É sério que ainda tem gente que se presta a discutir se o Pantera é ou não é uma banda de Thrash Metal? Por favor! Se depois de “Vulgar Display Of Power” sobrou alguma dúvida, essa se dilui aos primeiros segundos de “Strength Beyond Strength”, faixa de abertura de “Far Beyond Driven”, de 1994.
A conquista do mundo por parte do Pantera foi um processo tão gradual quanto rápido. Desde que surgiram como revelação, após passarem por algumas reformulações, e lançarem o “Cowboys From Hell”, o grupo entrou instantaneamente na mira da imprensa especializada. “Vulgar Display Of Power” foi um golpe tão certeiro quanto aquele que a capa retrata e estabeleceu-os no nível de grupo influente, daqueles que criam tendências e ditam novos rumos para a música pesada. O Pantera já tinha se tornado a influência de quem os influenciou, ou você acha que o Fight, de Rob Halford, para mencionar apenas um exemplo, não absorveu alguns maneirismos dos texanos?
Estando com a moral em alta por conta dos resultados de “Vulgar Display Of Power”, o Pantera fez o que qualquer banda de metal com convicção e sabedoria deveria fazer: foram mais extremos, mais pesados e provaram que tinham razão. Um álbum tão violento quanto “Far Beyond Driven” disparar para o primeiro lugar dos rankings de vendas, logo no momento de seu lançamento, deve ter feito muito marketeiro de gravadora quebrar a cabeça tentando compreender o que se passava.
Em um ponto, porém, eles tiveram que retroceder no que queriam. A capa original mostra a mesma imagem de broca, mas perfurando um ânus humano, ao invés de um crânio. Felizmente, aceitaram que seria um pouco de exagero e que, caso o disco tivesse sido lançado com essa capa, teria tido dificuldades para ser distribuído para as grandes lojas.
Produzido pelo mesmo Terry Date, que trabalhou nos dois álbuns anteriores, e que também já colaborou com Metal Church, Soundgarden e Prong, o disco traz a banda reforçando tudo que os tornou diferenciados entre seus pares. A guitarra de Dimebag Darrell em primeiro plano, alta, com seu timbre característico e os vocais de Phil Anselmo explorando os limites de sua garganta. Rex Brow e Vinnie Paul garantindo a base contundente que o seu metal grooveado necessita.
O quarteto de faixas que abre o disco é absolutamente impecável. Apresentar uma sequência de músicas como “Strength Beyond Strength”, “Becoming”, “5 Minutes Alone” e “I´m Broken” não era tarefa fácil de ser superada naqueles anos 90, mas eu poderia viver muito bem sem precisar escutar “Good Friends And A Bottle Of Pills” novamente. É uma faixa válida por ser uma tentativa da banda em fazer algo mais experimental, mas que realmente não funciona, sendo cansativa e nos incentivando a apertar logo o botão de avançar. A partir dela, o disco mantém um padrão com músicas mais lineares, que são boas mas sem grandes destaques, notabilizando-se apenas “Shedding Skin” como estando no mesmo nível mais elevado das primeiras.
A nota de curiosidade vai para o cover de “Planet Caravan”, do Black Sabbath. O Pantera foi uma banda que esteve sempre nos limites, mas aqui entregaram uma interpretação contida, respeitosa com o material original. “Far Beyond Driven” por muito pouco não supera os resultados criativos dos dois discos que lhe precederam, mas manteve a banda em evidência pelos motivos certos, assumindo riscos, desafiando o mercado e comprovando que tornar-se mais popular não significa ter que pisar no freio. Foi na turnê desse disco que eles visitaram, pela primeira vez, a América do Sul e, como não poderia deixar de ser, encontraram uma legião de fãs ávidos a demonstrar que, se eles dominaram a década de 90, isso não aconteceu por acaso.
Formação
Phil Anselmo – vocal
Dimebag Darrell – guitarra
Rex Brown – baixo
Vinnie Paul – bateria
Músicas
01.Strength Beyond Strength
02.Becoming
03.5 Minutes Alone
04.I’m Broken
05.Good Friends and a Bottle of Pills
06.Hard Lines, Sunken Cheeks
07.Slaughtered
08.25 Years
09.Shedding Skin
10.Use My Third Arm
11.Throes of Rejection
12.Planet Caravan