A carreira solo de Ozzy Osbourne é um sucesso, mas foi conturbada desde o início, porém o seu primeiro álbum provou que ele podia se virar fora do Black Sabbath. Cinco meses após a estreia, o cantor e sua banda entraram novamente no estúdio para gravar o próximo lançamento mesmo com a “Blizzard Of Ozz Tour” ainda inacabada. As circunstâncias o fizeram ser finalizado em menos de trinta dias, pois precisavam retornar para a estrada que, por falta de melhor gerenciamento, já haviam perdido algumas datas e o rendimento financeiro estava comprometendo até mesmo a estabilidade dos músicos. Algumas gravações de ensaio como no solo de “Little Dolls”, acabaram encaixadas na finalização do álbum que foi mixado sem a presença da banda. Com “Diary Of Madman” lançado a 7 de novembro de 1981, as coisas começaram a “voltar” a seus lugares.

Além de ficar nos EUA com a 16ª posição na Billboard 200 e na Inglaterra com a 14ª no UK Albums Chart, o álbum também foi bem recebido na Nova Zelândia, onde conquistou o 42º posto no New Zealand Albums Chart. Este foi o primeiro álbum solo de Ozzy a conseguir atenção fora do eixo Europa/América do Norte. Foram três discos platinados nos EUA e um no Canadá.

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O álbum é bem polêmico. Além de Randy Rhoads (guitarra, Quiet Riot) a formação saiu creditada a Rudy Sarzo (Quiet Riot, Whitesnake, Dio e outros) no baixo e Tommy Aldridge (Black Oak Arkansas, Whitesnake, Gary Moore, Thin Lizzy, Motörhead e outros) na bateria, quando na verdade foram Bob Daisley (Rainbow, Uriah Heep, Black Sabbath e outros) quem gravou o baixo e Lee Kerslake (Uriah Heep e outros) quem gravou a bateria. Mas a discursão não parou por aí, de acordo com Daisley, Don Airey (teclado, Deep Purple, Rainbow, Whitesnake e outros) que é creditado no disco, foi substituído nas gravações por Johnny Cook. A falta desses créditos gerou um processo a Ozzy Osbourne em 1986, e quem levou a melhor foram Bob e Lee. O “show” de controversa continuou em 2002 quando “Diary Of A Madman” foi relançado com alguns trechos de baixo e bateria refeitos por Robert Trujillo (baixo, Metallica, Infectious Grooves, Suicidal Tendencies e outros) e Mike Bordin (bateria, Faith No More, Korn e outros). Essa atitude gerou muitos comentários negativos, pois os fãs só foram informados disso, quando a gravadora resolveu colocar uma legenda nos CDs muito depois da confusão ter tomado proporções largas. “Por causa do comportamento abusivo e injusto de Daisley e Kerslake, Ozzy quis removê-los das gravações. Mudamos algo negativo para algo positivo, colocando um som limpo e novo no álbum original”, justificou Sharon Osbourne, esposa e empresária do cantor.

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O álbum, diferente dos demais que os sucederam, ainda conta com um charme de Rock Clássico não aderindo a nenhum modismo midiático que surgia naquela época. Muito mais melódico que o “debut”, músicas como “You Can’t Kill Rock And Roll”, “Tonigth” e a faixa título, expressavam mais o sentimento e afinidade de Randy Rhoads com sua guitarra, e maior maturidade musical de Ozzy, mas músicas como “Over The Mountain”, “Flying High Again” e “S.A.T.O.” traziam o mesmo “tempero” de outras como “I Don’t Know”, “Suicide Solution” e “No Bone Movies” do trabalho primogênito.

Uma turnê europeia foi iniciada, mas após o terceiro show, Ozzy desenvolveu um forte problema psicológico que fez todos retornarem aos EUA para sua recuperação. Durante um pequeno hiato, o vocalista viu que sua popularidade aumentava dia a dia ainda com as vendas de “Blizzard Of Ozz” e resolveu trabalhar novamente com um suporte profissional de ponta para novas excursões. Foi depois do recomeço da segunda turnê que aconteceu uma das histórias mais incríveis sobre ele, quando no dia 20 de janeiro de 1982 em Des Moines, Iowa (EUA), o cantor mordia a cabeça de um morcego arremessado ao palco por um fã. “Imediatamente, porém, algo parecia errado. Muito errado. Para começar, minha boca estava cheia de um líquido quente, com o pior sabor que você jamais poderia imaginar. Eu podia sentir isso manchando os dentes e escorrendo pelo meu queixo. Em seguida, a cabeça na minha boca se contraiu. Oh… pensei: ‘Eu não posso ter comido um maldito morcego, não é?'”, conta ele em seu livro de memórias, “Eu Sou Ozzy”. Levado urgentemente para o hospital, passou por um tratamento antirrábico de várias vacinas que lhe causou choques anafiláticos entre outros problemas. Nesse período surgiram muitos boatos, inclusive o de sua morte. “Sei que pessoas podem morrer de raiva quando mordidas por morcegos”, ironiza e continua, “mas nunca soube que alguém tenha morrido por morder um morcego”. A partir daí o “madman” passou a ter problemas com grupos de proteção a animais.

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Dois meses depois aconteceu um dos fatos mais lastimáveis em sua carreira. Em 19 de março de 1982 em Leesburg, Flórida, o guitarrista Randy Rhoads e a maquiadora Rachel Youngblood foram convidados pelo piloto Andrew Aycock – que também era motorista do “tourbus” – a darem uma volta de avião. Em uma manobra arriscada, a aeronave tocou uma das asas no ônibus chocando-se ao solo e explodindo em seguida. Todos que estavam no avião morreram. Ozzy e as outras pessoas da equipe não sofreram lesões graves, mas o vocalista passou por momentos de depressão pela morte de seu guitarrista e amigo. Depois disso, com tudo aparentemente superado, iniciou-se uma segunda fase em sua carreira.

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Formação:
Ozzy Osbourne (vocal);
Randy Rhoads (guitarra);
Bob Daisley (baixo, gongo, guitarra, backing vocal);
Lee Kerslake (percussão, bateria, sinos, tímpano);
Johnny Cook (teclado).

Faixas:
01 – Over The Mountain
02 – Flying High Again
03 – You Can’t Kill Rock and Roll
04 – Believer
05 – Little Dolls
06 – Tonight
07 – S.A.T.O.
08 – Diary of A Madman