Então chegamos ao ano 2000, entrando no terceiro milênio, e com ele a trupe mais emblemática do grunge de Seattle, o Pearl Jam lançava “Binaural”, o sexto álbum. Este foi composto e gravado entre setembro de 1999 e janeiro de 2000, trazendo uma novidade no line up. Com a saída do baterista Jack Irons por questões de saúde, o Pearl Jam trouxe o ex-baterista do Soundgarden Matt Cameron para assumir o posto. Seu lançamento foi realizado em 16 de maio e trouxe o produtor Tchad Blake e é aí que entra a explicação sobre o nome do álbum, pois binaural é uma técnica de gravação, utilizada em diversas faixas do disco. Binaural consiste em se usar dois microfones na gravação, feita para ser perceptível quando ouvida em fones de ouvido, que separam os sons em frequências diferentes para cada ouvido, dando ao ouvinte a sensação de estar próximo ao vocalista, como se fosse ao vivo. Seria como se a pessoa pudesse ouvir o som em 3D, por assim dizer, porque percebe a origem e a direção exata do som.

Apesar de não ter produzido o álbum, Brendan O’Brien chegou a mixar algumas faixas de “Binaural”. A razão pelo qual a banda resolveu mudar o produtor foi que desejavam ousar um pouco mais, sair do lugar comum, mergulhando em outra onda. Em relação ao que se ouve neste álbum pode se dizer que as músicas são mais obscuras com letras mais sombrias.

É importante dizer que ainda sobre este ano de 2000, que durante a perna europeia da tour que promovia o álbum, a banda passou por uma tragédia na Dinamarca, durante sua apresentação no Festival de Roskilde, quando um tumulto generalizado acabou por levar 9 fãs à morte, sendo pisoteados pela multidão. A banda chegou a ser responsabilizada pelo ocorrido, sendo inocentada posteriormente. O caso foi tão sério, que o Pearl Jam chegou a cogitar encerrar suas atividades.

Um detalhe interessante sobre “Binaural” está relacionado com arte da capa. Esta traz uma referência a uma imagem feita pela NASA, a agência espacial americana, da nebulosa MyCn18, que se localiza a 8 mil anos-luz da terra.

O álbum em si não traz grandes destaques dentre as suas 13 faixas, mas é bem razoável, pois não traz nada que o comprometa em relação à discografia da banda. Os trabalhos são abertos com a faixa “Breakerfall”, uma composição de Eddie Vedder. Esta é uma faixa curta, mas bem animada, com uma sonoridade suja. “God’s Dice”, de Jeff Ament vem em seguida, tão curta quanto a faixa de abertura, praticamente na mesma batida que esta. A terceira faixa “Evacuation” muda o ritmo, mas ainda mantendo os ares elevados. Em seguida vem “Light Years derrubando completamente o ritmo acelerado inicial. É uma faixa densa e bem mais lenta. O título provavelmente se refira a arte da capa de uma forma metafórica que distancia pessoas por diversos motivos até que estejam tão distantes que se tornam inalcançáveis e foi lançada como segundo single.

“Nothing as it Seems”, lançada como primeiro single tem como destaque a técnica binaural, sendo bem mais evidente e perceptível. É uma balada bastante emocional, com um belo solo, quase pinkfloydiana. Curiosamente, o Pink Floyd também usou a técnica binaural muito presente no álbum “The Final Cut” (1983). Palmas para Jeff Ament. Uma das melhores do play. “Thin Air” vem em seguida, com uma cadência bem marcante. “Insignificance”, a sétima faixa chega para dar uma acelerada na audição, que na sequência traz “Of the Girl”, uma faixa fora da curva, muito interessante por sinal, com um ritmo meio country. “Grievance” volta a subir os ânimos, com sua levada bem rock’n’roll.

Com “Rival” vamos nos aproximando do fim do play e começa com um efeito binaural de um cão rangendo de um lado para o outro. A canção é bem cadenciada com destaque para a guitarra. “Sleight of Hand” é uma semi-balada, que lembra algumas canções do Pink Floyd na sua instrumentação. “Soon Forget” é uma canção acústica executada por Vedder usando apenas a voz ao acompanhamento de um ukulele, sendo a mais curta do álbum com menos de 2 minutos. Os trabalhos são encerrados com “Parting Ways”, a mais longa do play com mais de 7 minutos de duração. Esta é uma faixa mais lenta e cadenciada. O motivo da duração da faixa é a faixa oculta chamada “Writer’s Block”, que aparece no final, que consiste nos sons de uma máquina de escrever. Eddie Vedder diz sobre isso se referir aos diversos obstáculos que a banda enfrentou durante as composições e gravações, como a dificuldade dele em compor, sofrendo um tipo de bloqueio como escritor.

Na minha opinião “Binaural” é um álbum mediano, que como já mencionado não tem grandes destaques individuais, aquelas canções que se tornam clássicas. Mas, também como já dito, não significa que seja ruim, nada que comprometa a discografia da clássica banda.

Pearl Jam – Binaural
Data de Lançamento: 16 de maio de 2000
Gravadora: Epic

Tracklist:
01. Breakerfall (02:19)
02. God’s Dice (02:26)
03. Evacuation (02:56)
04. Light Years (05:06)
05. Nothing as it Seems (05:22)
06. Thin Air (03:32)
07. Insignificance (04:28)
08. Of the Girl (05:07)
09. Grievance (03:14)
10. Rival (03:38)
11. Sleight of Hand (04:47)
12. Soon Forget (01:46)
13. Parting Ways- Hidden track “Writer’s Block) (07:17)

Formação:
Eddie Vedder – Vocais/ukulele
Stone Gossard – Guitarra base/violão
Mike McCready – Guitarra solo
Jeff Ament – Baixo
Matt Cameron – Bateria

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