Antes de iniciarmos mais uma jornada no cronologia, gostaria de fazer algumas observações: não sou fã de Mastodon, apesar de reconhecer a qualidade. Seu estilo é uma mistura de dois gêneros (Stoner e Progressive) que não sou fã; Além disso, o vocal de Troy Sanders (o principal dos três vocalistas da banda), por melhor que seja, não me agrada pelo efeito que é colocado nele (pra mim fica muito mais agradável no Killer Be Killed, supergroup de Sanders com Max Cavalera e Greg Puciato).
Apesar disto, minha resenha deste ponto em diante será totalmente imparcial.
A primeira surpresa que tive com esta cronologia foi, na verdade, que o Mastodon tem 19 anos de existência já. A banda foi formada em 2000 e o álbum “The Hunter”, objetivo desta postagem, já é o quinto de sua carreira. Me surpreende, pois só ouvi falar da banda há uns 5 anos atrás.
O álbum tem uma história bem interessante, segundo a Wikipedia americana. O nome “The Hunter” foi dado em homenagem ao irmão do guitarrista Brent Hinds, que faleceu durante uma caçada enquanto o álbum estava sendo gravado.
Ainda, segundo o baterista Brann Dailor, este álbum é muito menos influênciado por Prog, ao contrário de trabalhos como “Leviathan”, de 2004, e foi composto de maneira mais coletiva, por todos os membros.
Ainda sobre Dailor, este álbum foi o primeiro a ter uma música inteiramente cantada por ele, e marca também o primeiro álbum a ter mais de duas músicas com sua participação nos vocais.
É também um dos primeiros álbuns do Mastodon a experimentar com vocais agressivos/berrados, não somente limpos.
A primeira música do álbum é um de seus singles, “Black Tongue”. Essa música tem algumas influências bem fortes do Heavy Metal mais tradicional, lembrando muito o que se encontra no álbum (ou fiasco, na minha opinião, apesar de fã) “Hail To the King”, do Avenged Sevenfold. Porém a influência do metal progressivo é fortíssima devido aos riffs quebrados e a bateria que chega a ser até confusa. É na verdade uma música bem interessante
Em seguida vem um dos maiores sucessos da carreira da banda, “Curl of the Burl”, e é fácil notar a razão para isso. A música tem uma influência forte de Stoner, mas mesmo assim tem alguns solos e, principalmente, os vocais, muito puxados para o Heavy Metal bem clássico, aqueles feitos com o objetivo de que uma plateia gigante cante junto, com direito a “oh oh oh” até. É uma música pegajosa, que até me fez estar cantando o refrão no final.
A terceira música, senhoras e senhores, me pegou de surpresa. “Blasteroid” é a música mais curta do álbum, com 2:35 (o que já por si só foge dos padrões da banda, que geralmente faz sons perto da marca dos 4 minutos). Mas o que me fez sinceramente amar esta música foi a levada dela, que me lembrou muito o meu amado Hardcore ( dá pra fazer um Two-Step fácil). E o refrão… até me arrepiou, preenchido com berros muito bem executados (creio eu que pelo guitarrista Brent Hinds). Sinceramente, tive que parar e reiniciar a música para acreditar. Música incrível mesmo!
O próximo som tem um nome bem sugestivo: “Stargasm”. Geralmente lendo esse nome já podemos esperar uma música com elementos psicodélicos fortemente presentes ( e a música realmente entrega o que esperamos). A música tem uma introdução bem psicodélica com guitarra e sintetizador, e logo depois entra na pegada clássica do Mastodon, por mais que continue com a ambientação “cósmica” durante toda a faixa.
“Octopus Has no Friends” é uma música de metal progressivo, ponto. Sua introdução lembra muito algumas músicas do Rush, e suas guitarras insanamente complexas mostram que, apesar da declaração de Dailor, a influência de Prog não estaria morta no álbum.
A faixa seguinte, “All The Heavy Lifting”, é mais uma que prova o dito acima, porém com um refrão bem mais pegajoso ( que parece, inclusive, estar no rol de habilidades da banda). Esta música é ainda mais progressiva que a anterior, devido ao trecho instrumental aos 2:10, que é clássico de Metal Progressivo.
Em seguida, a faixa-título, “The Hunter”. Sinceramente… Essa música me deu sono. É aquele tipo de música que faz eu não gostar de bandas como Pink Floyd. Aquele som parado, muito atmosférico…
O último single do álbum, “Dry Bone Valley”, reanima um pouco o álbum. Mas esta música não traz nada de diferente das outras que já tocaram em “The Hunter” até o momento.
Uma pausa neste ponto. Tive que parar de escutar por uns 10 minutos de escutar o álbum, pois estava começando a ficar com sono e desinteressado… Mas vamos lá.
Neste segundo bloco, começamos com “Thickening”. A música tem um riff pesado e bem interessante no verso. A música parece ser mais do mesmo, porém tem um peso extra que realmente me chamou atenção. Não sei explicar, mas é uma música que me agradou mais que as outras.
“Creature Lives” é a primeira música a ser cantada inteiramente por Brann Dailor, baterista da banda. O início da música é realmente meio exagerado, recheado de efeitos para fundamentar a ideia do título, porém isso dura por 1 minuto e fica meio cansativo. É uma faixa bem bonita, porém não dá o valor que poderia a dar aos vocais do baterista, sendo uma faixa com um enfoque enorme no instrumental. O vocal acaba tornando-se decorativo. Isso me decepcionou um pouco.
“Spectrelight”, tal como “Blasteroids”, me surpreendeu muito. A velocidade, o peso, incrível! Creio que se todas as músicas da banda fossem como essas duas, seria uma banda que eu gostaria muito. O som da banda fica muito bom quando é colocado um pouco de agressividade. Minha segunda favorita do álbum. Ainda conta com a participação de Scott Kelly (Neurosis, Tribe of Neurot, Blood and Time).
Com o prêmio de nome mais difícil de todo o tracklist, “Bedazzled Fingernails” é uma música que alterna interessantemente entre o peso e a técnica. É uma música boa, porém, assim como “Dry Bone Valley”, não traz nada de tão diferenciado ao álbum, exceto pelos efeitos com sintetizador que dão um ar legal ao som.
“The Sparrow”, som que encerra o tracklist oficial, é a música mais longa do álbum. É uma música bem focada no instrumental, clássica de encerramento de álbum. Assim como todo o álbum, é muito bem composta e muito bem executada. Aqui realmente os vocais são totalmente decorativos e usados como instrumentos de ambientação, mas neste caso não é algo ruim
Aqui se encerra o tracklist oficial. Na versão limitada do álbum ainda temos as faixas “The Ruiner” e “Deathbound”. As duas tem o mesmo peso que me agradou em “Spectrelight” e “Blasteroid”, principalmente “Deathbound”, que tem apenas 2:49. Valem extremamente a pena e é uma pena que não estiveram na versão oficial do álbum.
Por fim, a banda é absurdamente talentosa, ainda mais considerando que todos os instrumentistas ( a menos do guitarrista Bill Kelliher) são também vocalistas. É tudo muito bem composto e executado.
Eu não digo que ouviria o álbum inteiro novamente, o estilo realmente não faz meu gosto e realmente algumas partes do álbum me deram um sono enorme. Mas eu diria que pelo menos 10 das 15 músicas (incluindo as da edição limitada) eu ouviria mais uma vez, e com certeza Blasteroids, Spectrelight, The Ruiner e Deathbound eu incluirei na minha playlist pessoal.
O fato do álbum não ser conceitual facilita muito mais para que qualquer ouvinte possa separar suas faixas favoritas sem perder nada com isso.
Eu diria que “The Hunter” tem algo para todos e, para quem é fã de Metal Progressivo, definitivamente é uma grande obra.
Tracklist
1. Black Tongue
2. Curl Of The Burl
3. Blasteroid
4. Stargasm
5. Octopus Has No Friends
6. All The Heavy Lifting
7. The Hunter
8. Dry Bone Valley
9. Thickening
10. Creature Lives
11. Spectrelight
12. Bedazzled Fingernails
13. The Sparrow
Edição Limitada
14. The Ruiner
15. Deathbound
Equipe
- Troy Sanders – Vocais, baixo
- Brent Hinds – vocal, guitarra principal e guitarra havaiana (lap-steel)
- Brann Dailor – bateria, percussão, vocais
- Bill Kelliher – guitarra rítmica, guitarra principal em “Black Tongue”
Músicos adicionais
- Scott Kelly – vocais principais e letra adicional em “Spectrelight”
- Rich Morris – sintetizadores e teclaods em “Stargasm” e”Bedazzled Fingernails”
- Will Raines –sintetizadores e teclados em “The Sparrow” and “The Hunter”
- Dave Palmer – sintetizadores e teclados em “Creature Lives”
Produção
- Mike Elizondo – Produção e mixagem
- Ted Jensen – Masterização
Não darei uma nota 10 para não ser falso, mas o álbum merece um 8 com certeza. Vale a pena, mas se você não é fã de prog, ouça algumas faixas separadas, não o álbum todo.
Nota: 8/10