Após abrir para o Kiss na parte europeia da “Unmasked Tour” (1980), discussões nada amistosas envolvendo Dennis Stratton, Steve Harris e o empresário Rod Smallwood resultaram na saída do guitarrista que fez seu último show a 13 de outubro de 1980 em Drammen (NOR), encerrando a primeira parte das excursões do Iron Maiden naquele ano. “Eu estava triste por sair, mas eu não posso ser mandado no que ouço 24 horas por dia”, disse Dennis ao repórter Alexandre Temóteo, do site Iron Maiden Brasil. Segundo o músico, outros membros da banda, inclusive Rod, criticavam-no por gostar de músicas mais leves.

Para a banda inglesa, a segunda parte da turnê se iniciaria em 21 de novembro de 1980, já com Adrian Smith substituindo Dennis. A nova formação ficou consumada por Paul Di’Anno (vocal), Dave Murray e Adrian Smith (guitarras), Steve Harris (baixo) e o saudoso Clive Burr (bateria). Renovados, terminaram as apresentações da “Iron Maiden Tour” no lendário Wainbow Theatre de Londres, a 21 de dezembro de 1980 –, um mês antes, os músicos entraram no Battery Studios em Londres e, em janeiro de 1981, finalizaram um de seus álbuns mais viscerais, “Killers”.

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Houve um avanço considerável na produção, pois aquela sonoridade crua e enfadonha introduzida por Will Malone (Black Sabbath, Depeche Mode, The Verve e outros) no primeiro álbum foi substituída por outra mais pomposa desenvolvida por Martin Birch (Deep Purple, Black Sabbath, Whitesnake, Wishbone Ash, Rainbow e outros).

Uma das diversas curiosidades acerca desse álbum é que as músicas, com exceção de “Prodigal Son” e “Murders In The Rue Morgue”, foram compostas antes do lançamento do debut. Assim como em “Iron Maiden” (1980), Steve Harris se destacou nas composições, mas compartilhou algumas autorias com outros membros como Paul Di’Anno, que também assina a faixa-título. “Eu escrevi a música ‘Killers’. Steve tinha o que ele chamava de ‘as melhores músicas’. Eu achava que as músicas dele eram uma merda”, compara o vocalista. Em 1998, o single “Twilight Zone”, que trouxe Dave Murray e Steve Harris como compositores, lançado em 2 de março de 1981, foi incorporado ao full-length na versão estadunidense do álbum.

O baixista do grupo mostrou nesse lançamento que suas ideias para instrumentais vão além de riffs cortantes, como os de “Transylvania”, e presenteia os fãs com “The Ides of March”, uma música mais épica, que serviu de introdução para o novo álbum. Esse estilo apurado e temático se encontra também em “Genghis Khan” que, juntas, fazem de “Killers” o único álbum do Iron Maiden com duas instrumentais.

Como “Twilight Zone” não constava na versão original do álbum, “Purgatory”, lançado a 15 de junho de 1981, ficou considerado como sendo o único single extraído desse trabalho. A canção foi resultado da lapidação de uma outra música, executada ao vivo pela banda entre os anos de 1976 e 1977. “Ela era uma velha canção que chamávamos de ‘Floating’. Adicionamos mais velocidade e acrescentamos algumas batidas na parte do meio, depois mudei a letra”, revela Steve. “Purgatory” não teve grande repercussão e não chegou ao top 50 das paradas britânicas.

“Wrathchild”, uma das músicas mais clássicas da história da banda, quase saiu no primeiro play, mas foi lançada em uma coletânea. “Wrathchild foi gravada para um álbum chamado ‘Metal For Muthas’. Isso foi antes do nosso primeiro contrato de gravação. A versão nesse disco é bem diferente, e por constar nessa compilação, resolvemos não a colocar no nosso primeiro álbum”, afirma Harris.

“Killers” teve boa expressão em vários países. No ano de lançamento, conseguiu alcançar a posição 78 na Billboard 200, melhor que o debut, que chegou ao 147º lugar nos EUA um ano antes. Na Inglaterra, emplacou a 12ª posição no Official Albums Chart, e outras boas exposições figuraram-se na Áustria, Finlândia, Alemanha, Nova Zelândia, Noruega e Suécia.

Foi na “Killer World Tour” que o Iron Maiden excursionou pela primeira vez nos EUA (abrindo para o Judas Priest e UFO), Canadá e Japão (onde gerou o EP ao vivo, Maiden Japan). Por causa de problemas excessivos com drogas e álcool, Paul Di’Anno não estava dando tudo de si, causando até mesmo cancelamentos de alguns shows. “Não é verdade que eu estava cheirando um pouco de cocaína. Eu estava, na verdade, usando sem parar, 24 horas por dia, sete dias por semana. Eu pensei que era isso que se fazia em uma banda de Rock”, reconhece. Sua última apresentação foi na Odd Fellows Mansion, Copenhagen (DIN), em 10 de setembro de 1981.

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As sete últimas datas foram terminadas já com Bruce Dickinson, que estreou no Iron Maiden em Palasport, Bologna (ITA), em 26 de outubro de 1981. “Naquela época todos sabiam que havia um problema com o vocalista do Iron Maiden, mas havia uns boatos de que eu iria entrar no Rainbow, pois eu havia recebido uma ligação de um roadie do Ritchie Blackmore perguntando se eu estaria disponível”, diz Bruce. “No Reading Festival”, continua ele, “eu fiquei sabendo que Steve e o Rod estavam lá apenas para ver minha apresentação com o Samson, até que após o show, Rod veio conversar comigo, bem na área do backstage, onde todos os jornalistas e pessoas ligadas ao meio do Rock estavam presentes, até que Rod perguntou se eu queria fazer um teste na banda, e fomos então juntos para o hotel conversar” (Roadie Crew ed. #64). Daí por diante, o Iron Maiden não parou mais de colecionar multiplatinados a cada lançamento, fixando-se no hall das bandas mais importantes e influentes do Heavy Metal.

Formação:
Paul Di’Anno (vocal);
Dave Murray (guitarra);
Adrian Smith (guitarra, backing vocal);
Steve Harris (baixo, backing vocal);
Clive Burr (bateria).

Faixas:
01 – The Ides of March
02 – Wrathchild
03 – Murders In The Rue Morgue
04 – Another Life
05 – Genghis Khan
06 – Innocent Exile
07 – Killers
08 – Prodigal Son
09 – Purgatory
10 – Twilight Zone (versão Americana de 1981; relançamento de 1998)
11 – Drifter

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