O álbum Horrorscope, o quinto full-length da discografia do Overkill, marcou a estreia da dupla de guitarristas Merritt Gant e Rob Cannavino, que se juntaram aos líderes Bobby “Blitz” Ellsworth (vocais) e D.D. Verni (baixo), e também ao baterista Sid Falck. Este álbum mantém o alto nível do disco anterior, The Years Of Decay (1989), lançado dois anos antes.

Temos aqui um álbum que soa pesado, agressivo, forte e coeso! Tudo que se espera de um trabalho do Overkill, aqui elevado ao máximo que a banda conseguiria em termos de criatividade e de feeling. Coma, a faixa que abre os trabalhos, mostra várias mudanças de andamento. Um riff veloz e uma performance monstruosa do baterista Sid Falck marcam Infectious. Blood Money, soa bem curioso, em particular para este escriba, pois seu riff inicial e sua levada são idênticas aos da música Palatchi, da banda russa de Thrash Metal Master. Vale a pena dar uma conferida.

A produção do disco deixa bastante favorecida, e com louvor, o trabalho de guitarras da dupla Gant/Cannavino. Lembrando que a dupla fechou pela primeira vez uma formação do Overkill em quinteto, já que ambos ocuparam o lugar deixado vago pelo ex-guitarrista Bobby Gustafson, que ficou na banda durante oito anos. Segundo o vocalista Bobby “Blitz”, em entrevista ao site Invisible Oranges, a saída de Gustafson não foi lá muito amigável.

“Existem diferentes histórias sobre o que aconteceu. Eu escolhi ficar com D.D. Nós começamos a banda e eu confio em sua ética e em seu talento como compositor. Nós sabíamos que se substituíssemos Bobby por um guitarrista, nós seríamos comparados ao que nós éramos. Então pensamos que seria lógico trazer dois guitarristas.”

O trabalho do baterista Sid Falck também foi enaltecido por Bobby Blitz:

“Ele realmente chegou em um nível mais alto com ‘Horroscope’. Você pode citar Lars (Ulrich) ou (Dave) Lombardo, mas Sid não estava com medo de testar outras coisas, de pensar fora da caixa do Thrash.”

De fato, nossos ouvidos testemunham um grande trabalho de Falck, como, por exemplo, em Thanx For Nothin’ e na rapidíssima Bare Bones. Ao longo de todas as faixas do álbum, Sid mostra uma pegada, rapidez e técnica invejáveis.

Começa então o “momento cadência” de Horrorscope. Chega a cadenciada faixa-título, música que antecede a proposta musical que o Overkill priorizaria durante os anos 90. Ritmo obedecido também na faixa seguinte, a pesadíssima New Machine. Temos então um cover para a instrumental Frankenstein, clássico do Blues de Edgar Winter. O Overkill volta a fazer o que faz de melhor, música rápida, em Live Young, Die Free, que mostra a precisão das mãos rítmicas da dupla de guitarristas.

“Cannavino e Gant eram guitarristas de estilos muito diferentes, mas juntos eles criavam aquela grande entidade. Cannavino era de fato um guitarrista-base, e quando ele fazia um solo, era aquela sujeira, numa vibe Rock n’ Roll. Merritt Gant era um cara do Prog, e quando ele fazia solos, ele sempre tentava ir além do que ele já havia conseguido fazer”, assim Bobby Blitz define a dupla de guitarristas de Horrorscope, e que gravou também I Hear Black (1993).

Após a pesadíssima Nice Day… For A Funeral, o disco se encerra com a emocionante e triste balada Soulitude, uma das mais belas composições da história da banda de Nova York. Com este álbum, podemos dizer que o Overkill encerrou a primeira fase de sua discografia, já que a partir do seguinte, I Hear Black, a banda começou a decepcionar boa parte de seus fãs com o Groove excessivo que o grupo adotaria, seguindo a tônica musical dos anos 90.

Produzido pelo casal Jon e Marsha Zazula (Metallica, Testament, Anthrax, etc.), Horrorscope é um álbum de produção mais polida que seus anteriores, mas sem excesso, de modo que temos aqui uma qualidade sonora superior à dos seus antecessores. Guitarras pesadas, baixo poderoso e bateria nítida, além dos conhecidos vocais rasgados de Bobby Blitz, tudo muito bem trabalhado em estúdio. O nível de criatividade das composições é altíssimo, o que faz a empolgação do ouvinte sempre se manter no alto e faz o tempo de 52 minutos do álbum passar voando. Alcançou a posição de número 29 na Billboard Heatseekers. Ganharam clipes a faixa-título e Thanx For Nothin’.

Após este álbum, o excelente baterista Sid Falck deixou o Overkill, sendo substituído pelo não menos fenomenal Tim Mallare, que foi o responsável de guiar o Groove que a banda adotaria nos próximos álbuns.

Horroscope – Overkill (Atlantic Records, 1991)

Tracklist:
01. Coma
02. Infectious
03. Blood Money
04. Thanx For Nothin’
05. Bare Bones
06. Horroscope
07. New Machine
08. Frankenstein (Edgar Winter Cover)
09. Live Young, Die Free
10. Nice Day… For A Funeral
11. Soulitude

Line-up:
Bobby “Blitz” Ellsworth – vocais
D.D. Verni – baixo
Merritt Gant – guitarras
Rob Cannavino – guitarras
Sid Falck – bateria