Após uma saída conturbada do Black Sabbath no final dos anos 1970, causada pela bebedeira de Ozzy Osbourne, que acabou demitido por Tony Iommi, o Madman se viu desolado e sem perspectiva por estar pela primeira vez desempregado mais de uma década depois de ter estourado com sua antiga banda. Deprimido, Ozzy vivia largado até que a chegada de Sharon Arden mudou a situação.
Sharon encontrou um Ozzy com excesso de peso, com saudade da esposa e dos filhos, além de consumir bastante cocaína. Não havia vida para o Madman. A filha de um dos empresários mais famosos do Rock, Don Arden, havia encontrado o ex-vocalista do Black Sabbath dormindo em uma poça de urina em um quarto de hotel. Tempos depois, Sharon, que viria a se casar com Ozzy mais adiante, se tornaria sua empresária com a condição de que ele perdesse peso e gravasse um álbum solo. O resultado seria “Blizzard of Ozz”.
Mas para gravar um disco era necessária uma banda. E para isso, Sharon organizou audições para encontrar músicos para preencher as vagas. Durante as seleções, a agora empresária do Madman encontrou um promissor Randy Rhoads, que aos 22 anos já era considerado um grande guitarrista. Para fechar a banda da carreira solo de Ozzy foram recrutados Bob Daisley (baixo), Lee Kerslake (bateria) e Don Airey (teclados).
De certa forma havia uma competição entre Ozzy Osbourne e o Black Sabbath. Enquanto “Heaven and Hell” (1980) era sucesso de público e crítica, o Madman teria que começar praticamente do zero a reescrever sua carreira a partir de “Blizzard of Ozz”, que foi lançado no mesmo ano do álbum que marcou a estreia de Ronnie James Dio como vocalista do Black Sabbath.
A banda escolhida por Sharon Arden deu liga com um agora motivado Ozzy Osbourne, o que foi suficiente para emplacar “Blizzard of Ozz” no sétimo lugar nas paradas do Reino Unido e 21º nos Estados Unidos. Ozzy estava começando a se reerguer.
“I Don’t Know” abre o álbum com guitarra e baixo trazendo peso. A faixa, além de mostrar todo o talento do falecido guitarrista Randy Rhoads, possui um refrão é grudento e cativante. Do meio para o fim a faixa fica mais lenta, mas logo retorna ao ritmo de antes e com direito a um grande solo de Randy Rhoads. “I Don’t Know” é um bom convite de boas-vindas para o ouvinte.
A próxima é uma das mais famosas da carreira solo de Ozzy Osbourne. “Crazy Train” começa com uma risada do Madman e logo entram o baixo de Bob Daisley e a bateria de Lee Kerslake, mas quem rouba a cena novamente é o guitarrista Randy Rhoads. Com apenas duas faixas deste álbum já é possível perceber o quanto o cara era talentoso, principalmente por causa dos solos.
“Goodbye To Romance” quebra bruscamente o ritmo das anteriores. Sem a presença da guitarra no início, os demais membros acabam se destacando, principalmente o baixista Bob Daisley, além do próprio Ozzy, que apesar de não ser um primor como cantor, se encaixa bem no estilo da música. Mais adiante Randy Rhoads retorna para outro grande solo. Perto do final o tecladista convidado Don Airey complementa a música, que continua mais lenta se comparada às duas primeiras.
A calmaria de “Goodbye To Romance” segue na instrumental “Dee”. A faixa é bem curta, com menos de um minuto de duração e segue apenas com o som de um violão. Após duas músicas mais leves, o peso retorna em “Suicide: Solution”, que começa mais cadenciada e novamente o destaque vai para Randy Rhoads, porém é possível notar uma ênfase maior em Lee Kerslake e sua bateria. Rhoads volta a estar em evidência na parte final da música com mais um de seus solos. A música rendeu problemas para Ozzy por supostamente incentivar o suicídio. Porém, o próprio Madman explicou na época em uma entrevista que a letra tem relação com o falecido vocalista do AC/DC, Bon Scott.
Ao som de teclados começa outra das músicas mais famosas do Madman. “Mr. Crowley” logo mantém o ritmo cadenciado de “Suicide: Solution”, mas sendo mais cativante que a anterior. O solo de Randy Rhoads é o melhor do álbum, e o baixo de Bob Daisley colabora muito para isso, dando uma base que o deixa mais interessante. Ozzy canta no seu estilo bem particular que o consagrou no Black Sabbath. Outro grande solo de Rhoads nos espera no final, além da bateria aparecer mais. Sem dúvida “Mr. Crowley” merece o status de clássico, além de ser a minha favorita do disco.
Logo de cara, “No Bone Movies” destaca a bateria de Lee Kerslake, principalmente com suas viradas. Obviamente que Randy Rhoads também aparece com algum destaque. A faixa é bem a cara do Heavy Metal oitentista. Lee Kerslake volta a ser a figura central nos momentos finais com várias viradas na bateria.
“Revelation (Mother Earth)” é mais uma que quebra o ritmo do álbum. Ozzy se sobressai em relação aos outros membros da banda com uma boa interpretação. Apesar disso, a faixa chega a ser bem descartável de uma forma geral, mas dá uma melhorada considerável perto do fim. A impressão que dá é que em alguns momentos no álbum a banda fica guardando o melhor para os últimos minutos em algumas músicas.
Finalizando o disco temos “Steal Away (The Night)”, que retoma para o ritmo normal, mas com um refrão bem razoável. Randy Rhoads definitivamente é o destaque, não só por aqui, mas no álbum praticamente inteiro. “Blizzard of Ozz”, sem dúvida, é um grande recomeço para Ozzy Osbourne em sua carreira e nos presenteia com (à época) um jovem talento da guitarra chamado Randy Rhoads que, embora tenha morrido precocemente aos 25 anos, fez sua breve história na música pesada.
Formação:
Ozzy Osbourne (vocal);
Randy Rhoads (R.I.P. 1982) (guitarra);
Bob Daisley (baixo, gongo);
Lee Kerslake (bateria, percussão).
Convidado:
Don Airey (teclados).
Faixas:
01 – I Don’t Know
02 – Crazy Train
03 – Goodbye To Romance
04 – Dee
05 – Suicide: Solution
06 – Mr. Crowley
07 – No Bone Movies
08 – Revelation (Mother Earth)
09 – Steal Away (The Night)