Em 1985, o mundo do Rock/Metal e principalmente dos seguidores da banda Mercyful Fate receberam a inusitada notícia da separação da banda, motivada por diferenças musicais entre alguns membros da banda.
Sob a alcunha de King Diamond, o vocalista dinamarquês Kim Bendix Petersen, dotado de uma total consciência de seu talento e voz peculiar, não demorou muito em criar meios para dar continuidade à sua carreira musical e convidou os ex-companheiros de banda Michael Denner e Timi Hansen, para juntarem-se a Andy LaRocque e Mikkey Dee para formarem um novo projeto da sua carreira pessoal.
Juntos, iniciaram os ensaios e planejamentos para esta nova fase, e o quanto antes lançaram (no ano seguinte),o que para muitos seria um novo capítulo da história do metal: o álbum de estréia ‘Fatal Portrait’.
‘Fatal Portrait’ é um projeto que pretendia fazer uma ponte entre o ocultismo, bruxas, demônios e contos de horror ao estilo consagrado pelo Merciful Fate. A diferença contudo seria a teatralidade que virou marca registrada de King Diamond. Em ‘Fatal Portrait”, esse esforço para alcançar a criação de um estilo próprio, pode já ser percebido nas primeiras quatro músicas, “The Candle”, “The Jonah”, “The Portraid” e “Dressed in White”.
Estas canções formam as capitulações de uma história de horror que conta sobre um homem que liberta o espírito assombrado de uma menina chamada Molly, presa em cada vela (!) da casa. (Teria ele se inspirado em sensações alucinógenas? Ahaha… não sabemos!)
Vamos em frente, este estilo musical desenvolvido por Diamond, na criação de contos de terror em formato de musica e performances teatrais cheias maquiagens e fantasias, chegou ao ápice em ‘Abigail’, álbum que viria a suceder ‘Fatal Portrait’ e para muitos, o maior clássico da carreira do dinamarquês.
Em aspecto lírico, o restante das faixas do álbum mantém a fórmula usada por King Diamond na sua banda anterior, baseada em letras sombrias, riffs pesados e as linhas de falsete de King, entretanto, as músicas apresentam uma estrutura mais melódica e tradicional, usando uma cadência estrutural bem ao estilo”verso-refrão-verso-refrão”.
Com uma expressão rítmica bem sólida, este álbum permite uma excelente base para as linhas de guitarra melódica e pesada, além de vocais dramáticos misturados aos altos falsetes com ocasionais grunhidos demoníacos, risadas…
É possível reparar que as letras também evoluíram dos temas “satânicos” utilizados na época do M.F. para uma linha artística mais dos contos de terror, tornando este álbum provavelmente o álbum MAIS fácil de ouvir na carreira de King Diamond.
Canções como as já citadas “The Candle”, “The Jonah”, bem como “Charon” e especialmente “Halloween” são muito acessíveis, de fácil entendimento e aceitação e tornam-se rapidamente clássicos, tendo feito parte do repertório de shows por muitos anos.
Mesmo que às vezes pareça que o álbum tenha uma certa falta de identidade ou encontremos nele algumas faixas de preenchimento, como a instrumental “Voices From The Past”, é necessário recordar que ‘Fatal Portrait’ foi um embrião do trabalho de King Diamond. Ainda assim continua a ser um dos melhores álbuns de sua carreira e ajuda a perpetuar o cantor como uma das mais respeitadas figuras do cenário musical do Rock pesado.
A questão é que você pode odiar ou amar a voz estridente que sai em alto e bom som das cordas vocais afinadíssimas (como cordas de um violino), deste artista. Pode até não curtir essa onda de historinhas de terror no palco ou mesmo na execução das musicas e ainda poderá ser exatamente isso que te encanta neste sujeito, mas uma coisa todos irão concordar: King Diamond é ORIGINAL, mesmo que fortemente influenciado por Alice Cooper, lembrando vagamente a proposta do Venom e experimentando a força de um vocal fora do normal como de cantores consagrados (Dio, Rob Halford e até mesmo o ‘lindão’ do Bruce Dickinson).
Mas Diamond é o nosso tiozão “sessentão” que começou seu trabalho de experiências artísticas numa época em que existia pouco passado, menos plágio e menos referências, tipo aquelas pesadas como “Greta…” e “Led…”. Então este artista merece ser ovacionado, eu disse “ovacionado” – aclamado com tudo que acreditou de si e de seu trabalho. Os shows ainda lotam!
A sacada de criar seu projeto foi tão interessante, que o Mercyful Fate nos anos 90 não tiveram “orgulho” nenhum e voltarem temporariamente, o que jamais fez Diamond de desistir do seu lugar no trono das grandes performances originais.
Não ouça apenas ‘Fatal Portrait’. Conheça também os seus outros trabalhos. Abra a mente, o Google Tradutor e sinta-se ouvindo um audiobook de contos terror, na terrível voz do indelével King Diamond!
Formação:
King Diamond (vocal, guitarra na faixa 08)
Andy LaRocque (guitarra)
Michael Denner (guitarra)
Timi “Grabber” Hansen (baixo)
Mikkey Dee (bateria)
Faixas:
01. The Candle
02. The Jonah
03. The Portrait
04. Dressed in White
05. Charon
06. Lurking in the Dark
07. Halloween
08. Voices from the Past (Instrumental)
09. Haunted