Hoje no Roadie Metal Cronologia, darei continuidade às resenhas de álbuns de uma banda responsável por um dos shows mais divertidos que já fui, o Napalm Death. Falarei do álbum “Order of the Leech“, décimo na discografia da banda. É o primeiro álbum da banda a não contar com o guitarrista Jesse Pintado, tendo sido gravado totalmente por Mitch Harris. No entanto, o álbum conta com algumas composições de Pintado, no caso, as faixas “Farce and Fiction” e “Blows to the Body“.
Pelo que já conheço de Napalm Death, sei que este álbum será extremamente rápido e agressivo, não tendo, no entanto, grandes variações entre as músicas. Desta forma, manterei a tática dos últimos Roadie Metal Cronologia para os quais contribuí, ou seja, ouvirei o álbum inteiro e farei um resumo da minha opinião, ao invés de fazer uma análise faixa a faixa.
O álbum, no geral, faz uma mistura interessante entre músicas puxadas para o grindcore e músicas mais puxadas para o death metal. Faixas como a de abertura, “Continuing War on Stupidity“, ou a seguinte, “The Icing On the Hate” não diferem muito de algumas faixas de bandas como o Cannibal Corpse, tendo uma estrutura quase inteira de death metal, além dos riffs clássicos do gênero. Outras, como “Forewarned is Desarmed?” e “Per Capita” já se posicionam muito mais no lado do grindcore, mantendo ainda as influências no death metal. O Napalm Death pode ser considerado um ótimo exemplo do que hoje em dia chamamos de death-grind, que é justamente esta mistura das duas vertentes.
Duas faixas que destaco no álbum são:
“Forced To Fear“, na qual eu senti uma forte influência do groove metal, lembrando bastante alguns riffs do Sepultura, o que é importante no quesito de atualização do som. Afinal, “Order of the Leech” foi lançado em 2002, um ano em que tanto o death metal quanto o grindcore já haviam mostrado muito de suas possibilidades, então é extremamente importante que a banda traga novas influências e atualize sua sonoridade (sem perder o que os fez serem conhecidos em primeiro lugar) para que a banda não fique ultrapassada e sem graça.
“The Great Capitulator“, faixa de mais de 11 minutos (algo impressionante na obra do Napalm Death, que costuma ter músicas entre 2 e 4 minutos no máximo) que na verdade é uma grande piada da banda. Apesar de sua duração de 11:35, a música de verdade dura apenas 2:49, e daí até os 9:56 em puro silêncio, até que entra uma gravação de um fã da banda falando sobre sua postura em relação ao metal, citando algumas bandas que ele gosta e o que sente quando as ouve. Por fim, uma tradutora entra na gravação para traduzir a fala do sujeito para o tcheco, que segundo a banda (dito na própria gravação), foi feito em respeito aos fãs tchecos da banda. É basicamente uma piada, que provavelmente fez muitos compradores do disco acharem que havia algum defeito nesses 7 minutos de puro silêncio. Eu mesmo, ouvindo no Spotify e sabendo dessa última faixa, uma hora abri o aplicativo para ter certeza que ainda não tinha terminado.
O álbum não é nenhum grande destaque na carreira do Napalm Death ( sendo considerado, em uma lista feita pelo Loudwire, como um dos piores da banda), mas para quem é fã da banda ou do gênero, é um álbum recomendável. O álbum não tem muitas faixas diferentes (inclusive fiz o teste de abrir umas 5 faixas e avançar em pontos aleatórios, e parecem a mesma música), mas nenhuma faixa é ruim, no sentido de ser chato, mal composto ou mal executado. Simplesmente não apresenta nada além do comum. Talvez isso seja decorrente da saída de Jesse Pintado da banda, que pode ter desestabilizado um pouco a formação.
No final das contas, “Order of the Leech” não é um álbum ruim, só não tem motivo para se destacar ou para ser um álbum que você ouve e pensa “preciso ouvir esse álbum mais uma vez”. Eu ouvi 3 vezes para ver se adicionava algo a cada execução, mas nada. É um álbum que vale uma ouvida, mas que depois acaba esquecido em meio a outros clássicos do Napalm Death.
Data de Lançamento: 21/10/2002
Gravadora: Spitfire
Tracklist:
1- Continuing War on Stupidity
2- The Icing on the Hate
3- Forced to Fear
4- Narcoleptic
5- Out of Sight, Out of Mind
6- To Lower Yourself (Blind Servitude)
7- Lowest Common Denominator
8- Forewarned is Disarmed?
9- Per Capita
10- Farce and Fiction
11- Blows to the Body
12- The Great Capitulator
Formação:
– Mark ‘Barney’ Greenway (Vocais e letras das faixas 1, e 4 a 12)
– Mitch Harris (Guitarra, backing vocals e composição das faixas 1, 5, 9 e 12)
– Shane Embury (Baixo, letra das faixas 2 e 3 e composição das faixas 6 e 8)
– Danny Herrera (Bateria)
Equipe:
– Simon Effemey (Engenharia, mixagem e masterização)
– Russ Russel, Will Bartle, Dan ‘Frank Crackfield’ (Engenharia)
– Jesse Pintado (composição das faixas 10 e 11)
– Mick Kenney (Design e artwork)
– Rob ‘Mid’ Middleton – Artwork
– Muerig Rees (reesycle.com) – Layout
