Por cerca de dezoito anos, o Nazareth conseguiu manter íntegra a sua formação: Dan McCafferty, Manny Charlton, Pete Agnew e Darrell Sweet. Vocal, guitarra, baixo e bateria, nessa exata ordem. Por algum tempo, no começo dos anos 80, agregaram o tecladista John Locke e experimentaram, também, a possibilidade de duas guitarras, com Zai Cleminson batendo o ponto em dois álbuns e, depois, cedendo o lugar para Billy Rankin, que gravaria mais três, deixando a banda em 1983.
Quando Charlton resolveu se separar do grupo que ajudou a criar, o trio restante não teve dúvidas em convidar Rankin para retomar o posto, onde permaneceu pelo período suficiente para mais dois álbuns.
“No Jive”, de 1991, foi o primeiro deles. É essencial lembrar que aquele ano foi o ponto de virada para várias tendências do Rock. Metallica, Nirvana, Soundgarden e Primus eram alguns dos nomes que estavam tracejando as novas delimitações da música. Veteranos como o Nazareth não estavam encontrando muito espaço na mídia, embora isso não tenha, necessariamente, muita relação com o tempo de estrada. Ozzy Osbourne, Motorhead e Rush permaneciam em justa evidência.
Na realidade, questões de empresariamento à parte, isso deve-se muito à continuidade criativa e, sendo bem sincero, a década anterior já não tinha sido muito favorável, com o grupo lançando uma série de álbuns com resultado bem aquém de sua fase clássica. A má notícia é que “No Jive”, mesmo com a mudança de guitarrista, não mostrou fôlego para mudar esse cenário. É um disco ruim? Não, mas também é um disco sem brilho, sem nenhuma canção efetivamente marcante. Algo que você escuta uma vez e se dá por satisfeito, sem vontade de retornar. Algo anacrônico para os anos 90 e que colocava a banda em desigualdade mesmo perante seus contemporâneos, como o Uriah Heep.
Os créditos do disco dão algum indicativo sobre o grau de inspiração. Rankin é o único integrante que coloca sua assinatura em todas as faixas, sendo que aparece em três como o único compositor, transparecendo que, sem sua participação, a banda não teria sequer material para um álbum completo. Canções como “Hire and Fire”, “Right Between the Eyes”, “Every Time It Rains”, “Keeping Our Love Alive” e “Cover Your Heart” são as melhores, mas “Do You Wanna Play House”, “Thinkin’ Man’s Knightmare” e a insuportável “Lap of Luxury” arrastam o resultado para baixo. No meio termo ficam a folclórica “The Rowan Tree/Tell Me That You Love Me”, que poderia ter se beneficiado com um minuto a menos em sua duração, e “Cry Wolf”, que, apesar do riff, não evolui muito.
Não se pode afirmar que as coisas melhoraram depois de “No Jive”. Tampouco pioraram. O Nazareth prosseguiu lançando álbuns que oscilaram em qualidade sem afastar-se muito do ponto mediano. Vários deles, incluindo este na presente resenha, não sobreviveram ao tempo. Não se encontra suas músicas em coletâneas ou no setlist de shows. Na tão corriqueira prática de lançar discos para manter-se em relevância, a banda aumenta a sua discografia em número, mas diminui-a em relevância.
No Jive – Nazareth
Data de lançamento: 01.11.1991
Gravadora: Griffin
Tracklist
01 Hire and Fire
02 Do You Wanna Play House
03 Right Between the Eyes
04 Every Time It Rains
05 Keeping Our Love Alive
06 Thinkin’ Man’s Nightmare
07 Cover Your Heart
08 Lap of Luxury
09 The Rowan Tree/Tell Me That You Love Me
10 Cry Wolf
Formação:
Dan McCafferty – vocal
Billy Rankin – guitarra
Pete Agnew – baixo
Darrell Sweet – bateria