Roadie Metal Cronologia: Ozzy Osbourne – Bark At The Moon (1983)

Um ano após a trágica morte do grande guitarrista Randy Rhoads, Ozzy Osbourne recruta para a sua banda Jake E. Lee. Então, em 15 de novembro de 1983 é lançado “Bark At The Moon”, terceiro álbum da banda de Ozzy, alcançando a posição 19 da Billboard.

“Bark At The Moon”: O álbum abre com a faixa-título. Um riff poderoso que nos faz lembrar de alguns sons do “Holy Diver” do Dio. Aliás, Jake E. Lee chegou a ensaiar com Ronnie mas não se encaixou na proposta musical e portanto viaja até Los Angeles para fazer uma audição na banda de Ozzy. Apadrinhado por Dana Strumm, um dos fundadores da banda de Hard Rock Slaughter, Lee consegue a vaga e escreve a maioria das músicas desse álbum. O solo dessa música destrói tudo apesar de que ele teve a dura missão de substituir seu antecessor que simplesmente passou para eternidade com apenas duas obras, porém atemporais. Mesmo assim Lee não faz feio e se não mantém o nível divinal de Randy Rhoads, pelo menos não decepciona. O legendário baterista Carmine Appice toca essa música no clipe.

“You’re No Different”: Uma belíssima balada com um refrão que gruda imediatamente na cabeça. Na verdade, o ponto alto é a melodia que Ozzy coloca nessa faixa. Mesmo assim gostaria que a segunda desse disco fosse a Rock ‘n’ Roll Rebel, pra começar o álbum com dois petardos logo de cara.

“Now You See It (Now You Don’t)”: O início dessa faixa me fez lembrar por um segundo King Diamond da fase The Graveyard, e empolga no começo, mas esse refrão parece possuir uma falta de maior autenticidade. É quase infantil e com teclados abaixo da média.

“Rock ‘n’ Roll Rebel”: O outro hit do álbum e, pessoalmente falando, o melhor. Linhas de baixo sólidas pavimentam o caminho para a guitarra e a bateria seguirem e o resultado é uma obra-prima do Metal. Fique ligado à agradável pausa antes do solo, e as letras realmente inteligentes, algumas das melhores músicas que Ozzy já escreveu. E é uma típica faixa que mostra todo o estilo de Lee pois o riff principal, de certa forma é uma assinatura desse grande guitarrista.

“Centre of Eternity”: Iniciada com um coral, e seguida de uma maravilhosa introdução de teclado a cargo do excepcional Don Airey, hoje no Deep Purple. Uma canção rápida porém marcada por riffs cortantes e pesados e um solo realmente inspirado de Lee, e embora os teclados possam afastar alguns, a verdade é que eles oferecem um toque épico para o álbum. Mas é um disco de extremos: se “Rock’n’ Roll Rebel” prezou pela criatividade nas letras, já não podemos dizer desta faixa. Na turnê do “Bark At The Moon”, Ozzy apresenta essa música como “Forever”

“So Tired”: Mais uma outra balada porém com arranjos clássicos de violinos e piano. Tem um “Q” de Pop mas funciona mesmo na hora do solo de guitarra porém os vocais irritam um pouco e o refrão lembra muito The Police. Adoro o The Police, mas cada um no seu quadrado.

“Waiting For Darkness”: Uma excelente performance dos vocais de Ozzy porém esse tecladinho no refrão tira qualquer um do sério. Aliás, o disco é soterrado pela enorme quantidade de teclados em todas as músicas, e que na maioria das vezes faz soar datado.

“Spiders”: Faixa que aparece na edição européia do álbum. Bom riff de guitarra e que se junta o baixo e um pouco mais tarde Ozzy começa a cantar. Ótima maneira de terminar um disco. O solo agradável de guitarra é o melhor momento dessa faixa, porém não sinto vontade de apertar o botão de repetição.

85000691

Apesar dos esforços de Ozzy, Jack E. Lee, Bob Daisley e Tommy Aldridge, Bark At The Moon se confunde em clichês musicais irritantes especialmente no Blues monótono de “Spiders”, “Slow Down” e a letra fraquíssima de “Centre of Eternity”. Há pérolas magníficas mas o disco oscila e fortalece a mudança de humor rapidamente.

Uma pequena história:
Em 1995 eu não iria ao Monsters of Rock por falta de tempo – leia-se dinheiro – e portanto já estava me conformando com a ideia de ficar em casa, ouvir meus discos e só. Porém, ouço um carro passando na rua com a faixa “Bark At The Moon” no talo. Aquilo me fez dar uma estremecida de leve por dentro, mas é justamente nesse momento que aquela voz na sua cabeça começa a trabalhar para mudar sua opinião.

Para dar uma espairecida, ligo o rádio, e dou de cara com o riff de… “Bark At The Moon”! Não! Isso não pode estar acontecendo! Mas aconteceu!

Encarei aquilo como um sinal e então comecei a catar tudo que era moeda e economias para ir ao evento no Pacaembu. Mesmo sabendo que tinha que ter o dinheiro do transporte e que as chances de dormir na rua esperando o busão eram de 100%, lá estava eu, seguindo para o Monster of Rock munido de metade do dinheiro do ingresso mais um vale-refeição. Sim… um vale-refeição, que serviria de barganha para algum cambista ou até para pessoas que estivessem querendo vender seu ingresso.

Chegando ao local, a firme convicção se transformava em desespero. Ninguém queria vender o ingresso do festival com aqueles poucos trocados e um vale-refeição. E o tempo ia passando, e a agonia aumentava mais ainda quando alguém cismava e colocava “Bark At The Moon” bem alto. Caraca! Fiquei mais de meia-hora tentando convencer um mano a me vender um ingresso, e percebendo que o tempo ia passando comecei a achar a ideia de voltar pra casa sem assistir o show uma boa…

…Mas antes de ir, fiz uma última tentativa: joguei um caô no cambista e mostrei a ele tudo o que tinha de valor. E o mano vendo minha cara de cachorro que caiu da mudança resolve me ajudar e me vende o ingresso! Na hora corro em direção às catracas e novo pesadelo invade minha mente: “e se esse ingresso não passar? Não vou ver show nenhum, e o pior… como iria embora pra casa?!”

Fui assim mesmo, no maior cagaço… e quando depositei o ingresso na urna e vi que minha entrada estava liberada, a sensação foi indescritível! Pacaembu lotado! E eu estava lá… no final da apresentação do Virna Lisi… quem?! Mas estava lá!! No momento do show do Paradise Lost fiquei observando o público pra ver se encontrava algum rosto amigo antes que a noite chegasse de vez no estádio.

Poxa, uma carona no final do evento fecharia com chave de ouro essa aventura. E pra surpresa minha vejo meus amigos da rua sentados nas arquibancadas curtindo o show. Nem preciso dizer como fiquei naquele momento. E, no show do Ozzy, lá pelo finalzinho ele canta “Bark At The Moon”… sem palavras!

86103406

Formação:
Ozzy Osbourne (vocal);
Jake E. Lee (guitarra);
Bob Daisley (baixo);
Tommy Aldridge (bateria);
Carmine Appice (bateria no clip de “Bark At The Moon”);
Don Airey (teclado).

Faixas:
01 – Bark At The Moon
02 – You’re No Different
03 – Now You See It (Now You Don’t)
04 – Rock ‘n’ Roll Rebel
05 – Centre of Eternity
06 – So Tired
07 – Slow Down
08 – Waiting For Darkness

Encontre sua banda favorita