Qualquer coisa que eu venha a falar do Pink Floyd praticamente é chover no molhado. Afinal de contas, estamos falando de um conjunto que praticamente é uma instituição da música mundial, senão, a principal e mais forte influência do Rock Progressivo. Mas ao analisar e estudar a história por trás de “Atom Heart Mother” descobri alguns detalhes interessantes, aos quais, merecem alguns destaques.
Gravado entre março e agosto de 1970, e lançado em 2 de outubro do mesmo ano, o trabalho trás uma das capas mais simbólicas do Rock, sendo a primeira a não trazer o logotipo da banda e nem sequer fotos dos membros. Esse seria um padrão das capas durante os anos 70.
A banda ainda passava por uma crise de criatividade, devido a ausência de Syd Barret. Após várias discussões, veio de Roger Waters a idéia de compartilhar o processo de autoria do álbum com Ron Geesin, músico de jazz, expoente da cena vanguardística londrina. A idéia foi de pronto apoiada por Nick Mason, que o conhecia de outros tempos, pois trabalhava com a produção de trilhas sonoras de filmes e programas de televisão.
Uma vez reunidos no Abbey Road , a banda começou os trabalhos daquele que seria um dos mais importantes álbuns da história do Rock mundial. “Atom Heart Mother”, a música, se apresentou como uma grande peça teatral, subdividida em seis atos. O resultado foi grandioso ao longo de seus mais de 24 minutos. A gravação contou com estrutura digna de uma orquestra sinfônica, estando presentes um cello solo, uma dezena de instrumentos de sopro – com destaque para o solo de trompas francesas – e um coral de 20 pessoas, sob a regência do maestro John Alldis.
Já o resto do álbum temos músicas que trazem a marca registrada do Pink Floyd. De autoria de Roger Waters, temos “If”, onde percebe-se claramente uma homenagem a Syd Barret em sua temática lírica. “Summer 68” certamente está na lista das melhores baladas da história do grupo. “Fat Old Sun” ficou famosa por ser a música de trabalho do álbum e pela interpretação forte do grupo em seus shows ao vivo, em quase nada lembrando a versão calma gravada em estúdio. Com duração de cerca de 13 minutos e subdividida em três atos (“Rise and Shine”, “Sunny Side Up” e “Morning Glory”), “Alan Psichedelic Breakfast” consiste basicamente em experiências musicais estereofônicas que buscam retratar sonoramente um café da manhã rotineiro de Alan Stiles, um dos roadies do grupo.
Não há como negar que “Atom Heart Mother” não seja bem aceito, inclusive nos dias de hoje, devido às inovações de sua época. Mas ao mesmo tempo, não podemos negar sua qualidade musical. Não é um trabalho que se entenda na primeira audição. As inovações sonoras ali aplicadas foram posteriormente trabalhadas e aplicadas pelo próprio grupo durante toda a carreira da banda, seja com ou sem Roger Waters. Não é o melhor trabalho do Pink Floyd, mas também não é o pior.
Formação:
Roger Waters (baixo, violão e voz)
David Gilmour (guitarra, violão e voz)
Richard Wright (teclado, piano, orquestração e voz)
Nick Mason (bateria e percussão)
Faixas:
01. Atom Heart Mother
* Father’s Shout
* Breast Milky
* Mother Fore
* Funky Dung
* Mind Your Throats, Please
* Remergence
02. If
03. Summer’ 68
04. Fat Old Sun
05. Alan’s Psychedelic Breakfast
* Rise And Shine
* Sunny Side Up
* Morning Glory