: Bodyguard
Tracklist:
01. Vicious Circle
02. Feel the Pain
03. Rock the House
04. Shadow of Love
05. I Can’t Make You Love Me
06. Feed the Machine
07. Guilty Pleasures
08. Blast from the Past
09. Let Me Be the One
10. Street Fighter
11. Fly Too High
Formação:
Kevin DuBrow – vocais
Carlos Cavazo – guitarra
Rudy Sarzo – baixo
Frankie Banali – bateria