No dia 28 de dezembro de 2015, o mundo perdia Ian Fraiser Kilmister, a personificação máxima do lema sexo, drogas e rock and roll, um cara que viveu a vida como quis, não dando a mínima para qualquer tipo de julgamento de sua pessoa. Foi também responsável por dar vida a uma verdadeira instituição da música pesada, o Motörhead, talvez a única grande unanimidade existente no meio da música, já que era respeitada por fãs de todas as vertentes do Rock.

Surgido em 1975, após Lemmy ter sido chutado do Hawkwind, depois de ser detido na fronteira canadense por porte de drogas e passar 5 dias preso, fazendo com que a banda tivesse que cancelar alguns shows. A estreia deveria ter se dado no mesmo ano, com o álbum On Parole, mas o mesmo acabou sendo rejeitado pela gravadora da banda na época. Ainda assim, boa parte dele acabou sendo regravado em um período de apenas 48 horas, no ano de 1977 e lançado com o nome de Motörhead, configurando dessa forma o debut do grupo.

Motorhead-1977

Tendo saído em agosto de 1977, originalmente era composto de 8 faixas, sendo 3 delas composições de Lemmy para o Hawkwind, “Motorhead” (presente em Warrior on the Edge of Time), “Lost Johnny” (presente em Hall of the Mountain Grill) e The Watcher (presente em Doremi Fasol Latido), além de um cover para “The Train Kept A-Rollin'”, de Tiny Bradshaw. Posteriormente, em 1981, recebeu uma edição com outras 3 faixas que haviam sido gravadas na mesma sessão, mas que haviam ficado de fora, “On Parole”, “Beer Drinkers & Hell Raisers”, cover do ZZ Top e “I’m Your Witch Doctor”, cover de John Mayall & the Bluesbreakers.

Por anteceder uma sequência simplesmente clássica de álbuns que se seguiu entre 1979 e 1982. Motörhead é meio que esquecido por parte dos fãs, já que metade dele é composto por covers e não está propriamente recheado de clássicos. Mas isso se trata de uma grande injustiça, pois nele está sendo apresentado a fórmula que gerou a sonoridade única e irrotulável da banda. A mescla de Punk, Metal, Rock and Roll e Blues, mescladas em canções de estrutura relativamente simples, vigorosas, sujas, cruas, transbordando testosterona por todos os poros se faz presente em cada uma das 8 faixas originais do trabalho (e claro, nas 3 que se fizeram presentes depois). tem também o mérito de apresentar a formação clássica, com Lemmy, “Fast” Eddie Clarke e Phil “Philthy Animal” Taylor.

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Ok, nem todas as músicas aqui presentes estão no mesmo nível e algumas poucas estão mais preenchendo espaço do que qualquer outra coisa, mas ainda assim os vocais fortes, as guitarras marcantes, o baixo distorcido, a bateria pesada, tudo está aqui. Dentre os destaques inegáveis, “Motörhead”, “Vibrator”, “Iron Horse/Born to Lose” e “Keep Us on the Road”, certamente a melhor do álbum. Vale prestar atenção no desempenho de “Fast” Eddie Clarke, responsável por alguns ótimos solos.

Como já dito, Motörhead pode não ser um álbum repleto de clássicos, mas possui grande importância, já que méritos não faltam para o mesmo. Aqui está não só a fórmula que marcou a carreira da banda, como também as raízes para estilos mais extremos dentro do Metal. Um trabalho que merece ser sempre revisitado e que abriu caminho para o rolo compressor dos anos seguintes.

Faixas
01. Motorhead (Hawkwind cover)
02. Vibrator
03. Lost Johnny (Hawkwind cover)
04. Iron Horse / Born to Lose
05. White Line Fever
06. Keep Us on the Road
07. The Watcher (Hawkwind cover)
08. The Train Kept a-Rollin’ (Tiny Bradshaw cover)

https://www.youtube.com/watch?v=EXeqb0VUlBI