Chega a ser hilário como a nossa opinião muda com o passar do tempo, ou, para ser um pouco mais filosófico, como o tempo modela nossas opiniões, o que foi dito há alguns anos atrás, hoje pode ter outra conotação totalmente diferente daquela época, é bem verdade que as as formas de abordagens sobre o fato são determinantes para esse tipo de fenômeno também. Vocês devem está se perguntando:
“Ora, mas o que é que isso tem a ver?”
Vamos lá, vou explicar-lhes!
Em Janeiro de 1979 o Nazareth lançava No Mean City, décimo álbum da carreira dos escoceses. Os caras vinham de uma ótima sequência de lançamentos, e dentre estes está o “Hair of de Dog”, o maior clássico da banda. É justamente nesse ponto onde tudo que foi dito nesse texto até aqui se encontra. No Mean City, na época, foi considerado um álbum bem aquém do que o Nazareth podia entregar, talvez, a crítica não esteja tão errada assim, se a abordagem usada for a comparação com os primeiros álbuns da banda, porém, o tempo é rei e ele, somente ele pode mudar afirmações como essa. Se formos comparar ao que viria na década seguinte, sem dúvida alguma o julgamento teria outro tom, pois serviu de base para muita coisa ligada ao Heavy / Hard dos anos 80, assim como, traz elementos do que se tornaria o som do Nazareth dali em diante.
Vamos dissecar e tentar entender melhor o que foi dito anteriormente.
O álbum se inicia com “Just Get Into It” e sua pegada blues rock alucinante, nada melhor do que começar um álbum dessa forma, o groove que o baixo traz é delicioso, é uma grande faixa, é um ótimo início. “May The Sunshine” dá sequência ao play e só me vem um adjetivo para qualificar essa música, deliciosa. O violão e a guitarra são totalmente sensoriais, a impressão é que foi uma improvisação que deu muito certo, o baixo e a percussão trabalham maravilhosamente bem, acelerando e dosando no momento certo, e a melodia é um show a parte, liguem o repeat sem pena e comecem a cantar junto!
Que a voz de Dan McCafferty é peculiar todos nós já sabemos, mas é inevitável falar da sua criatividade de criação de melodias, o riff de “Simple Solution” é bem simples e grudento, mas o vocalista transforma a canção em algo poderoso e viceral. As duas últimas faixas citadas são exemplos do tipo de som que o Nazareth começaria a fazer nos anos 80.
“Star” começa brilhantemente linda, não atoa foi um dos singles desse álbum, é satisfatório saber que estamos ouvindo uma banda que não tem preguiça de criar, e a cada criação desperta em nós a vontade de ficar preso ao disco, é fascinante. “Claim to Fame” – Já mostra as cartas de cara, e avisa:
” Se prepare, mudamos a chave”, muito mais pesada do que as suas antecessoras, Mccafferty reinvidica, questiona com autorizada, assim como as guitarras e a imponência do peso conjunto de baixo e bateria, sua pegada forte e arrastada é um ataque de raiva de puro Heavy Metal.
“Whatever You Want Babe” não quer saber de muita coisa, sabe? Minimalista, direta mas não menos interessante do que as demais, principalmente quando entramos no assunto melodia/solo, é provavelmente a melodia mais pop e enérgica, com um vocal melódico e uma linha de baixo vibrante. Ah sim, por favor, uma salva de palmas para o senhor Pete Agnew, seu baixo dá uma aula durante todo o full-leght. Perfeição é algo que não nos é dado, isso é fato, “Whats In It For Me” corrobora a frase, é o ponto baixo do disco, é um andarilho perdido no paraíso.
Em “No Mean City Pt. 1 & 2” estamos de volta aos trilhos e de volta ao blues, enquanto a base propõe o clima bluesistico, ao fundo a guitarra de Many Charlton faz miraboles incessantes, Mccafferty desacelera, e opta por algo mais falado do que propriamente cantado, durante toda a música ele recita ao seu modo a letra da faixa que dá nome ao álbum, é um belo trabalho de toda a banda, alternando momentos, buscando prender a sua atenção durante seus seis minutos de duração, dando fim a uma obra coesa e de muita criatividade musical.
Na minha humilde opinião, No Mean City é umm dos melhores álbuns da banda, e o fim de uma era, pois a banda não traria distorções mais pesadas de volta ao seu repertório tão cedo.
Nazareth – No Mean City
Data de lançamento: Janeiro 1979
Gravadora: A&M Records / Phonogram
Tracklist:
1.”Just to Get into It”
2. “May the Sunshine”
3. “Simple Solution”
4. “Star”
5. “Claim to Fame”
6. “Whatever You Want Babe”
7. “What’s in It for Me”
8. “No Mean City”, Part 1 & 2
Formação:
Dan McCafferty – voz e vocais
Manny Charlton – guitarra
Zal Cleminson – guitarra e vocais
Pete Agnew – baixo e vocais
Darrell Sweet – bateria
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