Aqui estamos de volta ao Roadie Metal Cronologia pra falar de um álbum que coloca em dúvida sobre qual banda estamos realmente falando, já que esta é uma época distinta para o Mötley Crüe e seu álbum homônimo de 1994 – que trás alguma mudança no line-up e uma série de dúvidas aos ouvintes – já que diferente da onda pesada que a banda mergulhou de cabeça nos anos 80. Este é um tempo emergindo sem Vince Neil em uma onda onde o Grunge dominava as rádios e a banda tentava se adaptar a nova realidade da cena musical daquela época mas talvez sem uma base forte o suficiente para isso.
John Corabi, um dos mais subestimados vocalistas do Metal, assumiu a linha de frente do Mötley Crüe e por mais que este parecesse o auge deste vocalista que nunca conseguiu subir os degraus da fama e que todos talvez esperassem algo impactante os fãs não puderam lidar com uma fase sem Vince. O álbum foi mal recebido por eles e pela critica, atingindo o sétimo lugar na Billboard mas com com um índice de vendas extremamente baixo.
‘Mötley Crüe’ é um álbum denso e obscuro mas desprovido de emoções, os vocais de Corabi são poderosos com seu próprio veneno, não há como negar, mas muitas vezes eu me pego pensando “isso é Mötley Crüe?”, e a resposta salta na mente imediatamente em “não”. Talvez porque seja realmente difícil digerir uma faceta diferente de uma banda que tem sua identidade carimbada de uma maneira tão profunda.
Entre riffs sem nenhuma gota de emoção como em ‘Power To The Music’ e linhas fracas de Grunge em ‘Uncle Jack’ os vocais de Corabi seguem sem nada que capte o ouvinte e embora as linhas de Tommy Lee ainda mantenha a pulsação vital da banda na bateria tudo falta algum brilho e observamos uma banda tentando se encaixar ao esquema das coisas. Eu nunca imaginaria que o Mötley Crüe acharia necessário seguir tendências.
A terceira faixa ‘Hooligan’s Holiday’ é mais turbulenta embora, os riffs são pesados pareados a Corabi, soando ousados e ingênuos ao mesmo tempo mas sem encontrar uma identidade em meio a uma sequencia que obstrui o baixo de Nikki Sixx no processo. Mas há algo gigantesco neste álbum e apesar de encontrarmos músicos cientes da necessidade de adaptação uma das melhores músicas do Crüe na minha opinião também esta aqui, falamos de ‘Misunderstood’ com uma linha que me lembra muito o estilo dos Beatles de 1968 em ‘Dear Prudence’, então talvez as coisas se tornam mais agradáveis ouvinte uma linha psicodélica dando um salto ao álbum com os tambores sólidos de Lee.
https://youtu.be/sygViAGAUS8
‘Loveshine’ é igualmente edificante com uma sensação das raízes da banda, flutuando em uma mistura acústica onde Corabi finalmente vem à tona, e é claro que esta não seria uma música para Vince Neil, com certeza são dois vocalistas muito diferentes, mas os vocais carnudos de Corabi soam realmente bem aqui, diferente da poluição onde Vince teria sido engolido em poucos minutos. ‘Poison Apples’ mantêm a qualidade em uma linha Hard adocicada com piano e um toque de Glam Rock mas é uma pena que a banda retorne ao pântano em ‘Till Death Do Us Part’, que hipnotiza a principio mas depois afunda em um linhas grotesca como em ‘Welcome To The Numb’.
Infelizmente este é um álbum que pra mim não se encaixa aos padrões do Mötley Crüe, a sensação é apenas de um bando de músicos usando um apelido, e é claro que sempre existem os fãs que vão dizer que este poderia ser um dos melhores álbuns da banda já que para os mesmos os vocais de John Corabi são mais fortes que Vince Neil, isso não pode ser discutido, mas ainda é um dos álbuns mais fracos da banda quando sentimos claramente os impactos da necessidade de se encaixar as tendências de uma época que Grunge se tornou a potencia dentro do Rock e Metal.
Tracklist:
01. Power To The Music
02. Uncle Jack
03. Hooligan’s Holiday
04. Misunderstood
05. Loveshine
06. Poison Apples
07. Hammered
08. Til Death Do Us Apart
09. Welcome To The Numb
10. Smoke The Sky
11. Droppin Like Flies
12. Driftaway
Membros da banda:
John Corabi – Vocal
Mick Mars – Guitarra
Nikki Sixx – Baixo
Tommy Lee – Bateria