Infinity (1978) é o quarto álbum de estúdio da banda americana de Rock chamada Journey. O trabalho foi lançado em 20 de janeiro de 1978 pela Columbia Records. Este foi o primeiro álbum da banda a contar com o vocalista Steve Perry, com quem a banda atingiria seu maior sucesso comercial nos anos seguintes e também foi o último disco a contar com o baterista Aynsley Dubar.

Uma curiosidade do álbum é que o vocalista que começou a gravar o trabalho foi Robert Fleischman. Uma das faixas que ele gravou, a For You, acabou aparecendo no box Time (1992) e também no álbum solo do músico, o Perfect Stranger (1979). Porém, por diferenças musicais e de gestão, Fleischman foi substituído por Steve Perry.

Fleischman viria a ressurgir na mídia como o primeiro vocalista da banda de Glam Metal chamada Vinnie Vincent Invasion.

A entrada de Steve Perry na banda contribuiu muito para que seu trabalho atingisse de vez o mainstream, fazendo com que a banda gravasse seus maiores sucessos no período em que ele assumiu os vocais da banda. Sua forma de cantar e de compor contribuíram muito para este sucesso.

O empresário Herbie Hebert recrutou o produtor inglês Roy Thomas Baker para produzir o álbum Infinity (1978). O som foi trabalhado tendo sua abordagem feita em camadas, semelhante ao trabalho desempenhado pela banda Queen; podemos notar isto na faixa Winds of March, por exemplo. Aliás, o método de harmonias empilhadas, adotado por Baker, tornou-se marca registrada do som de Journey nos trabalhos seguintes. A técnica consistia em que cada músico que contribuísse com sua voz nas faixas cantasse cada parte da harmonia em uníssono, o que fez com que três ou quatro vozes soassem como mais. Tal técnica é facilmente observada em canções como Felling that Way e Anytime.

Grande parte das bandas de Rock costuma colocar mais intensidade e peso na faixa de abertura do disco, para chamar a atenção do público e prendê-la para o decorrer do trabalho, porém em Infinity (1978) o Journey apostou em uma faixa bem mais cadenciada em sua abertura. Tanto a primeira faixa, Lights, e a segunda, Felling That Way, apresentam uma abordagem mais tranquila, não sendo exatamente o que a banda apresenta no geral. Ambas apresentam uma calmaria inicial que é substituída por uma crescente até chegar no solo de guitarra. De qualquer forma, o refrão e a melodia de voz são muito marcante nas duas faixas, mostrando uma nova forma de a banda criar suas músicas.

A primeira faixa com uma sonoridade mais Rock and Roll é a terceira, a faixa Anytime. Aproveitando das técnicas de encaixar os conjuntos de voz, a banda apresenta uma sonoridade bem robotizada e “futurista”, apresentando a mixagem que seria muito utilizada na década de 80 com seus reverbs absurdos e aquele som de eco marcante na bateria.

 Mas se é para o som soar mais como Rock and Roll do que um Pop qualquer, a faixa que mais tem esta característica é a quarta. A música La Do Da apresenta ótimos arranjos instrumentais desde de seu início, com ataques de bateria e um solo de guitarra já na introdução. Sem dúvidas, para mim, deveria ser a faixa de abertura do trabalho, assim traria outra expectativa para os amantes do Rock and Roll e da banda.

Uma boa banda que apresentou seu auge nos anos 80 tem que saber fazer uma boa balada. Em Patiently o Journey não decepciona nesta tarefa, apresentando uma balada melancólica muito bem trabalhada, com seu refrão marcante e com aquele arranjo instrumental que apresenta uma sonoridade crescente, principalmente após o primeiro refrão, quando todos os instrumentos entram junto de um solo melódico e bem trabalhado, talvez o melhor do disco. A faixa, mesmo sendo uma balada, apresenta seu peso quando o instrumental ganha intensidade de uma vez, sendo inusitada e não repetindo o refrão várias vezes apenas para ver o público com seus isqueiros acesos no show.

Já a faixa Wheel in the Sky apresenta a sonoridade do início do disco, com alguns arranjos de guitarra com maior destaque. Mais uma vez as vozes aparecendo em uníssono do refrão são bem notadas e se destacam. O solo de guitarra é bem melódico e casa muito bem com a cadência da música. É a típica música de coletânea que poderia ser facilmente sucesso na década seguinte ou trilha sonora de algum filme de luta dos anos 80.

Em Something to Hide o vocalista Perry alcança, possivelmente, as notas mais agudas de todo o disco. A faixa em si, na minha opinião, não tem muito a oferecer além de uma melodia interessante e um bom solo de guitarra, no mais é parecida com outras várias do período.

Chegando à faixa Winds of March temos uma balada que ganha intensidade em seu decorrer e apresenta dois solos: um de teclados e, em seguida, um de guitarra. Na verdade, este solo de guitarra é o melhor do disco. Esta faixa surpreende, apresentando uma parte diferente do restante ao chegar no solo, voltando para o som inicial quando retorna a letra. Uma das faixas mais bem trabalhadas do disco, sabendo alternar bem as emoções da canção.

A penúltima faixa é a Can Do, outra que seria forte candidata a abrir o disco. Aliás, sua pegada Rock and Roll se estivesse na abertura do disco faria com que os ouvintes vissem o trabalho de outra forma. O riff de guitarra, a intensidade que ela apresenta e as quebras de expectativa em seu decorrer mostram o que a banda era capaz de produzir. Ótima faixa, merecia maior destaque na carreira da banda e, sim, esta é a melhor do disco.

Para encerrar o disco, aquela balada de despedida crescente e melancólica. Com o decorrer da faixa, ela vai ganhando novas formas, porém sem muita intensidade, mantendo a leveza. Mais uma vez o solo de guitarra é bem trabalhado.

O disco é um bom trabalho, sem dúvida, porém não apresenta muitas inovações e diferenças entre as faixas, apostando mais numa sonoridade popular, sem muitos riscos e mudanças. Nas faixas onde a banda ousou um pouco mais, os resultados foram bem interessantes. Mas sem muita quebra de tempo, seguindo uma ordem crescente que culmina num solo marcante e dobra de vozes no refrão ao longo da maior parte do disco, cansa o público por estar ouvindo o bom e velho “mais do mesmo”.

Os maiores destaques do disco vão para os ótimos solos de guitarra do músico Neal Schon que apresenta muito feeling ao compor seu trabalho, sabendo exatamente a nota certa e a melodia certa de guitarra para encaixar na música. O talento vocal de Perry contribui muito com o disco também, uma vez que é capaz de se entender a mensagem passada apenas pela característica de voz utilizada no trabalho.

A banda viria a alcançar maior sucesso em trabalhos seguintes, mas aqui já mostrava do que era capaz. Aliás, deixou claro que, quando arriscava mais, podia criar trabalhos ainda mais interessantes.

Formação:

Steve Perry (vocais)
Neal Schon (guitarra, violão e vocais de apoio)
Gregg Rolie (teclados e vocais de apoio)
Ross Valory (baixo)
Aynsley Dunbar (bateria e percussão)

Faixas:

01. Lights
02. Feeling That Way
03. Anytime
04. Lă Do Dā
05. Patiently
06. Wheel in the Sky
07. Somethin’ to Hide
08. Winds of March
09. Can Do
10. Opened the Door

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