E assim chegamos ao capítulo final de nossa extensa análise da discografia do Nazareth, no quadro Roadie Metal Cronologia, pelo menos por hora, uma vez que a cinquentenária banda inglesa ainda está em atividade. Coube a mim discorrer sobre o 24º e último lançamento da banda, Tattooed on my Brain, lançado em 12 de outubro de 2018, pela gravadora italiana Frontiers Records.
O grande diferencial deste trabalho é, sem dúvidas a estreia do vocalista inglês Carl Sentance, que recebeu a missão de substituir a ninguém menos que Dan McCafferty, que deixou a banda em 2013, para cuidar da saúde, pouco antes do lançamento do álbum Rock’n’Roll Telephone. Vale lembrar que coube a Linton Osborne substituir de imediato a Dan, ficando na banda durante o ano de 2014, até que Carl fosse efetivado no posto, em fevereiro de 2015. Carl Sentance já estava construindo uma carreira, tendo passagens por Persian Risk, Geezer Butler Band, Krokus, entre outras e lançado material solo também.
Tattooed on my Brain foi produzido novamente por Yann Rouiller, assim como os últimos da banda com Dan nos vocais e contém 13 faixas de puro rock’n’roll, com a marca registrada do Nazareth. Carl Sentance fez um excelente trabalho vocal, não deixando em nada a desejar, para alívio dos fãs.
O álbum se inicia com “Never Dance with the Devil”, uma canção cadenciadamente pesada, feita pra deixar o ouvinte já entrando no clima do que esperar. Um ótimo cartão de visitas. “Tattooed on my Brain”, a faixa-título, vem na sequência. Uma faixa rápida, direta, bem ao estilo que consagrou a banda nos idos anos da década de 70. A terceira faixa, “State of Emergency” mantém a mesma pegada setentista, porém sendo mais vigorosa que sua antecessora, com um tempero punk. “Rubik’s Romance” chega para dar uma acalmada nos ânimos. Não que seja uma balada, pois mantém a pegada roqueira, porém é uma canção bem mais melodiosa. Na minha opinião, uma das mais bonitas canções deste trabalho.
“Pole to Pole”, a quinta faixa traz a animação de volta, começando com um bom riff e mostrando um clima festeiro, até lembrando a fase áurea do Van Halen, de começo de carreira. “Push” vem em seguida, abrindo com uma linha de guitarra country, instrumental sujo, como o bom e velho rock empoeirado americano. “The Secret is Out” mantém o timbre sujo da guitarra, mas eis aqui uma canção forte, pesada e densa, quase um heavy metal clássico. Outro grande destaque do disco. Pouco após os 3 minutos de execução, ela dá uma quebrada no ritmo, tornando-se mais lenta. Um molho espetacular, só para mergulhar novamente na intensidade que a caracteriza. A oitava faixa “Don’t Throw Your Love Away” volta a acelerar o andamento da audição. Um rock vigoroso, com um belo trabalho guitarrístico, bom para sacudir o corpo. “Crazy Molly” segue no mesmo embalo incendiário, com seu refrão à la Whitesnake.
Estando completamente envolvidos na audição deste grande álbum de rock’n’roll não nos damos conta de que o fim vai ficando cada vez mais próximo. A décima faixa “Silent Symphony” chega cantando pneu, por assim dizer, com seu forte riff pesado de entrada, só para depois dar uma acelerada e voltar ao peso arrastado. Essa mudança de andamento permeia toda a canção. “What Goes Around” é mais um rockão pra não se colocar defeito, cheirando a anos 70, mas de roupa nova, por assim dizer. “Change” é uma faixa desacelerada e cheia de groove, com sua linda linha de baixo e vocal arrastado. Outro destaque do álbum. E eis que entra a última faixa, “You Call Me”, que é cantada pelo baixista Pete Agnew, único membro fundador ainda na banda, sendo a mais longa do play, iniciando com um belo dedilhado de violão, trazendo um ar country-blues, deixando o clima mais intimista, encerrando com chave de ouro.
Como eu mencionei no início da resenha, há aqui uma mudança drástica, em se tratando de história do Nazareth, com a sentida ausência do veterano Dan McCafferty nos vocais, dando lugar ao talentosíssimo Carl Sentance. É claro que os fãs mais longevos tenderiam a torcer o nariz, afinal nunca é tão fácil substituir um vocalista, que a bem dizer é a alma de uma banda. porém, cabe ressaltar que a escolha pelo Carl foi mais do que acertada. A qualidade vocal dele é absurda, mas o pulo do gato, por assim dizer foi o fato de que a banda permitiu que Carl Sentance fosse Carl Sentance e não uma tentativa de soar Dan McCafferty. Um dos pontos fortes desse trabalho é justamente a versatilidade vocal de Carl Sentance, que mostrou nitidamente estar muito bem à vontade no posto. Claro, que o fato de este estar no centro do palco por 3 anos antes de gravar Tattooed on my Brain ajudou nessa ambientação e também na sua aceitação junto aos fãs. Tattooed on my Brain é um álbum maduro, gigante, digno de ser considerado um clássico do rock’n’roll. Se o Nazareth vai voltar a lançar novos álbuns, não se sabe, mas se for o caso de não mais lançar, eis aqui um fechamento de discografia com chave de ouro. Nota 10 com louvor. Estou muito feliz por ter o privilégio de resenhar esta obra-prima.
Tracklist:
01. Never Dance with the Devil (03:00)
02. Tattooed on my Brain (02:49)
03. State of Emergency (03:41)
04. Rubik’s Romance (04:05)
05. Pole to Pole (04:21)
06. Push (03:48)
07. The Secret Is Out (05:30)
08. Don’t Throw Your Love Away (03:37)
09. Crazy Molly (03:02)
10. Silent Symphony (03:48)
11. What Goes Around (04:00)
12. Change (03:56)
13. You Call Me (06:10)
Formação:
Carl Sentance (vocais principais)
Jimmy Murrison (guitarras)
Pete Agnew (baixo, vocais de apoio, vocal principal em “You Call Me”)
Lee Agnew (bateria)
“Baixe nosso aplicativo na Play Store e tenha todos os nossos conteúdos na palma de sua mão.
Link do APP: https://play.google.com/store/apps/details?id=com.roadiemetalapp
Disponível apenas para Android”