Dois anos após o lançamento de “Painkiller” (1990), o Judas Priest perdia a figura icônica de Rob Halford, o que ocasionou em um período de quatro anos de inatividade da banda. Com o grupo parado, os integrantes desenvolveram seus respectivos projetos, exceto o baterista Scott Travis, que seguiu com o Metal God em sua nova jornada.
Em 1996, os guitarristas K. K. Downing e Glenn Tipton se reuniram para definir os rumos do Judas Priest. Mas para voltar à ativa a banda não podia contar com Rob Halford. A solução foi o cantor norte-americano Tim Owens, que integrava uma banda tributo ao Priest. De fã, o músico passou a integrar o grupo ao qual homenageava. A história de Owens serviu de inspiração para um filme chamado “Rockstar” (2001), que conta com nomes como o guitarrista Zakk Wylde e o baterista Jason Bonham.
No novo grupo, Tim Owens recebeu o apelido de “Ripper”, vindo da música de mesmo nome. Em 1997 a banda finalmente lança “Jugulator”, que traz novas características ao som do Judas. As mudanças desagradaram tanto público quanto crítica, dando ao álbum o desagradável status de um dos piores da discografia da banda.
Álbum este que abre com a faixa-título, que começa lenta, mas com alguns riffs de guitarra. Tim “Ripper” Owens encaixa bons agudos, mas a dupla de guitarristas reveza as atenções com o vocalista. K. K. Downing e Glenn Tipton destilam vários riffs matadores ao longo da música.
A próxima, “Blood Stained”, começa mantendo o peso da anterior e segue mostrando a que veio o substituto de Rob Halford. Porém a faixa tem um andamento muito arrastado, sendo salva praticamente apenas pelos riffs de guitarra. A terceira faixa, “Dead Meat”, segue a linha do que o Judas apresentaria no disco inteiro, com o peso das guitarras e o bom desempenho de Tim Owens, mas falta um pouco mais de dinâmica para o álbum. As faixas parecem muito paradas e sem evolução.
Isso até que chega “Death Row”, onde já dá para perceber um pouco mais de dinamismo. O refrão é grudento até certo ponto, o que já é uma grande melhoria no álbum como um todo, tendo inclusive um Tim “Ripper” Owens mais solto. “Decapitate” é mais uma faixa arrastada, mas com uma interpretação diferente de Tim Owens em alguns trechos, com um pouco mais de agressividade.
Em seguida temos “Burn In Hell”, que começa de forma mais intimista, com Tim “Ripper” cantando com uns solos ao fundo. Assim como em “Death Row”, o vocalista está bastante à vontade, mostrando tudo que sabe fazer. Definitivamente é o melhor desempenho de Owens. Outro destaque da faixa é Scott Travis, que na parte final começa a destruir na bateria.
Sirenes de polícia abrem “Brain Dead”, que, assim como em “Decapitate”, tem um dos andamentos mais lentos do disco. Em “Abductors” temos um dos maiores exemplos de como Tim “Ripper” Owens pode ser versátil na forma de cantar. As linhas de baixo de Ian Hill são mais encorpadas. Já “Bullet Train” é um pouco mais empolgante que as anteriores, com as guitarras despejando mais riffs e um refrão grudento e marcante. A faixa chegou, inclusive, a ser indicada ao Grammy na categoria “Melhor Performance de Metal” em 1998.
A longa “Cathedral Spires” encerra o disco com uma nova interpretação de Tim Owens na parte inicial, mais uma que mostra a versatilidade do vocalista, nos remetendo a nomes como King Diamond (o que ele fez durante boa parte do álbum, diga-se de passagem) e até o próprio Rob Halford, mas em menores proporções, claro. O instrumental encaixa bem, mas a falta de um pouco mais de velocidade compromete não só esta faixa, mas o álbum inteiro.
De forma geral, em “Jugulator” temos um Judas Priest soando de forma bem diferente do que os fãs ficaram acostumados. É sabido que Tim “Ripper” Owens entrou numa fogueira ao substituir o Metal God (situação que se repetiria anos mais tarde ao entrar no lugar de Matt Barlow no Iced Earth), mas o desempenho individual da então nova voz da banda, que foi bem satisfatório, acabou de certa forma ofuscado pelas fracas músicas presentes no disco.
Formação:
Tim “Ripper” Owens (vocal);
Glenn Tipton (guitarra);
K. K. Downing (guitarra);
Ian Hill (baixo);
Scott Travis (bateria).
Faixas:
01 – Jugulator
02 – Blood Stained
03 – Dead Meat
04 – Death Row
05 – Decapitate
06 – Burn In Hell
07 – Brain Dead
08 – Abductors
09 – Bullet Train
10 – Cathedral Spires