O ano era 1995, a Donzela vinha passando por uma fase turbulenta, incluindo a saída do vocalista Bruce Dickinson e problemas pessoais do Baixista Steve Harris. O novo vocalista era Blaze Bayley, escolhido após uma seletiva que incluiu vários outros vocalista do mundo todo.
Era lançado, então, o décimo álbum de estúdio do Maiden, intitulado “The X Factor”. Nesse trabalho temos músicas muito sombrias e melancólicas, que seriam um contraste dos problemas pessoais de Harris. Somado ao estilo vocal de Bayley, o resultado ficou muito bom.
De primeira, temos “Sign Of The Cross”, que acabou se tornando clássica. É longa, progressiva e épica, com vocais graves que se encaixam perfeitamente na canção. A música faz menção ao livro The Name of the Rose (O nome da rosa), do escritor italiano Umberto Eco (1932).
“Lord Of The Flies” é uma música mais direta, lembrando de certa forma as canções do “Fear Of The Dark” (1992). Para mim é um dos destaques do álbum. Foi um dos singles do play. Conta com um tom bem melódico e um refrão grudento. Uma versão da música tocada ao vivo com Bruce Dickinson, após sua volta, claro, pode ser encontrada no álbum “Death On The Road” (2005).
A terceira faixa foi mais um dos singles, “Man On The Edge” é rápida e com refrão marcante, umas das poucas dessa fase que consegue agradar os fãs.
Aqui temos uma trinca de músicas que tem a estrutura semelhante, “Fortunes Of War”, “Look For The Truth” e “The Aftermath”, que contam com um dedilhado de início, vocais cadenciados e um tom bastante sombrio, com o tempo as faixas vão crescendo e ficando mais pesadas.
“Judgement Of Heaven” poderia estar perfeitamente nos dois lançamentos anteriores da banda, “No Prayer For The Dying” (1990) e “Fear Of The Dark” (1992), pois sua estrutura é muito parecida. É a que menos me agrada no álbum todo.
Um solo de baixo espetacular abre “Blood On The World’s Hands”, que é uma das melhores do álbum, talvez seja também uma das mais técnicas das músicas já feitas pela banda.
“The Edge Of Darkness” segue a linha daquela trinca que citei acima, é uma faixa que foi tocada pouco ao vivo e foi esquecida pela banda em pouco tempo.
Outro destaque do play é “2 A.M.”, que mesmo tendo a estrutura manjada, consegue se destacar. Um violão é usado para fazer a introdução, bastante melodiosa, um solo bem marcante nos é apresentado e a faixa ganha muito destaque na audição.
Pra fechar, temos “The Unbeliever”, faixa longa e, digamos, diferente. Consegue agradar o ouvinte, mas não acho que foi a escolha certa pra ser a última faixa. Sem mais.
Na época ainda foram compostas mais três canções que acabaram não entrando no álbum, “I Live My Way”, “Justice of the Peace” e “Judgement Day”. As três foram lançadas como B-Sides nos singles promocionais de “Man On The Edge” (1995).
Minha crítica negativa fica por conta da mixagem, que alterna muito no volume, poderia ser mais nivelada, além disso a péssima arte do álbum, que pra mim é a pior capa dos discos da Donzela, superando até a ridícula capa do “Dance Of Death” (2003).
“The X Factor” é um disco sensacional e super injustiçado da Donzela, você deve ouvi-lo sem comparações com o trabalho feito por Dickinson, descompromissado com todo o vasto e valioso material da banda. Tudo combina muito bem com o estilo de Blaze, com sua voz mais grave e forte, tornando as músicas bem sombrias e melódicas. Portanto, não se deixe levar pela opinião dos outros e dê uma chance ao álbum, garanto que terão coisas muito positivas que o agradarão.
Formação:
Blaze Bayley (vocal);
Steve Harris (baixo);
Dave Murray (guitarra);
Janick Gers (guitarra);
Nicko McBrain (bateria).
Faixas:
01 – Sign Of The Cross
02 – Lord Of The Flies
03 – Man On The Edge
04 – Fortunes Of War
05 – Look For The Truth
06 – The Aftermath
07 – Judgement Of Heaven
08 – Blood On The World s Hands
09 – The Edge Of Darkness
10 – 2 A.M.
11 – The Unbeliever
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8/10