Em seu quarto álbum em uma diferença de pouco mais de dois anos, o King Crimson enfrentou alguns problemas na época do lançamento de “Islands“, em Dezembro de 1971. Primeiramente o álbum não foi tão bem recebido pela crítica e fãs. Hoje me dia boa parte já o considera um ótimo álbum. Muito por conta da troca de membros na banda ea edição do álbum sendo feitas ás pressas em meio a turnê.
É o único a conta com o vocalista Boz Burrell, que dois anos mais tarde entrou para o Bad Company para tocar baixo. Uma curiosidade é que Burrell entrou para o Crimson justamente quando precisavam de um baixista, assim o guitarrista Robert Fripp o ensinou rapidamente a tocar o instrumento, que acabou o levando ao sucesso comercial mais tarde.
“Islands” também mostra a banda fazendo o seu último álbum com o som Progressivo tradicional setentista, sendo também o último a contar com as letras de Peter Sinfield, que não faria mais parte da banda no álbum seguinte, “Larks’ Tongues in Aspic“.
Musicalmente, é um álbum rico, como manda a cartilha do Rock Progressivo, tem muitas passagens instrumentais que nos lembram até o Pink Floyd nos primórdios. A primeira faixa, “Formentera Lady“, por exemplo, em seus dez minutos de duração, conta com um lado mais psicodélico em certos momentos, com muitos improvisos de piano, violão e violino. Já “Sailor’s Tale” tem um lado puxado para o Jazz, com o saxofone predominante. Ainda conta com um ótimo solo de guitarra em seu clímax. “The Letters” começa mais emotiva com melodias alternadas no violão, combinando bem com a voz suave de Burrel, em sua metade a música cresce, explodindo bem ao estilo da banda, antes de retornar ao tom melódico e suave para encerrar a faixa.
Em “The Ladies of the Road” o destaque é a performance de Mel Collins em seu sax que domina a música, A guitarra também faz um ótimo trabalho encaixando-se com o coro. A letra, hoje em dia, é considerada sexista e é altamente repudiada por alguns movimentos feministas, mas isso é assunto pra outro momento. “Prelude: Song Of The Gulls” é exatamente o que o título diz, um prelúdio que acaba se encaixando perfeitamente com o início da faixa-título, essa que é uma faixa triste, com belas melodias acompanhadas pelo piano e flauta, com a voz transmitindo uma certa melancolia. O violino acompanhando ainda traz esse tom sombrio.
“Islands” é uma álbum de transição da banda, que abandonaria essa temática Progressiva para fazer um som mais pesado, com outra formação. É um Play que pode ser difícil de assimilar em uma primeira audição, mas que merece sim uma chance. Talvez por ser esse álbum transitório, tenha conquistado uma importância tardia que os fãs da época não foram capazes de assimilar, mas o tempo trouxe essa aceitação e hoje o reconhecimento por “Islands” é enorme. Vale a pena dar uma conferida.

Islands – King Crimson
Data de lançamento: 03/12/1971
Gravadora: Virgin Records
Tracklist:
01. Formentera Lady
02. Sailor’s Tale
03. The Letters
04. Ladies of the Road
05. Prelude: Song of the Gulls Islands
06. Islands
Formação:
Robert Fripp – guitarra, mellotron, harmônio
Boz Burrell – baixo, vocal
Mel Collins – flauta, saxofone, vocal
Ian Wallace – bateria, percussão, vocal
Peter Sinfield – letras