Roadie Metal Cronologia: Korn – The Serenity of Suffering

Foi uma enorme satisfação quando vi que havia sobrado um álbum do Korn para fazer a cronologia, e logo me prontifiquei para fazê-lo. Ainda mais sendo um álbum que faz parte da coleção de CD’s que tenho em casa (mesmo que eu nunca tenha dado tanta atenção para ele em especial)

Inicio esta resenha com uma afirmação: goste ou não, Korn é uma das bandas mais importantes da história, sobretudo dos anos 2000 (mesmo que a banda tenha se lançado em 1994). Quando perguntam o que é Nu Metal, a resposta é simples: Korn. Não existe banda que resuma melhor todas as características deste gênero.
Apesar do Nu Metal em 2019 ser um estilo em certa decadência, ao contrário do que era nos primeiros anos do milênio, o Korn consegue se manter extremamente atual, mesmo sem mudar seu estilo

O álbum The Serenity of Suffering foi o mais recente lançado pela banda, no ano de 2016 e foi extremamente bem recebido pela crítica, inclusive sendo considerado o melhor dentre os últimos lançamentos da banda.
É um título um tanto esperado, visto que antes deste tivemos: ‘Korn III: Remember Who You Are‘, um álbum que apostou na nostalgia para tentar vender (mas como já citei, o Nu Metal já não tem mais a força que tinha nesta época, logo foi uma aposta um tanto quanto ruim); ‘The Path of Totality‘ (um dos meus favoritos) que é um álbum feito completamente em cima da mistura de Nu Metal com Dubstep (tendo participação de vários Dj’s do estilo, tais como Skrillex e Kill The Noise). Apesar de eu adorar este álbum porque gosto muito de Dubstep, o público do metal é um tanto quanto resistente à ideia de misturar elementos eletrônicos na música e, mesmo no Nu Metal, que já tem característica de misturar algumas destas coisas em meio ao som, o esperado é geralmente que a quantidade de metal seja maior que esses elementos, enquanto que no álbum tem MUITO eletrônico; e ‘Paradigm Shift‘, um álbum que trouxe algumas músicas que não foram incluídas no Korn III, além de novas músicas que não foram tão chamativas. Logo, The Serenity of Suffering tinha tudo para ser a “volta” do Korn ao topo, e foi.

O álbum já inicia com um soco na cara, com a faixa Insane, que começa com um riff extremamente pesado, daqueles que sua cabeça começa a balançar sozinha ( não é a toa que a faixa foi um dos singles do álbum).
Em seguida, mais um single, Rotting in Vain, que lembra muito grandes sucessos da banda como Freak on a Leash e Falling Away From Me, inclusive com o famoso “imaububuahah” que ficou famoso na primeira e na faixa Twist. Essa faixa em particular parece ser bem o tipo de sonoridade que o grupo Motionless in White buscou alcançar no seu último álbum (fortemente inspirado por Korn).
O álbum se segue com a faixa Black is the Soul, que apresenta uma introdução com mais groove, aquele peso lento, que depois é acompanhado por um teclado que torna a música bem atmosférica. É uma música bem mais focada na melodia do que no peso. Essa música ainda apresenta um riff pré-breakdown que lembra muito o final de Blind, sucesso da carreira da banda.
A faixa seguinte, The Hating, é uma surpresa. Começa com Jonathan Davis cantando acompanhado de uma guitarra sem distorção, algo um tanto quanto diferente para os padrões do Korn. Mas logo a expectativa se cumpre, pois entra o riff pesado que se espera das músicas da banda. Esta música surpreende também pelo alcance vocal que Davis atinge no refrão, não sendo algo tão comum que o mesmo faça.
A Different World, para mim, é o ponto alto do álbum. Além da música em si ser extremamente bem composta e executada, ainda conta com a participação do fenomenal Corey Taylor, vocalista da banda Slipknot. A participação, além de funcionar muito bem, é um fan-service sem igual, pois Korn e Slipknot são duas das maiores bandas de Nu Metal a existirem, e além disso, já haviam feito um feat ao vivo em 2015, fazendo cover da música Sabotage, do grupo Beastie Boys, o que deixou os fãs salivando na expectativa de que alguma participação destas se concretizasse em um álbum. Os berros de Taylor no refrão da música são inconfundíveis e por si só já faziam valer a participação, mas dai vem o breakdown… Senhoras e senhores, o mundo não sabia que precisava de um breakdown a la Korn guiado pelos vocais de Corey Taylor até então, mas precisava e muito. Além de tudo isso, o clipe desta música é bem interessante, sendo todo feito em stop motion com massinha, lembrando alguns clipes do Tool.
Take Me, mais um single do álbum, tem riffs extremamente groovados e dançantes, cheios de pausas. Take Me se destaca por ser uma das músicas com menos berros no álbum, extremamente melódica apesar dos riffs groovados.
A partir daqui o Korn demonstra um padrão que já percebi em várias bandas de uns anos para cá. Todos os singles do álbum se encontram na primeira metade do álbum, como se tentassem tornar a segunda parte “misteriosa” de alguma forma. Nenhum problema nisso, só achei interessante comentar.
Everything Falls Apart, faixa que vem em seguida, é bem atmosférica e tem uma introdução bem interessante que alterna entre graves e agudos.
O que se faz interessante nesta música é que, mesmo no refrão, quando a guitarra retoma os riffs pesados, esta característica “atmosférica” se mantém. O breakdown, em que a frase “there is nothing in my head” é repetida inúmeras vezes (inclusive no pré-breakdown) funciona muito bem também.
A faixa Die Yet Another Night apresenta um dos riffs mais complexos e bem escritos que já vi saírem do repertório do Korn. A ideia do Nu Metal é justamente ser simples, por isso justamente que o riff inicial surpreende. Algo me soa familiar na frase “Nobody cares you’re just a bad man 
Nobody wants you’re a dead man” repetida nos intervalos entre os versos de Jonathan Davis, mas não sei explicar o que exatamente, talvez já tenha ouvido essa música tocar em algum lugar e ficou na minha cabeça ( e o fato de eu ter esse álbum não justifica, senão eu sentiria o mesmo com todas).
When You Are Not There é uma faixa que engana, o início com acordes agudos e a bateria a todo vapor faz você pensar “nossa como assim?”, porém logo ocorre um turnback que leva a música ao clássico Korn. Apesar da música ser bem boa, achei os riffs parecidos com outros sons já existentes do Korn.
Next In Line tem um começo um pouco diferenciado, com uma turntable que consegue diferenciar bem esta música das outras. O som que acompanha os versos ( que não consigo dizer se é um sintetizador ou uma guitarra com muito efeito) é bem interessante também.
A faixa que encerra o tracklist oficial do álbum, Please Come for Me, tem uma progressão estranha que não sei explicar, mas é uma música boa, e faz um bom encerramento para o álbum. Esta é a música do álbum que confere o status de “banda estranha” para o Korn, porém não perde qualidade alguma.

Ainda existem mais duas faixas, Baby e Callin’ Me Too Soon, que pertencem à versão europeia do álbum e Out Of You, exclusiva da versão japonesa.

A única crítica que eu tenho para esse álbum é que, para quem ouve faixa por faixa prestando atenção, fica cansativo porque é 100% voltado para o peso ( como prometido por Head, guitarrista do Korn, é um dos álbuns mais pesados da carreira da banda) e não existe uma dinâmica
Mas em geral, cada faixa por si só é muito boa e para quem ouve o álbum completo enquanto faz alguma outra coisa, sem prestar atenção em detalhes, é um álbum ótimo para bater cabeça e curtir.
É um álbum bom, mas que não é perfeito por falta de tentativa, simplesmente.

A Different World, faixa do álbum com participação de Corey Taylor, do Slipknot

Faixas (versão internacional)
01. Insane
02. Rotting in Vain
03. Black is the Soul
04. The Hating
05. A Different World (feat. Corey Taylor)
06. Take Me
07. Everything Falls Apart
08. Die Yet Another Night
09. When You’re Not There
10. Next in Line
11. Please Come for Me
Extras (Europa/Reino Unido/Austrália/Japão):
12. Baby
13. Callin’ Me Too Soon
Faixa exclusiva (Japão):
14. Out of You


Formação:
Jonathan Davis (vocais);
James ‘Munky’ Shaffer (guitarras);
Bryan ‘Head’ Welch (guitarras);
Reginald ‘Fieldy’ Arvizu (baixo);
Ray Luzier (bateria).

Nota: 8

Encontre sua banda favorita