Antes de começar a análise em si, penso ser válido uma consideração. Fui testemunha ocular (e auricular) do nascimento do Grunge ali na primeira metade dos 90’s. Tive acesso a praticamente boa parte do material ali lançado, mas aquela nova proposta musical nunca me atraiu. Obviamente o Pearl Jam faz parte desse universo. Com o passar dos anos, fui dando chances na esperança de que minha maturidade musical pudesse entender aquele som. Passando dos quase 25 anos, minha opinião continua a mesma. O Pearl Jam é uma banda chata pra cacete! “Mas Alexandre, por qual razão essa consideração inicial?” Para deixar claro ao ouvinte que não me faltou força de vontade para assimilar o Pearl Jam, e mesmo agora depois de algumas décadas, a qual me foi dada a missão de analisar “Gigaton”, o novo trabalho da banda, minhas impressões continuam as mesmas.

O disco chega depois de um hiato de sete anos, como sucessão de “Lightning Bolt”. A produção foi assinada por Josh Evans, e aqui dou um ponto positivo. A capa belíssima produzida pelo fotógrafo Paul Nicklen é outro destaque positivo. O lançamento do álbum foi bem planejado para coincidir com o início da turnê Norte-Americana da banda, o que acabou sendo adiada devido a Pandemia do Covid-19.

Agora musicalmente falando a coisa muda um pouco de tom. Eu diria que “Gigaton”chega em um momento musical onde os contextos dos sons de guitarra parecem ter ficado em segundo plano, devido ao novo comportamento da sociedade, que sejamos francos, não dá mais o devido valor para com a música. No entanto, a abertura do álbum com “Who Ever Said” é bem interessante, soando algo parecido com do proprio Pearl Jam da época do “Yield”. Para minha concepção, é o único ponto alto do trabalho. Quatro singles serviram como carros chefes (“Dance of the Clairvoyants”, “Superblood Wolfmoon”, “Quick Escape” e “Retrograde”) e sinceramente não sei dizer qual dos quatro é o mais chato. Nos seus pouco mais de 57 minutos, a dupla Mike McCready e Stone Gossard até nos entrega solos com alguma boa inspiração, como em “Never Destination” ou “Take The Long Way”.

Mas que fique bem claro uma coisa. Mesmo não gostando do “Gigaton” ou de qualquer outra coisa do Pearl Jam, isso não significa necessariamente que o grupo seja ruim. Se eles já estão a décadas lançando álbuns, fazendo turnês e arrebatando legiões de fãs, certamente eles tem qualidade. Apenas não me agrada. Mas para quem é fã da banda ou de bandas com a mesma proposta musical, sem dúvidas é uma boa pedida.

Formação:
Eddie Veder (vocal)
Mike McCready (guitarras)
Stone Gossard (guitarras)
Jeff Ament (baixo e teclados)
Boom Gaspar (tecados)
Matt Cameron (bateria)

Faixas:
Who Ever Said
Superblood Wolfmoon
Dance of the Clairvoyants
Quick Escape
Alright
Seven O’clock
Never Destination
Take the Long Way
Buckle Up
Comes Then Goes
Retrograde
River Cross

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