Os canadenses do Kataklysm são o retrato da evolução musical. Desde os seus primeiros álbuns, mesmo com produção mais precária, a banda faz um Death Metal com elementos do Grindcore com bastante qualidade; ainda que o som inicial da banda não me agradasse nem um pouco, o que foi mudando com o passar dos anos.
Por coincidência, ou não, o álbum que me fez começar a prestar atenção na banda é o qual eu fui premiado e fazer a resenha hoje, “In The Arms Of Devastation” de 2006, pra mim, é onde a banda finalmente encontrou sua identidade, onde as coisas se acertaram de vez — algo que vinha já se encaminhando com os dois lançamentos anteriores, mesmo com a pouca aceitação positiva do álbum de 2004, “Serenity in Fire” — e, na época, era o melhor trabalho da banda em anos.
O álbum foi mais uma vez produzido pelo guitarrista Jean-Francois Dagenais, que vinha produzindo os álbuns da banda desde o segundo álbum, “Temple of Knowledge“, de 1996.
O som mais melódico e moderno é encontrado em faixas como a de abertura, “Like Angels Weeping (The Dark)“, que começa com uma pequena intro falada e depois é só porrada, com um ótimo riff e a bateria explodindo os bumbos. Na terceira faixa, “Crippled & Broken“, encontramos esses elementos também, com um Groove mais acentuado, mas com a velocidade ainda predominando. “To Reign Again” segue essa linha do mais melódico, com uma intro limpa bastante interessante.
“It Turns to Rust” é outra faixa interessante, não tão criativa, mas com uma participação da ótima Morgan Lee Lander (Kittie), que deixa a faixa muito mais encorpada e dinâmica em seus “duetos” com o também ótimo Maurizio Iacono. Vale também mencionar a mais cadenciada, porém bastante pesada “Temptation’s Nest“, essa se destaca justamente pela cadencia, com um lado mais Groove interessante.
Outras faixas são mais tradicionais de acordo com o estilo da banda, como “Let Them Burn“, mais rápida e agressiva; “Open Scars“, também no mesmo estilo, com um ótimo riff e com aquela pisadinha no Grindcore.
“In Words of Desperation” nos encaminha para o fim do álbum com muita técnica, com um ótimo trabalho da bateria, que alterna o tempo várias vezes com ótimas viradas.
Encerrando, temos “The Road To Devastation”, onde participam o vocalista Tim Roth e o guitarrista Rob Doherty, do Into Eternity. A faixa tem um lado melodioso muito interessante, lembrando algo dos primórdios do Trivium, por exemplo. É perfeita pra fechar o álbum, deixa uma boa impressão do álbum, que dessa vez acertou em cheio em tudo.
Por fim, esse foi o pontapé inicial para a ascensão da banda, foi onde conseguiram um som mais sólido e seguro com riffs bem dinâmicos, indo do Death Metal tradicional ao Groove Metal com facilidade, o que deu um toque interessante ao álbum. Daqui em diante a banda só cresceu e apenas consolidou o que começou a ser feito naquele ano e hoje, mesmo não figurando entre os grandes nomes do gênero, sempre causa a curiosidade a cada lançamento.
Formação:
Maurizio Iacono (vocais);
Stéphane Barbe (baixo);
Jean-Francois Dagenais (guitarras, produção);
Max Duhamel (bateria).
Faixas:
01. Like Angels Weeping (The Dark)
02. Let Them Burn
03. Crippled & Broken
04. To Reign Again
05. It Turns to Rust (feat. Morgan Lander)
06. Open Scars
07. Temptation’s Nest
08. In Words of Desperation
09. The Road to Devastation (feat. Tim Roth and Rob Doherty)
-
7.5/10