Roadie Metal Cronologia: Iron Maiden – The Number of The Beast (1982)

O álbum “The Number of The Beast”, na minha humilde opinião, está no mesmo patamar do “Powerslave”, lançando em 84 por essa instituição chamada Iron Maiden. Sinceramente, poderíamos escrever um livro sobre esse álbum devido a tantas particularidades e histórias que permeiam essa obra-prima lançada em 1982, a começar pela magnífica capa feita pelo talentosíssimo Derek Riggs e que na época me dava arrepios só de ver, mas eu gostava!

Bom, após o lançamento do álbum “Killers”, Paul Di’Anno começava a dar sinais de que não aguentaria ficar à frente da banda. Devido ao consumo de drogas que afetava sua performance ao vivo, ele foi demitido e substituído por Bruce Dickinson (ex-Sansom), que terminou as últimas datas da “Killers Tour” e a partir daí iniciaram a gravação do novo álbum.

Diferente de Di’Anno, que possuía uma veia mais Punk, Bruce trouxe muita melodia e conseguia alcançar notas que favoreciam e muito as composições de Steve Harris, ampliando bastante as possibilidades musicais. Por um outro lado esse foi o último álbum com Clive Burr na bateria.

“The Number of The Beast” alcançou a posição de número 1 nas paradas britânicas e contém algumas das mais famosas músicas da banda, tais como “Run To The Hills”, “Hallowed Be Thy Name” e a faixa-título. É também o álbum mais bem-sucedido do Iron Maiden, com mais de 14 milhões de cópias vendidas mundialmente.

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“Invaders”
Abre o disco com grande energia, e num ritmo acelerado cantam sobre a luta dos guerreiros nórdicos – leia-se vikings – contra os saxões. A faixa é simples, rápida e certeira, apesar do próprio Steve Harris afirmar que “Invaders” não era boa o suficiente e que ela poderia ter sido substituída por algo um pouco melhor, porém não tinham mais nada para substituir devido ao pouco tempo em tentar algo melhor.

“Children of The Damned”
A música é baseada nos filmes “A Cidade dos Amaldiçoados” e “A Estirpe dos Malditos “- originais “Village of The Damned” e “Children of The Damned”, respectivamente. Uma belíssima canção, uma balada épica para ser mais exato e com uma introdução dedilhada criando um clima perfeito para que Bruce Dickinson mostre seu belo timbre de voz, aliás em um recente programa de rádio durante o tributo a Ronnie James Dio, Bruce mencionou que essa faixa foi inspirada na música “Children of The Sea” do Black Sabbath. Em tempo, ela faz parte do setlist do Iron Maiden em sua mais recente turnê.

“The Prisoner”
A faixa foi inspirada no programa de TV britânico do mesmo nome, e mais tarde o Iron Maiden faria outra música – “Back In The Village” do Powerslave de 1984 – baseada nessa série. Após um pequeno diálogo a música começa com Clive Burr no bumbo dando início a uma das mais empolgantes faixas desse disco.

“22 Acacia Avenue”
É a segunda música da saga “Charlotte The Harlot”, iniciada no álbum Killers. Originalmente, essa faixa foi escrita por Adrian Smith na época em que ele tocava na sua antiga banda, Urchin. Ela tem elementos bem peculiares, bem Heavy Metal no sentido mais puro, e Bruce dá um show de interpretação. Em certos momentos dá pra perceber um certa similaridade com o álbum “Fatal Portrait” do King Diamond que só seria lançado quatro anos depois.

“The Number of The Beast”
Simplesmente o maior clássico desse disco e um dos maiores de todos os tempos. Além de causar controvérsias com grupos religiosos sobre o cunho da letra, a faixa é uma das músicas mais tocadas até hoje nos shows do Iron Maiden. Algo que virou uma marca registrada da banda.
De acordo com Steve Harris, a faixa começou a tomar forma após um pesadelo que teve depois que ele assistiu o filme “A Profecia II”, e em seguida alguns fatos estranhos começaram a surgir, por exemplo, luzes acendendo e apagando misteriosamente nas sessões de gravação no Battery Studios com o equipamento se quebrando misteriosamente. O clímax acontece com o produtor do álbum, Martin Birch, se envolvendo num acidente de carro com um micro ônibus que estava transportando um grupo de freiras, após o qual ele teve que pagar um reparo no valor de 666 libras.
Supertições à parte, “The Number of The Beast” é uma faixa emblemática. Após a narrativa fantasmagórica de Barry Clayton, onde ele recita uma passagem do Apocalipse, voz e guitarra são introduzidas dando um clima de suspense e expectativa do que estar por vir, e é no final dessa intro que Bruce desfere um grito de gelar o sangue fazendo-nos render ao som dessa banda maravilhosa. Lembro-me que conheci a faixa vendo o videoclipe dela, e confesso que quando o Eddie surge na tela, aquele mesmo frio na barriga que sinto ao escutar o nome Iron Maiden, continua até hoje.
Não há o que falar dessa faixa, apenas ouça.

“Run To The Hills”
Foi o primeiro single ao ser lançado pela banda. A faixa documenta o conflito entre colonos europeus no Novo Mundo e tribos nativas americanas durante os dias da colonização e depois a expansão para o oeste. Ela foi escrita a partir de duas perspectivas abrangendo o ponto de vista dos nativos no primeiro verso e dos europeus no resto da música. “Run To The Hills” tem também um dos refrões mais representativos da banda.

“Gangland”
O começo e o riff dos versos dessa faixa não sei o porquê mas me lembra um pouco o estilo dos conterrâneos do Motörhead. Visceral e urgente com riffs pesados pavimentando o som da NWOBHM.

“Total Eclipse”
No disco original, a música “Total Eclipse” não consta. A banda teve que optar entre ela e “Gangland”, mas em 1998 quando remasterizaram todos os discos do Maiden, foram adicionados os singles lançados em suas respectivas épocas. Numa recente entrevista, Harris lamenta que eles tiveram escolhido essa faixa para ficar de fora no álbum oficial já que a ideia principal seria colocá-la após a faixa “Gangland”.
A música em si é maravilhosa, e quando a ouvimos muitas outras bandas surgem em nossa mente, e isso apenas significa o quanto “Total Eclipse” é inspiradora. Desde o riff do verso que nos faz lembrar do Queensrÿche até a base do solo – puro Mercyful Fate/King Diamond – percebemos a enorme criatividade dos membros da Donzela em criar climas e quebradas de tempo bem sacadas aliadas aos solos primorosos de Adrian Smith e Dave Murray e um suporte poderoso da bateria de Clive Burr e a habilidade gigantescas e inspiradora do baixo trovão de Steve Harris. É por isso que por muito tempo eu fazia uma pergunta ao universo: “Pra quê seis se cinco já fazia a perfeição?!”

“Hallowed Be Thy Name”
O álbum fecha com uma das mais belas canções da banda. Um épico. Não é à toa que existe uma certa similaridade com o álbum “Powerslave”, que também finaliza com uma faixa épica: “The Rhyme of The Ancient Mariner”. “Hallowed Be Thy Name” conta sobre uma pessoa que está numa prisão e foi condenada à morte forca. O escritor Stephen King credita a essa música a inspiração para o livro “The Green Mile”, que foi editado para o cinema e traduzido para o português como “À Espera de Um Milagre”. Desde o seu laçamento, essa faixa não sai mais do setlist da banda, porém é muito compreensível porque ela possui todos os elementos apresentados em todo o álbum. É um resumo musical desde a primeira nota em “Invaders” até o seu fim magistral, uma espécie de arremate final desse maravilhoso presente chamado “The Number of The Beast”. O grande trunfo de Bruce Dickinson foi dar mais dramaticidade às músicas do Iron Maiden, e nessa faixa ele simplesmente se supera, tornando-se ao longo dos anos um dos maiores vocalistas de Heavy Metal do planeta, ao lado de Dio e de Rob Halford.

A importância do álbum “The Number of The Beast” para a história do Heavy Metal é gigantesca. Aliás, toda a obra dessa maravilhosa banda e digo mais – a quantidade de informações e fatos que cercam o Iron Maiden é tanta que deveria ser matéria escolar. Utopia? Tire suas próprias conclusões.

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Formação:
Bruce Dickinson (voz);
Adrian Smith (guitarra);
Dave Murray (guitarra);
Steve Harris (baixo);
Clive Burr (bateria).

Faixas:
01 – Invaders
02 – Children of The Damned
03 – The Prisoner
04 – 22 Acacia Avenue
05 – The Number of The Beast
06 – Run To The Hills
07 – Gangland
08 – Total Eclipse
09 – Hallowed Be Thy Name

Produzido por Martin Birch

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