EnVision EvAngelene, o 6º álbum de estúdio dos australianos do Mortification, foi, ao menos do meu ponto de vista, o último suspiro de qualidade da banda. Não que eu os enxergasse como donos de uma discografia acima da média, por mais que julgue “Scrolls of the Megilloth” um verdadeiro clássico do Death Metal, independente da temática de suas letras, mas álbuns como “Mortification” (91) e “Blood World” (94), são trabalhos que possuem qualidades inquestionáveis.
Esse é um trabalho que marca o fim de uma era para o então trio formado por Steve Rowe (vocal/baixo), Lincoln Bowen (guitarra) e Keith Bannister (bateria). Na sequência dele, Rowe descobriu uma leucemia que o levou a quase morte, já que após uma transplante de medula que em um primeiro momento parecia ter falhado, os médicos chegaram a lhe dar apenas algumas horas de vida. A morte não veio, Steve se recuperou de forma surpreendente, atribuindo isso a um milagre, e após isso, a queda de qualidade foi acentuada. Se sua cura realmente foi um milagre, este lhe custou a criatividade para compor boas músicas. Mas vamos ao que realmente interessa, que é o que encontramos em EnVision EvAngelene.
Musicalmente o que temos aqui é um álbum de Thrash, com alguns elementos de Death, Punk e Power Metal, e com uma dose a mais de técnica. Um exemplo claro disso é a faixa de abertura, “EnVision EvAngelene (In Eight Parts)”, um épico de quase 19 minutos, onde a banda mostra tudo que é capaz. Outro destaque do álbum vem na sequência, com “Northern Storm”, um Thrash Metal que se destaca pelos bons riffs de guitarra. “Peace in the Galaxy” mantém um bom nível de qualidade, o que já não se pode dizer de “Jehovah Nissi”, chata, derivativa e entediante. “Buried into Obscurity” é veloz e trás em si elementos de Punk, obtendo um bom resultado, enquanto “Chapel of Hope” se mostra mais arrastada e possui um bom trabalho de Rowe no baixo. Encerrando o trabalho, temos a sequência formada por “Noah Was a Knower”, veloz e com muita influência de Power Metal, e “Crusade for the King”, um Power/Thrash onde a banda mostra competência.
Deixando qualquer radicalismo de lado, dado o fato da banda ser cristã e deixar isso claro em suas letras, o que temos aqui é um bom álbum de Heavy Metal, que se não é brilhante em momento algum, também passa longe de ser uma tragédia, como muita coisa lançada posteriormente pela banda.
Tracklist
01 – EnVision EvAngelene (In Eight Parts)
02 – Northern Storm
03 – Peace in the Galaxy
04 – Jehovah Nissi
05 – Buried into Obscurity
06 – Chapel of Hope
07 – Noah Was a Knower
08 – Crusade for the King