Roadie Metal Cronologia: Mortification – Scrolls of the Megilloth (1992)

Essa coluna não pretende dissertar sobre as motivações líricas do Mortification, banda australiana capitaneada pelo baixista e vocalista Steve Howe. Trata-se de uma formação assumidamente cristã e, não é novidade, uma parcela significativa do público de Metal tende a estabelecer objeções contra esse tema. Quais seriam, portanto, os limites de tolerância ou rejeição quando a banda em questão transita pelo Death Metal, subestilo que, por definição, é desafiador de limites.

Na verdade, mantendo-nos ancorados no lado musical da coisa, o segundo álbum do grupo, “Scrolls of the Megilloth”, é um grande exemplar do Death Metal e não falta quem o considere como um dos clássicos do gênero. Não foi à toa que a Nuclear Blast, gravadora seminal para os fundamentos da música underground no começo dos anos 90, apostou na banda e a manteve no seu catálogo durante sua época mais criativa.

O presente álbum representa o ápice do que foi realizado naquele período. A abertura com “Nocturnal” possui características mais afeitas ao Thrash, com o Death fazendo-se perceptível nos guturais e nas variações do vocal de Rowe. O ataque grindcore no começo de “Terminate Damnation” surge para apagar qualquer dúvida sobre o poderio do trio. Nesse ponto, é pertinente apontar que a produção do álbum não permitiu que seu impacto fosse arrefecido pelo passar dos anos. Ele envelheceu bem e esse efeito pode ser creditado à atuação convicta dos músicos. O guitarrista Michael Carlisle tem uma excelente participação com suas bases diretas e, apesar de seu desempenho feroz, é ainda assim o elemento menos eficaz da formação. Essa observação não tem nada a ver com o fato de não fazer solos. É apenas pelo fato de que Rowe e o baterista Jason Sherlock conseguem ser ainda superiores em suas atuações, tornando tudo mais e mais brutal. A prova está escancarada ao longo de “Eternal Lamentation”, onde a dupla exibe o poderio devastador de um rolo compressor descendo uma ladeira sem freios! Sherlock, a propósito, é um baterista extremamente ativo, possuindo uma longa lista de projetos e participações que não se prendem com exclusividade ao Metal cristão.

As duas faixas seguintes apostam nas quebradas e variações com efeitos diversos. “Raise the Chalice” mantém a dinâmica e o interesse em alta por toda sua duração, enquanto “Lymphosarcoma” resulta mais desconexa e faz com nos apressemos para chegar logo a um dos pontos altos do disco, sua faixa título, detentora daquele tipo de impacto destrutivo que apenas as músicas causadoras de mosh possuem. “Death Requiem” mergulha mais fundo nas características do gênero que abriga sua musicalidade e mantém o fôlego intacto durante a sequência com “Necromanicide”. Após essa trinca, “Inflamed” demonstra ser mais contida, buscando amparo nos riffs de Thrash. É a penúltima música e prepara o terreno para que o álbum possa finalizar em grande estilo, com os quase doze minutos do épico Doom/Death de “Ancient Prophecy”, com bastante influência das bandas precursoras do Metal da Morte.

“Scrolls of the Megilloth” é o disco símbolo do Mortification, seu ponto mais alto e mais memorável. Houve momentos bem questionáveis em sua discografia, mas a primeira fase foi a mais produtiva. Nenhum outro disco de seu catálogo obteve a mesma coesão e agressividade aqui registradas e, portanto, merece certamente a audição daqueles que estejam interessados em conhecer, sem “pré-conceitos”, todas as versatilidades que o Metal pode assumir.

Scrolls of the Megilloth
Data de lançamento: 28.08.1992
Gravadora: Intense/Nuclear Blast

Tracklist:
01 Nocturnal
02 Terminate Damnation
03 Eternal Lamentation
04 Raise the Chalice
05 Lymphosarcoma
06 Scrolls of the Megilloth
07 Death Requiem
08 Necromanicide
09 Inflamed
10 Ancient Prophecy

Formação:
Steve Rowe – baixo, vocal
Michael Carlisle – guitarra
Jayson Sherlock – bateria

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