Após dois discos completamente excruciantes, moedores de ossos e trituradores de tímpanos sensíveis e desavisados, os ingleses do Napalm Death lançaram um split com os japoneses do S.O.B. no ano de 1989. Gradativamente, o nome da banda crescia entre os grandes representantes de música extrema e no mesmo ano foram lançados a coletânea “The Peel Sessions”, o “Live EP” e o magnífico EP “Mentally Murdered”.
Após esses lançamentos, Lee Dorian (vocal) e Bill Steer (guitarra) abandonaram o barco, restando apenas Shane Embury (baixo) e Mick Harris (bateria). Apesar desse triste fato, os integrantes remanescentes rapidamente encontraram outros membros para dar continuidade à banda e no ano seguinte, lançaram o sucessor de “From Enslavement to Obliteration” (1988), “Harmony Corruption”.
Contando com uma capa ilustrada pelo sueco David Windmill, artista que foi responsável pelo design em “Left Hand Path” (1990), do Entombed e produzido pelo aclamado Scott Burns (Sepultura, Obituary, Terrorizer) nos lendários estúdios de gravação Morrisound Recording, em Tampa, Flórida (EUA), “Harmony Corruption” é o terceiro full-length do grupo e marca aquilo que o EP “Mentally Murdered” (1989) estava estabelecendo: uma sonoridade mais calcada no Death Metal, porém preservando elementos típicos do Grindcore. Em poucas palavras, o chamado Deathgrind!
Além disso, essa terceira entrega marca a entrada de três integrantes que se tornariam peças fundamentais do grupo: os guitarristas Mitch Harris (Righteous Pigs) e Jesse Pintado (1969 – 2006) (Terrorizer) e claro, o vocalista Mark “Barney” Greenway (ex-Benediction), que trouxe um rosnado grave e profundo na linha de frente da banda, algo que se tornou uma característica marcante do grupo dali por diante e certamente marcou história.
Falando das composições em si, dessa vez, o ND não entregou vinte e tantas músicas tal como em seus dois primeiros álbuns, mas sim onze pedradas mais trabalhadas e com maior duração que de costume. De forma geral, todas as composições são mais intricadas, com riffs muito bem construídos e mais complexos que nos trabalhos anteriores e até mesmo alguns pequenos solos de guitarra podem ser escutados em algumas faixas.
Podemos destacar pérolas como a intensa faixa de abertura “Vision Conquest”, a excepcional “Malicious Intent”, “Unfit Earth”, que conta com backing vocals de John Tardy (Obituary) e Glen Benton (Deicide), “The Chains That Bind Us”, “Extremity Retained” e claro, duas das melhores composições de toda trajetória da banda, “If the Truth Be Known” e o hino dos hinos “Suffer the Children”, som obrigatório nos shows.
Se eu pudesse eleger a santa trindade dos discos de Deathgrind, diria que ela é composta por “Extreme Conditions Demand Extreme Responses” (Brutal Truth), “World Downfall” (Terrorizer) e “Harmony Corruption”. Pérolas totalmente obrigatórias do estilo. De forma sucinta, o ND é um dos grandes nomes do meio da música extrema que pode se orgulhar de ter uma discografia vasta e de muito respeito e “Harmony Corruption” é uma legítima obra prima tanto do Grindcore como do Death Metal.
♫ “Global lunacy
Death threats for supposed blasphemy
No room for free thought
All non believers pushed to the floor” ♫
Data de lançamento: 1 de agosto de 1990
Gravadora: Earache Records
Faixas:
1. Vision Conquest
2. If the Truth Be Known
3. Inner Incineration
4. Malicious Intent
5. Unfit Earth
6. Circle of Hypocrisy
7. The Chains That Bind Us
8. Mind Snare
9. Extremity Retained
10. Suffer the Children
11. Hiding Behind (Faixa bônus no CD)
Formação:
Mark “Barney” Greenway – Vocal
Mitch Harris – Guitarra
Jesse Pintado – Guitarra
Shane Embury – Baixo
Mick Harris – Bateria
John Tardy (Obituary) – Vocal de apoio na faixa “Unfit Earth”
Glen Benton (Deicide) – Vocal de apoio na faixa “Unfit Earth”