Em 18 de dezembro de 1983, em Dortmund, Alemanha, o Iron Maiden finalizava a bem-sucedida “World Piece of Tour”. Mas tempo era um luxo que a banda não tinha naquela época, e depois de apenas três semanas de folga, o mesmo roteiro de praticamente um ano atrás: pré-produção do novo álbum em Jersey e partida para Nassau, para a concepção do quinto álbum da carreira da banda – o aclamado e clássico “Powerslave”.

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O trabalho já trazia algo inédito para o Iron Maiden. Pela primeira vez a banda mantinha a mesma formação do álbum anterior, o que de certa forma já era uma vitória. E como em time que se ganha não se mexe, mais uma vez Martin Birch é o responsável pela produção e, para variar, fez um trabalho magnífico.

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Mas antes de falar da parte musical, penso ser válido dar um destaque para a parte gráfica. Derek Riggs simplesmente criou uma das capas mais emblemáticas, não somente do Iron Maiden, mas de toda a história do Heavy Metal. A imagem de Eddie imortalizado como um deus egípcio em um gigantesco templo é considerada por muitos fãs como a mais bonita capa do Iron Maiden. Era um sonho de qualquer garoto na época ter o tal pôster pregado em seu quarto.

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Musicalmente, posso dizer que “Powerslave” é uma evolução natural de “Piece of Mind”, até pelo fato já citado acima da manutenção da formação. Só que aqui, Bruce Dickinson, Steve Harris, Dave Murray, Adrian Smith e Nicko McBrain resolveram deixar as coisas mais melódicas, pesadas e técnicas. São 54 minutos onde o ouvinte simplesmente não consegue sentir se cansativo ou enjoado.

A honra de abrir o trabalho coube a “Aces High”. A faixa é uma das mais emblemáticas da banda, principalmente durante a “World Slavery Tour”, onde era precedida pelo famoso discurso de Winton Churchill, Primeiro Ministro britânico na Segunda Grande Guerra. A letra retrata a batalha ocorrida no espaço aéreo britânico entre a temida Luftwaffe – força aérea alemã – e a RAF – Royal Air Force (força aérea britânica).

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Ainda no campo de temores com a guerra, temos “2 Minutes To Midnight”. Uma música mais “Hard Rock” que a anterior, mas que não signifique que seja ruim. Destaques para o excelente refrão, os ótimos solos de Adrian Smith e a letra que fala sobre o relógio do juízo final.

Capa

Em seguida, temos a última faixa instrumental gravada pela banda, a ótima “Losfer Words (Big’orra)”, com os já famosos riffs dobrados e o baixo cavalgante de Steve Harris ditando o ritmo. “Flash of The Blade”, de autoria de Bruce Dickinson, é uma joia perdida. Uma faixa extremamente empolgante, direta e que não foi devidamente lembrada pela banda na turnê. Assim como “The Duellists”, que além das características da anterior, ainda apresentam toda a influência progressiva de Steve Harris.

“Back In The Village”, assim como “2 Minutes To Midnight”, tem riffs mais acessíveis. Tal como “The Prisoner” (1982), também foi inspirada na série de TV britânica de mesmo nome, muito famosa nos anos 60. Destaque para as excelentes linha vocais de Bruce. E por falar em Mr. Air Raid Siren, temos em seguida a única faixa-título do Iron Maiden escrita somente por ele. Falo da épica “Powerslave”. Um som de um macabro riso dá lugar a uma sessão de riffs cavalgantes, evoluindo para uma faixa bem cadenciada, um refrão forte e solos que estão entre os mais lindos de toda a carreira da banda.

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E o que dizer de “Rime of The Ancient Mariner”? O épico de pouco mais de 13 minutos é baseado no poema de Samuel Taylor Coleridge, sobre uma maldição que caiu sobre uma tripulação em alto mar por ter matado um albatroz. É como se fosse três músicas em uma. Com os já conhecidos riffs e andamentos “maidenianos”, desemboca para uma parte no meio, onde há uma citação sobre a tal maldição, com o som do mar e o ranger de madeiras do navio, para depois evoluir para a última parte, com as melhores linha vocais de Bruce em todo o disco, seguido por solos maravilhosos de Dave e Adrian. O disco não podia terminar da melhor forma!

E para divulgar um álbum dessa magnitude, a banda parte para sua maior turnê, que até hoje não foi superada em número de shows. A já citada “World Slavery Tour” começa em julho de 1984 e vai até agosto de 1985, totalizando quase 200 shows. Foi nessa turnê que a banda fez seu primeiro show no Brasil, na primeira noite do Rock In Rio, para um público estimado de trezentas mil pessoas.

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“Powerslave” é uma obra-prima. Um dos discos mais influentes de toda a história da música e que consagrou o Iron Maiden no topo. Sem dúvidas, tudo o que se falar sobre esse álbum é ainda pouco.

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https://www.youtube.com/watch?v=DtGjOXyEsG4

Formação:
Bruce Dickinson (vocal);
Dave Murray (guitarra);
Adrian Smith (guitarra);
Steve Harris (baixo);
Nicko McBrain (bateria).

Faixas:
01 – Aces High
02 – 2 Minutes To Midnight
03 – Losfer Words (Big ‘orra)
04 – Flash of The Blade
05 – The Duellists
06 – Back In The Village
07 – Powerslave
08 – Rime of The Ancient Mariner