A enigmática sonoridade dos suecos da Pain of Salvation sempre chamou a atenção deste que vos escreve. A diversidade de elementos e vertentes musicais incluídos ao ritmo progressivo e a abordagem dos mais variados temas em suas canções fazem a banda ser, com toda propriedade, única.
Sempre trazendo álbuns conceituais, cada qual com sua peculiaridade, o grupo capitaneado por Daniel Gildenlöw abria a década de 2010 com “Road Salt One”, seu sétimo álbum de estúdio. É possível dizer que este destoa dos demais no que tange a valorização que a banda dá à musica em detrimento do enredo, o que não era perceptível antes. Outro ponto a destacar é a pegada old school que norteia boa parte do álbum.
As duas primeiras faixas exemplificam isso. “No Way” e “She Likes to Hide” trazem um rock and roll de alta octanagem, com a segunda tendo também elementos do blues. A potente voz de Gildenlöw, claro, é um dos grandes destaques. Em “Sisters”, temos a inserção do piano e um coro se junta ao frontman, que alterna entre calmaria e intensidade, com a bateria num ritmo a lembrar marchas.
Ainda sobre a parceria Gildenlöw/coro, ela é ainda mais gritante em “Of Dust”, uma faixa norteada por som de órgão que poderia facilmente ser entoada em igrejas. “Tell Me You Don’t Know” é blues puro, melodia para se curtir, seja cantando ou dançando, do início ao fim. “Sleeping Under the Stars” nos remete à magia e ao ambiente fantástico, uma música que é completa referência ao ambiente circense.
O rock and roll volta com toda sua força em “Darkness of Mine” e, principalmente, em “Linoleum”, uma das faixas a ganhar um videoclipe. Esta também traz uma certa psicodelia, o que a faz ser ainda mais interessante de acompanhar. “Curiosity” começa mansamente, mas se transforma numa agitada música logo depois.
A parte final do álbum apresenta outros três grandes feitos. “Where it Hurts”, mais uma música que ganhou videoclipe, com elementos do progressivo voltando à tona. “Road Salt” é uma transição que mostra excelente duo entre a voz de Gildenlöw e o mellotron, elemento consagrado pelo gigante King Crimson. “Innocence” encerra os trabalhos com maestria, uma grande aula de prog em seus mais de sete minutos de execução.
Ora aclamada, ora criticada, a história de “Road Salt” foi bem introduzida pela Pain of Salvation. Sendo um ode à música de uma forma geral, mostrou que elementos distintos podem ser perfeitamente acoplados ao rock, bem como que a pegada antiga do elemento estava mais viva do que nunca e poderia ser encaixada nos tempos atuais. Porém, um álbum apenas não seria o bastante para mostrar esse serviço, fato é que no ano seguinte viria “Road Salt Two”, mas sobre ele deixemos para o cronologia que virá a seguir.
Pain of Salvation – Road Salt One
Data de lançamento: 17 de maio de 2010
Gravadora: InsideOut
Tracklist:
1. No Way
2. She Likes to Hide
3. Sisters
4. Of Dust
5. Tell Me You Don’t Know
6. Sleeping Under the Stars
7. Darkness of Mine
8. Linoleum
9. Curiosity
10. Where it Hurts
11. Road Salt
12. Innocence
Formação:
Daniel Gildenlöw – vocais, baixo, órgão, piano
Johan Hallgren – guitarra
Fredrik Hermansson – piano, órgão, mellotron
Léo Margarit – bateria
