Inferno (04) foi, na opinião de muito gente por aí, o melhor trabalho do Motörhead desde a fase clássica da banda, compreendida entre 1979 – 1982. Sendo assim, a responsabilidade de Kiss of Death não era pequena. Mas veja bem, estamos falando de Lemmy e Cia, ou seja, isso não fazia a mínima diferença, pois pressão não fazia parte do vocabulário do trio. Os caras simplesmente entravam em estúdio e mandavam ver nos seus instrumentos. Simples assim.

Lançado em 29 de Agosto de 2006, Kiss of Death veio na mesma pegada de seu antecessor e com um pé em seu passado, mais precisamente em Overkill (79), não decepcionando seus fãs, que esperavam ansiosamente pelo lançamento. Ok, muita gente por ai alegava que o Motörhead sempre lançava o mesmo álbum, que os caras tinham uma fórmula pronta e não saiam da mesma, mas para que mudar algo que era perfeito em sua essência?

As referências à carreira do grupo se fazem presentes em todos os momentos, sendo impossível não se recordar de trabalhos passados, mas isso de forma alguma significa que falta diversidade na música do Motörhead. Aliás, nunca faltou. Então tomem canções mais rápidas, outras mid-tempo, as com claras influências de Blues e Rock e até mesmo uma boa e velha balada semi-acústica.

Motorhead foto kiss

Chama a atenção também a escolha dos convidados. Aqui são 3, o guitarrista C.C. DeVille (Poison), o baixista Mike Inez (Alice In Chains, ex-Ozzy Osbourne) e o vocalista Zoltán Téglás (Ignite, ex-Pennywise). Glam Rock, Grunge e Punk. Um murro no meio da cara dos que pregam radicalismo no meio do Rock/Metal. DeVille e Téglás participam de “God Was Never on Your Side” e Inez divide o baixo com Lemmy em “Under the Gun”. Sim amigos, temos dois baixos em ação aqui.

Kiss of Death é um tiro certeiro e você encontrará nele tudo que espera de um trabalho do grupo, ou seja, canções marcantes, Lemmy com seu Rickenbacker sujo e distorcido, Phil Campbell com sua guitarra para lá de nervosa, bons solos e realizando seu ótimo trabalho de sempre, além de Mikkey Dee batendo pesado como nunca em seu kit de bateria. Destaques? Poderia citar o álbum inteiro, mas tenho uma preferência maior por “Sucker”, “Under the Gun”, a bela balada “God Was Never on Your Side”, “Living in the Past”, “Sword of Glory” e “Going Down”.

Em time que está ganhando não se mexe. O trabalho foi produzido e mixado por Cameron Webb e teve masterização a cargo de Kevin Bartley, ou seja, exatamente e mesma equipe que trabalhou em Inferno. Já a capa é mais um belo trabalho de Joe Petagno, o cara quando se trata de Motörhead.

Se não é seminal como um Overkill (79) ou um Ace of Spades (80), ainda sim Kiss of Death é um trabalho que impõem muito respeito. Um grande álbum de uma banda única e que sempre vai deixar saudades. E para os colecionadores, existem duas versões que contam com faixas bônus, uma com “R.A.M.O.N.E.S.”, lançada pela Sanctuary Records e outra limitada, em digipack, que conta com um cover para “Whiplash”, do Metallica.

Faixas:
1. Sucker
2. One Night Stand
3. Devil I Know
4. Trigger
5. Under the Gun
6. God Was Never on Your Side
7. Living in the Past
8. Christine
9. Sword of Glory
10. Be My Baby
11. Kingdom of the Worm
12. Going Down

Formação:
Lemmy Kilmister (Vocais/Baixo)
Phil Campbell (Guitarras)
Mikkey Dee (Bateria)