Está aí uma banda que nunca me convenceu. Sempre achei que a agressividade imposta nas músicas era um tanto genérica, assim como os vocais guturais de Mikael Åkerfeldt um tanto forçados. Sempre pensei que o Opeth deveria se concentrar no que eles faziam de melhor: apostar nos climas e nos temas introspectivos e, principalmente, nos vocais limpos, já que o vocalista, já citado aqui, tem uma voz marcante e singular. Parei de ouvir a banda no álbum anterior a este “Heritage” (a saber, “Watershed”, de 2008) e agora, diante do compromisso assumido de resenhar “Heritage”, descobri que a banda se tornou exatamente o Opeth que eu gostaria que eles fossem.

“Heritage” é um disco fácil, calcado em cima de climas e passagens acústicas, além da desarticulação de conceitos que com certeza desagradaram alguns fãs antigos da banda. Mas que serviram de trampolim para a angariação de novos.

O disco abre com um tema ao piano que dá nome ao disco e segue com “The Devil’s Orchard”, tema de mais de seis minutos onde a banda mostra muito de sua capacidade técnica, explorando muito o Rock Progessivo, aliás ao longo de todo o disco a presença de influências de bandas como King Crimson é tão evidente que me tirou diversos sorrisos ao longo de sua audição.

“I Feel the Dark”, faixa seguinte, talvez seja a mais diversa deste disco. A banda explorou diversas nuances em sua concepção, mas mesmo assim a música pede um replay logo que se encerra. “Slither” é a mais rapidinha, apesar de homogênea ao conceito do álbum. Ela quebra alguns paradigmas e serve, de forma soberba, diga-se, de estímulo para a continuação do álbum, que segue com um tema muito mais introspectivo, “Nepenthe”, e o álbum segue esta linha até o seu final, onde encontrei o grande destaque do álbum. A faixa “Face in the Snow”, apesar de ser creditada como bônus na cópia que usei para esta resenha, tenho certeza que ela deveria configurar no tracklist normal do disco, já que aqui se encontram todos os elementos que fazem de “Heritage” um disco singular e que finalmente, fez o Opeth se tornar a banda que eu sempre esperei que eles fossem. Agora, me resta ouvir os lançamentos posteriores a este.

Primoroso!

Formação:
Mikael Åkerfeldt – vocal, guitarra, violão, Mellotron, piano
Fredrik Åkesson – guitarra
Per Wiberg – Hammond B3, Mellotron, piano
Martin Mendez – baixo
Martin Axenrot – bateria, percussão

Faixas:
01. Heritage (instrumental)
02. The Devil’s Orchard
03. I Feel the Dark
04. Slither
05. Nepenthe
06. Häxprocess
07. Famine
08. The Lines in My Hand
09. Folklore
10. Marrow of the Earth (instrumental)
11. Pyre (bônus)
12. Face in the Snow (bônus)