Aqui estamos novamente na Roadie Metal Cronologia para falar de uma das bandas mais emblemáticas do cenário mundial, seguindo pela história da banda KISS e marcando o passo de 1981 em Music from “The Elder”.
Um álbum conceitual no início dos anos 80, um fracasso crítico e comercial, isso foi jogado no lixo durante o crepúsculo da carreira da banda. Provavelmente teria sido do meu interesse ignorar a súbita compulsão de ouvir esse disco, mas eu me considero um pouco masoquista quando se trata de música, sempre estou na contra-mão do sistema e obviamente não sigo a tendência.
Com o início dos anos 80, o Kiss alcançou o pico e começou uma longa queda. Seu álbum anterior, Unmasked, tinha vendido muito mal, e o baterista original Peter Criss havia partido da banda. Eles teriam que fazer algo drástico, ou arriscariam cair na obscuridade. O vocalista Gene Simmons e o guitarrista/vocalista Paul Stanley decidiram que uma declaração artística radical era necessária pela banda, e que era a única maneira de reviver o interesse em sua estética datada. Eles se uniram ao produtor Bob Ezrin, que já havia trabalhado em um dos mais conceituados álbuns conceituais de todos os tempos, The Wall, do Pink Floyd, e assim o palco estava montado, por tragédia e alegria. Eles até pegaram um inconsistente Lou Reed para ajudá-los a escrever algumas faixas.
Você pensaria que o enorme ego de Gene Simmons o impediria de seguir o caminho conservador, criando a bagunça mais inchada e excessivamente tolerante que pudesse. Mas de alguma forma, a história e a instrumentação aqui são reflexos da natureza estéril de cada um, fazendo com que o Kiss soasse menos como uma banda desesperada à beira do colapso e mais como uma banda cansada que já aceitou a derrota.
Primeiro, o enredo deve ser considerando, e a parte fraca neste conceito é o que o torna uma ridícula atração. Trata-se de um menino sem nome, que é escolhido por uma organização vaga e benevolente chamada Ordem das Rosas para combater as forças do mal. Ele é orientado por um ancião chamado Morpheus, e muitas das letras do álbum se fixam no diálogo interno do garoto quando ele passa por seus estudos e pela transformação pessoal. Sim, todo o conteúdo lírico do álbum está descrevendo uma sequência narrativa, que seria relegada a uma montagem de 30 segundos se fosse parte de um filme. E, como resultado conseguimos ouvir uma grande sequência de erros que presentes, fato que não aconteceria se o Kiss tivesse usado um pouco sua imaginação e expandido o escopo da história.
Os momentos fugazes da comédia neste álbum vêm na entrega das linhas de Gene Simmons, como em “Just a Boy” onde ele adota vários estilos vocais, aparentemente tentando ser dezenas de vocalistas de Rock progressivo de uma só vez. E é difícil esquecer a tentativa da banda em soar como Beach Boys, a ponte de ‘Odyssey’ e a mistura de elementos acústicos com o piano pulam de uma forma tão brutal que não poderia ser pior encaixada.
https://www.youtube.com/watch?v=kqp3nMQ8XV0
É difícil atribuir crédito à história do álbum, quando a coisa toda parece um grande prólogo. Eu me pergunto se eles não poderiam ter aderido a algum tipo de conflito, ou clímax, ou qualquer tipo de drama que fizesse este álbum conceitual parecer menos com a caricatura de Gene Simmons.
Agora, é verdade que nem todo álbum conceitual é necessariamente uma “história”. O trabalho de Blut Aus Nord, “The Work Which Transforms God“, é um álbum conceitual principalmente instrumental que aborda várias questões metafísicas. Mas a partir das notas de abertura de “Just a Boy”, as intenções do Kiss são claras , isso deveria ser um épico mas está longe de estar a par das maiores obras da literatura do século XX. Isso pode não fazer sentido para os humanos racionais, mas eu acredito plenamente que Gene Simmons achou que ele conseguiria.
https://www.youtube.com/watch?v=8mXVXwAYizE
Acontece que ele não seria capaz de agrupar uma instrumentação tão emocional com letras vibrantes jamais, mas não por falta de tentativas. Além do “Odyssey“, o Kiss remete a vários estilos, instrumentos e bandas diferentes aqui, e todos eles se tornam totalmente mundanos pela pura preguiça das composições. As notas são amontoadas em quase todas as faixas e é quase como se elas fossem adicionados muito depois de o restante do álbum estar completo, é como se o conceito da música passasse pelo corretor e fosse necessário pequenos ajustes para possivelmente agradar ao público.
‘Only You’ é composta por arranjos frescos e com cara dos anos 70 mas não há peso nesses acordes e nenhum impulso para leva-la como um começo de festa barulhento, soando mais como uma mera música desaparecendo no fundo. Uma vez que eles já se cansaram de sintetizadores analógicos eles parecem desistir, produzindo um número de músicas de hard rock ridiculamente pobres. Eles realmente atingiram o fundo do poço aqui.
A produção do álbum não ajudou em seu caso. Mesmo em comparação com as técnicas de mixagem médias dos anos 80, é terrivelmente plano e todos os instrumentos soam desconexos. O disco inteiro é um buraco negro de falta de originalidade, um esforço desperdiçado por uma banda que realmente não tinha nada a perder na época.
Track listing:
01 – The Oath
02 – Fanfare
03 – Just A Boy
04 – Dark Light
05 – Only You
06 – Under The Rose
07 – A World Without Heroes
08 – Mr. Blackwell
09 – Escape From The Island
10 – Odyssey
11 – I
12 – Finale
Membros da banda:
Gene Simmons – Baixo e Vocal
Paul Stanley – Guitarra e Vocal
Ace Frehley – Guitarra Solo
Eric Carr – Bateria