Roadie Metal Cronologia: Kiss – Sonic Boom (2009)

A este ponto, o que dizer sobre o Kiss que já não foi dito? Em 2009, a banda já contava com 18 álbuns de estúdio em seus 36 anos de carreira. Os rockeiros de Nova Iorque já haviam atingido o status de “lendas” há uns 25 anos, se não mais. A verdade é que a grande maioria dos aspirantes a rockstar estariam muito mais do que satisfeitos com aposentadoria tendo metade das conquistas que o Kiss ostentava até este ponto, e mesmo assim, lá estavam eles, prontos para lançarem o seu 19º disco.

Sonic Boom” foi lançado no dia 6 de Outubro de 2009, 11 anos após o último lançamento de estúdio da banda, “Psycho Circus”. Em entrevista, Paul Stanley já dava o recado: “O propósito deste álbum não é simplesmente para deixar as pessoas sabendo que nós ainda existimos – é para deixar as pessoas sabendo que nós ainda podemos acabar com qualquer um por aí!”. Embora ninguém ouse duvidar de tal afirmação, todos sabem que o Kiss já não tem mais nada a provar: É daquelas bandas que pertencem ao panteão do rock’n roll, que influenciaram uma geração inteira e ajudaram a moldar tudo o que viria depois na música pesada.

E é exatamente assim que a banda soa neste álbum: Confortáveis em suas próprias peles (e maquiagens) e mestres de sua arte. A esta altura a banda mostra que dominou o seu estilo como uma ciência, sabendo apostar nas suas melhores qualidades e pontos fortes criando um álbum seguro, porém eficiente.

Modern Day Delilah”, faixa de abertura e single do disco, já mostra o Kiss que todos nós conhecemos: Um rock’n roll energético, descontraído e descompromissado. E esta sonoridade familiar  é trabalhada no disco inteiro.

Em muitos casos, dizer que um álbum de uma banda consagrada soa “familiar” pode ser uma crítica de que a banda está apenas se auto-emulando, mas aqui não é o caso. Embora a banda esteja apostando no som que à consagrou há 30 anos atrás, as composições aqui são tão naturais e bem sacadas que em momento nenhum o álbum parece repetitivo, ele simplesmente… funciona. Não passa a impressão de um bando de senhores de idade querendo reviver a juventude, se é que me entendem.

Mas não pensem que só de passado vive este disco, e talvez esta seja a grande sacada dele. Primeiramente a produção é extremamente atualizada. E escolhi esta palavra com um propósito: A produção não é ultra-moderna e computadorizada, mas também não é uma carta de amor ao passado. É moderna o suficiente para soar como um álbum lançado no século 21, mas ainda tem aquele charme oldschool. E o mesmo pode ser dito sobre todos os aspectos do disco. Ele está repleto de momentos em que você pensa “Sim, este é o bom e velho Kiss”, misturados com faixas que não soariam estranhas em trilhas sonoras de filmes modernos.

O álbum também tem uma boa dose de variedade. As músicas não estão presas em apenas um ou outro truque. Há faixas típicas de “rock de arena” como “Stand e “Say Yeah”, músicas mais puxadas pro hard rock selvagem como “Russian Roulette”, “Hot and Cold” e a já mencionada faixa de abertura. E também tem momentos menos previsíveis, como a faixa que é minha favorita do álbum: “I’m an Animal”, que com seu andamento metódico e influências de blues, soa quase como um stoner rock um pouco mais energético.

Porém, o álbum não é perfeito. Algumas músicas estão claramente em um patamar mais baixo que as demais, parecendo que foram escritas apenas para encher linguiça. São nestes momentos que a banda parece estar re-explorando ideias de maneira não genuína como no resto do álbum. A faixa “When Lightning Strikes” é um exemplo disso.

Sonic Boom é um álbum agradável de se ouvir. Ele pode não parecer impressionante escutando agora quase dez anos após o seu lançamento, mas na época foi uma boa surpresa. Depois de tantas turnês de “despedidas” e mais de uma década depois de seu antecessor, era natural imaginar que a banda talvez não tivesse o gás para escrever novas músicas. É raro bandas com tamanha longevidade lançarem bons álbuns tão tarde na discografia, principalmente álbuns que saibam explorar suas glórias do passado sem soar apelativo ou desonesto. O Kiss mostra aqui que não há nada de errado em apostar no que já foi consagrado, contanto que seja de maneira orgânica. Além de continuarem mostrando também que é possível escrever rock seguro e comercial, apto para tocar em rádios, sem perder a qualidade musical.

Formação:

Paul Stanley – Vocal, guitarra base

Gene Simmons – Vocal, baixo

Tommy Thayer – Guitarra solo, vocal

Eric Singer – Bateria, vocal

Track listing:

01 – Modern Day Delilah – 03:37

02 – Russian Roulette – 04:33

03 – Never Enough – 03:27

04 – Yes I Know (Nobody’s Perfect) – 03:02

05 – Stand – 04:51

06 – Hot and Cold – 03:36

07 – All for the Glory – 03:50

08 – Danger Us – 04:22

09 – I’m an Animal – 03:47

10 – When Lightning Strikes – 03:45

11 – Say Yeah – 04:27

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