Roadie Metal Cronologia: Iron Maiden – Fear Of The Dark (1992)

A cronologia – palavra derivada do grego, que significa “estudo do tempo” – da banda Iron Maiden é magistral, permitindo-nos avaliar os mais diversos temas. O álbum posto em tela com objetivo de criar uma minuciosa resenha é nada menos que “Fear Of The Dark”.

Lançado em 1992; um álbum sombrio; com temáticas melancólicas; melodias geniais; o último trabalho da primeira fase da parceria Steve Harris e Bruce Dickinson; o álbum onde o mestre Janick Gers demonstrou seu talento; o medo como tema central. Podem-se citar diversos pontos de referência para o trabalho que concretizou a transição do Iron Maiden de “uma das bandas componentes do NWOBHM” para “os veteranos ingleses do Heavy Metal”.

Falar da faixa-título parece redundante e soa repetitivo, porém, vejamos pelo lado psicológico ao invés do instrumental.

Confesso que noto grandessíssima genialidade em Janick Gers. Minha construção de pensamento tem como fundações os licks de guitarra, como base estrutural os solos velozes e como belíssima arquitetura as apresentações ao vivo do músico. Em parceria com Dickinson criou a feroz “Be Quick or Be Dead” – uma das músicas mais pesada do Iron Maiden até hoje – abrindo com grande classe o álbum em análise. O solo executado eximiamente por Gers apresenta a impressão digital sonora do artista, pois soa melódico, ligeiramente embolado nas passagens das notas e cheio de alavancadas. Outra música – “outra” parece ser imparcial demais mediante a grandeza da canção em voga – cuja dobradinha de composição “Bruce/Janick” funcionou muito bem é a balada mais famosa do quinteto inglês: “Wasting Love”. Agradável aos ouvidos de aficionados fãs de Heavy Metal e também tangível à compreensão ótica de leigos ouvintes, a suave e chocante canção com certeza já foi utilizada em casamentos e homenagens românticas – antes de utilizar esta canção para os fins descritos, leia e avalie a letra. Ao narrar o que ocorre quando pessoas desperdiçam o amor e vivem presos aos medos, os licks de guitarra e a voz marcante de Bruce Dickinson são a cereja do bolo e tornam “Wasting Love” uma das belas músicas do Iron Maiden.

Da esq. para dir.: Dave Murray; Steve Harris; Bruce Dickinson; Nicko McBrain; Janick Gers.

Variando um pouco a atmosfera obscura instrumental, “Judas Be My Guide” é o tipo de canção que, quando colocada para tocar em casa, com volume alto, você verá membros mais velhos da sua família e vizinhos cantando junto e dançando o refrão. No fundo a canção retrata o medo do possível inferno e a imposição religiosa através da queima de pagãos com “fogo santo” e reverência forçada dos não religiosos ao deus proferido na letra. O único judeu declaradamente descrito nos evangelhos bíblicos – há controvérsias históricas e teológicas, porém é assunto para uma próxima matéria – é o ponto central do refrão “Judas, meu guia” (tradução para a língua portuguesa). Por isso, se os leigos soubessem, não dançariam e nem tentariam repetir o refrão cantando juntos (risos).

“Chains of Misery” aborda a temática de pensamentos perturbadores que beiram a loucura. A ideia de que alguém controla você e nunca te abandona, a ideia de que alguém mora dentro do seu inconsciente. A musicalidade instrumental igualmente psicótica, com pitadas de Hard Rock e Glam Rock oitentista combina perfeitamente com a letra. Outra música enquadrada na categoria “lado B” é a trabalhada “Fear is The Key”, com sua sonoridade que remete o ouvinte a harmonias do Oriente Médio e Europa medieval. Um toque forte de Rock Progressivo permeia a canção após a primeira metade, utilizando-se passagens com violão, mudanças rítmicas e complexidade harmônica avançada. De mãos dadas na mesma categoria, temos também a música “The Fugitive”, com abertura marcada – Nicko explora os tons da bateria tal qual um pulsar constante e forte –, a descrita música também é uma pérola do álbum que não obteve o merecido destaque.

Capa do álbum “Fear Of The Dark” (1992).

Um grande álbum acarreta em extensivo e magnífico trabalho de divulgação. A turnê mundial “Fear Of The Dark Tour” iniciou-se em junho de 1992 e contou com espetáculos grandiosos. A apresentação no evento Monsters of Rock – realizado na época no Castelo de Donington – gerou como principal fruto a gravação da música “Fear Of The Dark”, que tocada ao vivo, é sem sombra de dúvidas a mais ouvida canção do Iron Maiden de todos os tempos. Falar da faixa-título parece redundante e soa repetitivo, porém, vejamos pelo lado psicológico ao invés do instrumental. O medo do escuro é o primeiro e mais fundamental medo dos seres humanos na primeira infância, visto que não ouvimos rotineiramente falar que crianças sentem medo ao ficar sozinhas ou andar por praças e bosques durante o dia. Futuramente, o medo fundamental narrado por Sigmund Freud – o pai da psicanálise – como sendo uma defesa psicológica por estarmos sozinhos em alguma situação e por isso depararmo-nos com o abandono – por isso comumente quem sofre de fobias tranquiliza-se na presença de pessoa específica ou ao realizar uma atividade supostamente segura, com isso há a sensação de tranquilidade e a fobia torna-se branda – transforma-se em responsável por complicações psicológicas como a ansiedade e o pânico. O medo para os seres humanos é algo vasto e abrange todas as idades, tornando-se natural e comum para todos.

Para encerrarmos esta resenha, deixo abaixo os vídeos das músicas que valem a pena serem conhecidas – pois tratam-se de “lados B” – já que não são tão comuns devido a divulgação inferior em comparação aos hits. Porém, as canções são ótimas e valem a audição atenta.

 

Iron Maiden – The Fugitive

 

 

Iron Maiden – Fear Is The Key

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