Roadie Metal Cronologia: Metallica – St. Anger (2003)

O início dos anos 2000 foi certamente o período mais conturbado da história do Metallica. Além dos problemas com o Napster, relacionados a um compartilhamento de suas músicas visto como indevido pela banda, houve também a saída do baixista Jason Newsted em 2001, depois de 14 anos, fazendo com que o produtor Rob Rock assumisse o posto nas gravações do próximo trabalho, que foi gerado em meio a um clima já instável no estúdio de San Francisco e que acabou exposto no documentário “Some Kind of Monster”, lançado um ano após “St. Anger” (2003) ganhar o mundo.

Apesar de ser um disco muito criticado pelos fãs até hoje, “St. Anger” emplacou no top 3 em diversas paradas pelo mundo, tendo figurado na grande maioria na primeira posição, casos de Austrália, Canadá, Japão, Alemanha, e também nos Estados Unidos, entre outros. Já a crítica especializada ficou dividida em relação ao álbum.

Álbum este que começa com “Frantic”, um dos singles promocionais. A faixa já mostra a influência do Metallica no estilo que estourou na época, o New Metal. “Frantic” é cheia de mudanças de andamento e nos apresenta ao estranhíssimo som metalizado da bateria de Lars Ulrich, que seria um dos destaques – negativos, diga-se de passagem – do trabalho.

A faixa seguinte, “St. Anger”, foi o segundo single do trabalho e começa com algum resquício de peso e velocidade, mas logo quebrados quando James Hetfield começa a cantar. Na faixa-título a influência do New Metal se torna ainda mais notória, principalmente pelas guitarras. Já a bateria segue destoando – e muito – atraindo uma atenção indesejável. Com pouco mais de sete minutos, a faixa meio que se perde e começa a andar em círculos, criando um efeito de looping.

“Some Kind of Monster” é uma faixa que se arrasta por intermináveis oito minutos e meio. A bateria de Lars Ulrich está mais contida em vários momentos e as guitarras dão mais peso. A confusa “Dirty Window” vem na sequência com diversas mudanças de andamento que prejudicam muito mais do que poderiam ajudar. O excesso de experimentalismo acaba deixando a música totalmente desconexa.

Em “Invisible Kid” o baixo ganha destaque. O produtor Bob Rock se prova um bom tapa-buraco, mas é só isso. No geral, a faixa mantém a pífia média do álbum, com mais uma música sem qualquer coisa próxima de feeling e criatividade. A faixa seguinte, “My World”, não se diferencia muito das outras. James Hetfield canta de forma mais agressiva e as guitarras tentam – em vão – colocar mais peso e a bateria continua sendo extremamente problemática em um álbum que o Metallica já está pouquíssimo inspirado.

Em “Shoot Me Again” a banda parece fazer uma tentativa de soar um pouco mais como o System of A Down em alguns momentos, com várias mudanças bruscas de andamento e backing vocals. A faixa não chega a comprometer, mas poderia ser uma a se salvar se a produção do álbum tivesse um melhor direcionamento.

metallica

A arrastadíssima “Sweet Amber” é uma das mais monótonas de “St. Anger”. A faixa tem como único ponto positivo alguns bons riffs de guitarra. E se a faixa anterior já era bastante cadenciada, o que dizer de “The Unnamed Feeling”? O único “sentimento sem nome” para a música acaba sendo o tédio.

“Purify” é mais pesada que as duas anteriores e James Hetfield parece brincar mais nos vocais. Como se o álbum já não fosse longo o suficiente, fato que atrapalhou muito o andamento de “St. Anger”, a última música, “All Within My Hands”, é a mais prolongada do trabalho, com quase nove minutos, e é marcada por algumas quebras de ritmo, com direito a passagens mais viajadas. Claro que não dá para esquecer o som bisonho da bateria de Lars Ulrich, que até acaba encoberto em alguns trechos da faixa.

No fim das contas, “St. Anger” é um álbum que nem condiz com a grandeza conquistada pelo Metallica na década de 1980 e nem serve de parâmetro para um bom disco de New Metal. O trabalho acaba servindo apenas para manchar a história de uma banda que já teve seus dias de glória nos tempos de outrora.

Formação:
James Hetfield (vocal e guitarra);
Kirk Hammet (guitarra);
Lars Ulrich (bateria).

Participação:
Bob Rock (baixo).

Faixas:
01 – Frantic
02 – Anger
03 – Some Kind of Monster
04 – Dirty Window
05 – Invisible Kid
06 – My World
07 – Shoot Me Again
08 – Sweet Amber
09 – The Unnamed Feeling
10 – Purify
11 – All Within My Hands

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