Sétimo álbum de estúdio da banda, lançado no ano de 1995, este é o único que não conta com a participação do baterista da formação tradicional, Jürgen Reil.

A qualidade instrumental que pode ser esperada no disco já é escancarada logo no início da faixa “Prevail” onde o baterista Joe Cangelosi e o baixista Christian Giesler chegam mostrando a que vieram. E que fique bem claro aqui, que baixo é sim um elemento indispensável no Metal, e que todo o peso das guitarras e vocais não seria nada sem o chão provido por ele.

Um riff que espanca o cérebro lhe aguarda na intro de Catholic Despot, faixa onde os vocais preservam a mesma abordagem interpretativa da faixa anterior, e aparece até uma (tímida) intervenção guitarrística mais destacada aos 1:14, que quebra um pouco a sequência típica de ostinatos mais graves.

https://www.youtube.com/watch?v=t7L2kQ9P7pU&index=1&list=PL03C989919E81A86B

No Ceará nós temos um termo para definir um instrumentista que faz o que o baterista apresentou na entrada de Progressive Proletarians, e essa palavra é “amundiçado”!  O trecho iniciado aos 2:36 tornou essa música uma forte candidata a fazer parte da minha workout playlist, é muita pancadaria num instrumental só! Outro momento interessante se encontra próximo ao final, mais precisamente aos 3:13, onde as cordas fazem um ótimo jogo de perguntas e respostas com a bateria.

Uma progressão de acordes um pouco fora do convencional, a se destacar pelo uso do timbre limpo e com algumas quebras rítmicas bastante interessantes marca a faixa Crisis of Disorder, que conta também com uma interpretação visceral do vocalista (e guitarrista) Mille Petroza, além do momento mais agradável da faixa, o solo de guitarra de sonoridade furiosamente desesperada e natureza altamente virtuosa iniciado aos 2:30.

Entendam uma coisa: microfonias no início de uma música pra dar aquele ar de despreocupação e “dane-se se o som tá sujo” sempre serão bem-vindas e não fazem mal a ninguém! Assistir a uma conversa entre músicos que se entendem bem e sabem o que estão fazendo, é tão instigante e digno de apreciação quanto observar o debate entre intelectuais altamente gabaritados em seus respectivos assuntos de especialidade. O que temos aos 1:21 de Hate Inside Your Head é um diálogo coerente e maduro entre cordas e bateria, que a banda demonstra novamente dominar com maestria.

Rápido, rasteiro, cru e direto! É o que dá pra se dizer do recado dado em Bomb Threat, que é uma faixa mais curta e a menos trabalhada instrumental e vocalmente ao longo do álbum.

Surpresas, às vezes são bem-vindas e outras nem tanto, mas o que essa banda fez aos 1:19 da música Men Without God foi de arrebentar o pescoço de qualquer um que a esteja ouvindo pela primeira vez. A quebra brusca de clima, criada pela mudança harmônica e também rítmica dão todo um tempero ao trabalho que já vinha sendo bem-feito.

Bateria, cordas, bateria… entenderam? Se é necessário muita inteligência musical pra fazer algo memorável contando com cinquenta instrumentos,  imagine então ser criativo com os poucos recursos instrumentais que o Kreator tem! Nos primeiros segundos de Lost, tem-se a impressão de estar ouvindo um ataque de abelhas, logo após o aviso dado pelos tambores, que mais uma vez foram muito bem conduzidos por Cangelosi. E até mesmo a simplicidade dos riffs e do solo gravado nessa faixa, contribuíram sob medida para torná-la um destaque no álbum.

Nem sempre ser curto e grosso é uma boa. Dogmatic demonstra-se como um mais do mesmo e não traz nada de especial ou interessante ao resto da obra, sendo a faixa mais fraca do trabalho inteiro.

Sculpture of Regret foi um acerto no timbre da guitarra logo no início, com acordes que foram muito bem conduzidos pela turma da cozinha, que não deixou a desejar em nada, Trazendo à tona mais uma vez as já típicas quebras rítmicas repentinas.

Joe Cangelosi apresenta em Celestial Deliverance, sua melhor performance dentro do disco, mesmo não sendo seu momento mais virtuoso (só pra ficar claro, uma coisa não tem bulhufas a ver com a outra). Já aos 0:27 nós temos visivelmente um daqueles momentos em que o guitarrista que tenta aprender a tocar se pergunta: mas como diabos esse cara fez isso?!

Desde o barulho do plug entrando no Jack, até os acordes mais bem pensados, tudo foi aproveitado e tá valendo pra compor State Opression, que desta vez foi uma bela demonstração de que se pode ser breve e conciso.

Uma conversa afiada entre guitarra limpa e distorcida marca a faixa final do álbum, com acordes e riffs onde a tensão reina absoluta e carrega raros momentos de resolução e relaxamento da mesma, além de ter o melhor vocal de toda a obra, onde até um pouco de melodia é arriscada. Desolation é o selo que vem pra tampar de vez a capa de mais um belo trabalho do Kreator!

Faixas:
01. Prevail
02. Catholic Despot
03. Progressive Proletarians
04. Crisis of Disorder
05. Hate Inside Your Head
06. Bomb Threat
07. Men Without God
08. Lost
09. Dogmatic
10. Sculpture of regret
11. Celestial Deliverance
12. Isolation

Membros:
Mille Petroza (vocal e guitarra);
Frank Blackfire (guitarra);
Christian Giesler (baixo);
Joe Cangelosi (bateria)

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