Roadie Metal Cronologia: Megadeth – Endgame (2009)

E o Megadeth permanece, fortemente, no topo da cadeia alimentar do Thrash Metal! Passada a fase complicada pela qual atravessou nos primeiros anos do novo século, o grupo prossegue se reafirmando como a força que é, desde que, em “The System Has Failed”, começou o processo de retomada aos trilhos.

Se pensarmos a trajetória do Megadeth tomando por base os guitarristas que dividiram o posto com o líder Dave Mustaine, fariamos uma separação tendo, a primeira grande fase, com Chris Poland e, a segunda, com Marty Friedman. Jeff Young, Al Pitrelli e Glen Drover participaram de grandes discos, mas foi somente um para cada e estariam mais bem classificados como fases transitórias.

A terceira grande fase começa aqui, com Chris Broderick, egresso do metal clássico do Jag Panzer e fazendo sua estréia no primeiro dos três discos de estúdio dos quais participou, “Endgame”, o 12o. trabalho da carreira do Megadeth e o segundo da parceria com a gravadora Roadrunner. Dentro da infinita dança das cadeiras que caracteriza essa banda, Chris era o novato da vez e complementava a formação com o baixista e o baterista que vinham da formação que gravou o álbum anterior, “United Abominations”, sendo, respectivamente, James Lomenzo, ex-Black Label Society e em sua despedida do Megadeth, e Shawn Drover, irmão do guitarrista Glen Drover, que Chris substituiu.

A primeira faixa, “Dialectic Chaos”, é uma pequena instrumental de pouco mais de dois minutos e meio que serve para apresentar Chris para os fãs do Megadeth, brincando de dividir solos com Mustaine, sobre uma base sem muitas variações, até que “This Day We Fight!” tem início…

E é fulminante!!!

“This Day We Fight!” foi inspirada pela frase proferida pelo personagem Aragorn, na saga “O Senhor Dos Anéis” e, devo dizer, por mais brilhante que tenha sido tudo que o diretor Peter Jackson orquestrou em sua adaptação, cenas de batalha e tal, seria um alívio para ele não ter que dirigir uma sequência de guerra cuja coreografia tivesse que combinar com essa música, pois não haveria orcs suficientes para o extermínio! “This Day We Fight!” é o novo Megadeth escancarando a porta com um chute, deixando claro que não está para brincadeiras.

Nesse ponto, “Endgame” já mostrou a que veio e isso não teria sido possível sem uma produção à altura. È Claro que, falando de Megadeth, ninguém espera um trabalho meia boca nessa área, mas aqui Mustaine contou, novamente, com o renomado Andy Sneap, que já tinha participado do álbum anterior. A assinatura de Sneap na produção está lastreando alguns dos principais trabalhos recentes de nomes gigantes como Nevermore, Kreator, Arch Enemy, Onslaught, Accept ou Testament. Com o Megadeth não foi diferente e a sua competência é facilmente percebida. Ele não voltaria para o disco seguinte, mas nesse álbum, ele pôde auxiliar o líder da banda a obter o melhor resultado para excelentes composições como “44 Minutes”, “Bodies”, “1,320”, “The Right To Go Insane” e a rapidíssima e pesada “Head Crusher”, sendo essa última composta em parceria com Shawn Drover.

“Head Crusher” foi uma das faixas de mais exposição desse disco, muito por conta do vídeo clipe que foi feito para ela, e a sua audição  sustenta a minha convicção de que ninguém poderia melhorar os vocais do Megadeth. Se a voz de Mustaine é anasalada ou qualquer outro adjetivo que alguém queira usar, isso não muda nada. Aquela é a forma certa como as canções dessa banda devem soar. Ninguém mais conseguiria interpretar, da mesma forma, aquela fúria contida em “Head Crusher” que não fosse o próprio Mustaine. Aquela raiva de quem está prestes a explodir. Aquela autenticidade de quem é absolutamento sincero em suas críticas e seu descontentamento, ao contrário de tantas bandas cuja revolta é tão ficcional quanto as letras que sonolentamente recitam.

E é por isso, e pela extraordinária música, que precisaremos da presença de Mustaine entre nós por muito tempo, para mostrar que o Thrash Metal ainda sobrevive por trás dos sorrisos e tapinhas nas costas. Não se engane: quando ele batizou o disco, não sabia ao certo se esse título seria uma ironia ou não, afinal, nos anos anteiores, cada novo disco do Megadeth parecia ser o ultimo. Parecia não haver mais nada a dizer daí pra frente. Mas isso foi um mero equívoco. Ainda tem muitas cartas dentro daquelas mangas.

O jogo está longe de terminar!

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