O Kansas é uma daquelas bandas que atravessam os anos e conseguem conquistar diversas gerações futuras, não só com a sua longevidade, mas principalmente com a sua capacidade criativa, que mesmo praticando uma vertente do rock não muito popular, que é o rock progressivo, tem-se mantido bem ao longo de seus quase 50 anos de estrada. O álbum inaugural desta jornada, autointitulado, havia sido lançado em 1974 e no final do mesmo ano, a trupe de Topeka-Kansas/EUA já entrava novamente em estúdio para gravar seu segundo trabalho, denominado “Song for America”.
As gravações iniciaram em dezembro de 1974, no Wally Heider Studios, em Los Angeles-Califórnia/EUA, e lançado em fevereiro de 1975, pela gravadora Kirshner (EUA) e Epic, no restante do mundo. A produção do álbum ficou por conta de Jeff Glixman e Wally Gold, este último que já havia produzido o debut. O som de “Song for America” segue a mesma veia progressiva com pitadas de blues, ouvida no primeiro trabalho, porém com “apenas” 6 faixas. Digo apenas porque 3 canções ultrapassam a casa dos 8 minutos. Aqui podemos nos deliciar com passagens progressivas quase épicas e sinfônicas, com belíssimas orquestrações, que chegam a lembrar o Rush, que naquela ocasião também já estava maravilhando o mundo com suas canções de tirar o fôlego. “Song for America” foi muito bem recebido pela crítica, estreando na posição #57 da Billboard. Até 1980, já havia vendido mais de 500 mil cópias, recebendo certificação de ouro pela RIAA.
Em 2004, o álbum foi remasterizado e relançado em formato CD, sendo incluídas uma versão reduzida da faixa-título, e as versões ao vivo de “Down the Road” e “Incumudro-Hymn to the Atman”.
A faixa que abre o álbum chama-se “Down the Road”, que traz os vocais principais de Robby Steinhardt. Musicalmente, é um hard rock festivo com levada bluezy, com destaque para as linhas de baixo executadas por Dave Hope. Em seguida, vem a faixa-título “Song for America”. Com seus mais de 10 minutos de uma avalanche progressiva, a música, que é um clássico absoluto, foi também o primeiro single do Kansas, lançada mais tarde com apenas 3 minutos para execução em rádio. A canção é viajante, com destaque para os teclados, que conduzem toda a melodia. O lado A se encerra com “Lamplight Symphony”, com mais de 8 minutos. A canção é uma balada introspectiva, com algumas passagens mais épicas em alguns momentos.
“Lonely Steet”, abre o lado B, começando com baixo e voz, numa levada de blues mais sombrio. Traz um instrumental mais cadenciado, dando a faixa um ar misterioso. “The Devil Game” é fortemente levada pelos teclados, lembrando o Rush, na mesma linha da faixa-título, porém mais agitada. E então chegamos a “Incomudro-Hymn to the Atman”, a gigantesca canção de mais de 12 minutos, que encerra o álbum. A música é densa, trazendo um lindo instrumental e algumas quebras no ritmo, bem características do rock progressivo e ainda nos brinda com um solo de bateria.
Não se pode negar a qualidade dos músicos aqui envolvidos, que apesar de ainda jovens brindam os ouvintes com canções maduras, fortes e vigorosas. Um trabalho magnífico. Na minha opinião os grandes destaques da obra são o baixista Dave Hope e os trabalhos de teclados, sejam pelos sintetizadores e piano de Kerry Livgren, como de Steve Walsh, que também é o principal vocalista. Não é à toa, portanto, que como banda, o Kansas tem deixado um rastro de grandes canções, que são clássicos absolutos, não só do rock progressivo, como da própria história do rock, há quase 50 anos.
Tracklist:
01. Down the Road (03:43)
02. Song for America (10:03)
03. Lamplight Symphony (08:17)
04. Lonely Street (05:43)
05. The Devil Game (05:04)
06. Incomudro-Hymn to the Atman (12:11)
Formação:
Steve Walsh: Vocais, sintetizadores, piano, órgão, ARP, backings
Robby Steinhardt: Violino, backings
Kerry Livgren: Guitarra rítmica, moog, piano, ARP
Rich Williams: guitarras elétrica, acústica e rítmica
Dave Hope: Baixo
Phil Ehart: Bateria