Se o Morbid Angel sempre foi bastante caracterizado por um Death Metal avassalador, com instrumentos em uníssono tocando em alta velocidade, explodindo energia em ritmos frenéticos, o mesmo não pode ser dito em grau similar sobre “Gateways To Annihilation”, sexto álbum de estúdio do quarteto estadunidense, lançado em outubro de 2000.
Nesse registro, a banda recebe de maneira intensa muitas contribuições do Doom Metal, provocando uma postura cadenciada e provavelmente inesperada por quem estiver na expectativa da rispidez costumeira do conjunto. Essa inserção do Doom encontra sua predominância especialmente na primeira metade do disco – e mais especialmente ainda, na faixa “Summoning Redemption”, que é a segunda e faz dobradinha com a rápida introdução “Kawazu”.
Tal postura mais lenta é extensiva aos solos de guitarra de Trey Azagthoth. Embora eles estejam belos e mantenham claras conexões à timbragem que caracteriza o Death Metal, não são velozes, nem demonstram compromisso com rápidas bateções de cabeça. São somente levadas, empurrões melódicos, mas menciono tais adjetivos sem intenção de soar negativo. É uma diferenciação bacana que não desagrada.
Apesar da firme presença do Doom Metal e até mesmo da aplicação de bases de teclado no background, contribuindo para uma atmosfera mais obscura e misteriosa, nem tudo é apenas cadência. Faixas que não são totalmente cadenciadas, apresentam seu andamento variante entre algo mais pegado e algo mais cadenciado, ou por vezes até algumas músicas são totalmente vibrantes. “To The Victor The Spoils”, “Opening The Gates”, “Secured Limitations” e “God of The Forsaken” são alguns exemplos de canções que preservam a pegada Death Metal, mesmo que não na mesma qualidade e inspiração de outrora.
São 44 minutos totais distribuídos em 11 faixas que são ótimas, mas não brilham como aquelas que compõem os primeiros trabalhos do Morbid Angel. Um triste detalhe, ainda, é que produção nunca foi um ponto forte de uma banda tão importante como essa. “Gateways To Annihilation” mantém uma qualidade produtiva muito rústica, de difícil entendimento do que se passa nas distorções devido ao incômodo abafamento que funde as ondas sonoras como um curto circuito. Uma produção mais limpa daria mais força à musicalidade, embora tal proposta de qualidade seja uma constante da banda.
“Gateways To Annihilation” precede “Heretic” (2003), álbum final antes do jejum de oito anos sem lançamentos de inéditas, quando, em 2011, os estadunidenses lançaram o decepcionante “Ilud Divinum Insanus”.
Formação:
Steve Tucker (vocal e baixo);
Trey Azagthoth (guitarra);
Erik Rutan (guitarra, teclados);
Pete Sandoval (bateria).
Faixas:
01 – Kawazu
02 – Summoning Redemption
03 – Ageless Still I Am
04 – He Who Sleeps
05 – To The Victor The Spoils
06 – At One With Nothing
07 – Opening of The Gates
08 – Secured Limitations
09 – Awakening
10 – I
11 – God of The Forsaken
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7/10