Em 2001 o Mr. Big faria seu último álbum naquela década, Actual Size, retornando somente em 2011 com o álbum What If…
Além de marcar a pausa da produção da banda, este álbum ainda é o último a contar com o guitarrista Richie Kotzen
O álbum se inicia com a faixa Lost in America. Em 2001 já era possível travar um padrão básico: Músicas de rock mainstream com “america” no nome quase sempre são um bom e velho daddy rock com um refrão extremamente pegajoso que vai te deixar cantando por horas a fio. Aqui, não é diferente. Porém aos 2:30, após o segundo refrão, a música quebra um pouco a expectativa, apresentando uma progressão de acordes um tanto incomum lembrando o rock progressivo. Essa quebra de expectativa é boa, tira a música do clichê, mas não dura muito, pois logo é seguido de um solo totalmente padrão ( apesar de muito bem executado por Richie Kotzen).
A faixa seguinte, Wake Up, se inicia com uma pegada clássica de Foo Fighters, uma pegada um pouco mais enérgica. Novamente aqui Richie Kotzen surpreende com um pequeno solo que mostra muita habilidade logo de cara. Em seguida, a música toma o caminho de um hard rock a la Bon Jovi, daqueles que pode tocar no carro enquanto você dirige e você vai cantar ao máximo.
Shine, terceira faixa do álbum, começa mais calma com alguns efeitos interessantes na guitarra. Esta faixa talvez seja uma das mais conhecidas do álbum, pois foi escolhida como tema para a adaptação em anime de Hellsing. Algo interessante de notar é que a introdução lembra muito Audioslave, e depois, quando entra o backing vocal do refrão ( creio que feitos por Kotzen), em alguns momentos a voz lembra bastante a de Chris Cornell. Coincidência interessante, não?
Em seguida, a primeira balada do álbum, Arrow. Aqui pela primeira vez os solos rápidos e bonitos de Kotzen e a base clássica de hard rock dão lugar ao teclado que tem seu momento de brilhar e à base quase toda feita no violão, dando aquela característica romântica clássica à música. Até mesmo no solo, Kotzen faz um pouco diferente, com um solo nas regiões mais graves da guitarra e um drive bem morno e suave.
Mary Goes ‘Round é uma das músicas mais dançantes do álbum. Mantém o padrão do álbum, o rock similar ao de Bon Jovi em suas músicas românticas.
Suffocation chama bastante atenção, quebra totalmente o padrão do álbum. A música é um funk-rock que agradaria qualquer fã de Red Hot Chili Peppers e ainda tem os vocais feitos em partes por Richie Kotzen, demonstrando o grande potencial do músico como também vocalista. A música é realmente sensacional e evita a mesmice do resto do álbum.
Em One World Away já é possível traçar o padrão do álbum: uma introdução que faz homenagem a algum gênero diferente e quando entra o verso, o mesmo das outras músicas. Nesta, a introdução lembra muito um rock setentista, numa pegada de Led Zeppelin.
Este padrão das músicas deste álbum não é necessariamente algo ruim, para quem gosta do estilo, é um prato cheio e é muito bem executado. Porém para quem gosta de ouvir algo um pouco diferente do que se fez desde 1980, o álbum começa a cansar um pouco, apesar de Richie Kotzen e sua criatividade manterem o interesse.
I Don’t Want to Be Happy, faixa seguinte, é mais uma balada. Porém uma balada um pouco mais animada do que a anterior, Arrow. Na verdade, balada talvez não qualifique perfeitamente o som, é mais um rock com violão. É uma música legal, boa para ouvir enquanto relaxa. Acho que o grande destaque dessa música é o solo, bem marcante e bonito.
A música Crawl Over Me tem uma introdução de rock épico, com os instrumentos só soando alguma nota e o vocalista Eric Martin cantando os primeiros versos, até que a banda entra com tudo. Novamente aqui o padrão das outras músicas logo em seguida quando a introdução termina.
Cheap Little Thrill tem uma atmosfera que lembra bastante a temática de terror, daquelas músicas que você conseguiria imaginar sendo tocadas em um episódio de Scooby-Doo. É uma das músicas mais originais do álbum. Tem uma brincadeira 3D também no som, com algo que parece um talk box e vai passando por cada lado do speaker, um detalhezinho bem interessante.
A banda parece ter notado que o álbum estava ficando muito do mesmo e começou a inovar. Depois de Cheap Little Thrill, que destaca-se por si só, How Did I Give Myself This Way não é uma música única, mas tem um ritmo que, apesar de simples ( a bateria, por exemplo, lembra Help dos Beatles, o famoso ” tu pa tu pa tu pa”) se diferencia do resto por manter esse ritmo constante. Não tenta, como as outras, ser um “hino” do rock, e sim uma música para as pessoas dançarem em um bar.
O álbum se encerra com mais uma balada, Nothing Like It In the World, que novamente repete o padrão teclado + violão, mas aqui o teclado se destaca muito mais por levar os versos sozinho com o baixo, e o violão entra só no refrão. O teclado é feito por Richie Kotzen, que parece ter aproveitado este álbum para demonstrar todas as suas habilidades musicais.
Em geral, não há como achar o álbum Actual Size ruim, é muito bem executado, todos os músicos são bons, a voz de Eric Martin não falha em se destacar. Mas não é um álbum que tenta fazer algo diferente do mesmo. O ano era 2001, muitas coisas estavam acontecendo no mundo do rock e do pop ( como por exemplo a explosão do pop punk e do R&B, ou até o Post Grunge que teve sua última grande explosão nessa época), a banda poderia talvez ter se aproveitado disso de alguma forma para tentar inovar.
Inovação e mudança são palavras perigosas para qualquer banda, pois sempre existe o fã saudosista que reclama de qualquer evolução, mas eu vejo como uma necessidade para todas as bandas. Mr. Big teve início de carreira em 1989, neste álbum completava 12 anos de existência, havia espaço para inovações.
O comentário nesta questão é forte, pois na segunda parte do álbum a banda mostra que pode fazer algo um pouco diferente, variar o álbum, mas deixa para muito tarde.
Mas não podemos julgar a banda em cima somente desta questão. A banda em si é muito boa e para quem gosta do estilo, é uma ótima recomendação, mas as comparações com outras bandas dos anos 80 e 90 são inevitáveis.
Tracklist
- “Lost in America”
- “Wake Up”
- “Shine”
- “Arrow”
- “Mary Goes Round”
- “Suffocation”
- “One World Away”
- “I Don’t Want to Be Happy”
- “Crawl Over Me”
- “Cheap Little Thrill”
- “How Did I Give Myself Away”
- “Nothing Like It In the World”
Formação
- Eric Martin – vocal
- Richie Kotzen – Guitarra, vocais principais em “Suffocation” e teclado em “Nothing Like It In the World”
- Billie Sheehan – Baixo
- Pat Torpey – Bateria
Nota: 6