Roadie Metal Cronologia: Kamelot – The Shadow Theory (2018)

Chegamos hoje ao fim de mais um Roadie Metal Cronologia, que você, leitor, teve o prazer de acompanhar durante esses dias um pouco da história do Kamelot, através dos seus álbuns de estúdio, na visão de cada redator. Por isso, o assunto aqui é ‘The Shadow Theory’, de 2018.

Lançado em abril daquele ano, pela Napalm Records, o décimo segundo álbum da banda – terceiro com o vocalista sueco Tommy Karevik -, ainda gerou dúvidas nos ouvintes eternamente inconformados com a saída do norueguês Roy Khan (atualmente no Conception), do mesmo jeito que agradou quem curtiu a nova fase. Seja como for, o Kamelot tem experiência de sobra quando o assunto é Power Metal e não é à toa que ocupa o posto de uma das bandas mais expressivas do estilo em todo o mundo.

Após a curta instrumental “The Mission”, mesmo o menos conhecedor do trabalho da banda já reconheceria seu som nos primeiros instantes de “Phantom Divine”. As características de sempre estão lá, como bateria com rompantes de velocidade, camadas de teclados bem elaborados e um vocal melódico, além de não ceder às armadilhas da enrolação. Cá entre nós, o manda chuva do Kamelot não seria tolo em escolher um vocalista que soasse completamente diferente do anterior, preferindo manter um certo grau de similaridade. Não sou contra esse tipo de atitude, desde que o novo escolhido desempenhe com destreza sua função, o que felizmente aconteceu com o sueco.

Apesar de ser muito fácil dizer que as principais características da banda tenham sido mantidas intocadas, a mesma não parou no tempo e abraçou elementos que a deixem sempre atual. Prova disso é “Ravenlight” que começa com uma pegada mais moderna, mas ainda nos reserva solos de teclados, como os feitos lá nos anos 90. A próxima, “Amnesiac” nos transmite a mesma sensação, com efeitos bem curiosos de teclados e uma pegada que vai de encontro com algo quase Industrial. As linhas vocais podem enganar um ouvinte desatento, fazendo-o acreditar ser o  Roy Khan em diversos instantes – não só nesta faixa, mas em todas as outras, diga-se de passagem.

Confesso que conheço bem superficialmente os outros dois trabalhos da nova fase, mas ouvindo ‘The Shadow Theory’ tenho a impressão de que o Kamelot está conseguindo aos poucos soar mais solto e criar naturalmente suas composições, sem a pressão de gravar um grande álbum ou angariar novos apreciadores. E isso é muito válido, pois a partir do momento que uma banda se preocupa excessivamente apenas com esses detalhes, sua qualidade musical pode ser gravemente afetada.

Como nunca tiveram medo de arriscar com diferentes elementos, “Burns to Embrance” soa agradavelmente diferente, aliando primorosas partes instrumentais a um refrão muito bom que fica na cabeça tempos depois da audição. O coral, usado sabia e comedidamente, dá um toque extra.

Oliver Palotai também sabe extrair notas emocionais de suas teclas de piano, e é assim que começa, se desenvolve e termina “In Twilight Hours”, com uma carga emotiva bem forte, onde Tommy Karevik divide os vocais com a alemã Jennifer Haben, da banda Beyond the Black. A interpretação da moça combinou perfeitamente com a proposta da faixa e com o som da banda em si. O que mostra que convidados especiais devem ser escolhidos a dedo, para realmente acrescentar e não apenas para ficar bonito no encarte ou em um vídeo clipe.

Para quem chega na metade de um álbum sem o achar cansativo, na maioria das vezes é um ótimo sinal. Não é diferente aqui, com o cuidado das composições em todos os aspectos: diversidade, produção, instrumental e vocal. Observações a parte, “Kevlar Skin” traz uma pegada mais simples, porém veloz e agressiva, que mesmo o trabalho não estando cansativo, estava fazendo falta uma faixa desse tipo. Mas as coisas retornam ao habitual com “Static”, que apesar de manter o alto nível de qualidade, começa a ir de encontro ao lado comercial. Mas não se assuste, pois a dinâmica “Mindfall Remedy” tira esse gosto da boca, com direito até a backing vocal gutural da estadunidense Lauren Hart (Once Human).

“Stories Unheard” dá um chega pra lá no “excesso” de elementos modernos e se apresenta como uma faixa mais tradicional e discretamente pomposa, que só mostra que diversidade é algo abundante aqui – e espero que mantenham isso em futuros lançamentos. Se o trabalho tivesse sido encerrado com ela, já estaria de bom tamanho, mas ainda temos outras três surpresas.

Algumas orquestrações épicas ao fundo, uma bateria mais encorpada e um solo simplesmente melodioso (sem aquelas escalas exageradamente vazias) são algumas das marcas de “Vespertine (My Crimson Bride)”, que facilmente remete ao Kamelot dos dias passados. Não é implicância minha com as partes mais atuais, até porque curto, mas sinto que a banda se sente mais à vontade executando uma sonoridade mais tradicional e sem tantos aparatos “futuristas”.

Das breves notas de piano, “The Proud and the Broken” vai da grandiosidade até inesperados e breves momentos sombrios (amparados novamente pelos backings de Lauren Hart), e uma guitarra bem interessante do chefe Thomas Youngblood. Assim como começou instrumental, o álbum termina da mesma maneira com “Ministrium (Shadow Key)”, uma peça orquestral que finaliza bem o tracklist e que deve cair como uma luva em encerramentos de shows, naquela parte onde a banda se reúne na frente do palco para agradecer ao seu público, tirar fotos e blá blá blá.

“The Shadow Theory” se mostrou mais uma surpresa bastante agradável e que certamente irei ouvir muitas e muitas outras vezes. Se você curte Kamelot, mas também nunca ligou muito para essa nova página da história deles, pelo menos recupere esses dois anos que se completaram deste lançamento… Assim como eu estou fazendo!

NOTA: 8,5

Kamelot – The Shadow Theory
Lançamento: 06 de abril de 2018
Gravadora: Napalm Records

Formação:
Tommy Karevik (vocal)
Thomas Youngblood (guitarras)
Sean Tibbetts (baixo)
Johan Nunez (bateria)
Oliver Palotai (teclados e orquestrações)

Tracklist:
01. The Mission (Instrumental)
02. Phantom Divine (Shadow Empire)     
03. Ravenlight
04. Amnesiac
05. Burns to Embrace
06. In Twilight Hours
07. Kevlar Skin
08. Static
09. Mindfall Remedy
10. Stories Unheard
11. Vespertine (My Crimson Bride)
12. The Proud and the Broken
13. Ministrium (Shadow Key) (Instrumental).

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