Roadie Metal Cronologia: Iron Maiden – Dance of Death (2003)

É incontestável a importância do Iron Maiden para a música como um todo, impossível negar que a banda ainda hoje consegue atrair várias gerações de fãs ao redor do mundo, criando uma divisão de opiniões em relação a linha evolutiva que a banda apresenta em sua musicalidade desde 1980. De um lado, ficam os fãs que dizem que a banda repete fórmulas continuas que sempre deram certo, do outro, aqueles que afirmam que, com o tempo, foram arrancados de seu próprio som. Eu consigo pensar de uma forma otimista que ambas as frentes estão certas, e concluo que o Iron Maiden tem vivido em constante e notável evolução, mantendo intacta sua identidade musical, preservando os aspectos mais básicos que os definem e que fazem eles únicos na história do Heavy Metal.

No ano de 2003, o grupo britânico ainda colhia e ostentava o poder de ser a principal banda ativa do mundo após o lançamento de “Brave New World (2000)” e o retorno de Bruce Dickinson (vocal) e Adrian Smith (guitarra), deixaram fãs em êxtase e ansiosos pelo próximo lançamento do grupo. O Iron Maiden anunciava no fim de 2002 o início das gravações do novo disco de estúdio, décimo terceiro registro da carreira, “Dance of Death, chegava ao mundo oficialmente no dia 08 de setembro de 2003, rapidamente o disco se tornou o mais vendido do ano e angariou vários prêmios após se lançamento.

Dance of Death não é uma unanimidade entre os fãs da banda, o disco tem seus pontos positivos e negativos, além de contar com algumas novidades jamais impressas pelo Iron em sua história, uma delas é que pela primeira vez, o baterista Nicko McBrain foi co-escreveu um faixa, “New Frontier” possuí letra elaborada pelo músico em parceira com Steve Harris, outro fator novo no álbum é a faixa “Face in the Sand” como a primeira música gravada por Nicko com pedal duplo e “Journeyman” sendo a única música completamente acústica do Maiden.

Analisando o álbum após 15 anos de seu lançamento, observamos os pontos negativos primeiro, é de cara, é impossível negar a quão horrorosa é a capa criada para Dance of Death. Produzida por David Patchett, que inicialmente havia criado o Eddie ceifador com monges que o cercavam, teve sua arte alterada pelo empresário Rod Smallwood, que achou a arte vazia e então pediu a um artista digital criar as figuras dançantes que o cercam, definitivamente uma das capas mais horrorosas da banda, que sempre prezou por criações inovadoras e inspiratórias. Outros pontos negativos do disco é a sua produção que ficou muito além de seus antecessores, o disco apresenta composições apressadas, abafamento das guitarras e estranhamente o disco começa com uma contagem de 1,2 – 1,2,3,4 por Nicko, soando como uma demo. Apesar de estranho, ou apressado como me soa o disco, o registro é ótimo e possui músicas fundamentais na carreira da banda.

Essa seria a capa oficial do álbum!

Mantendo seu pragmatismo de sempre abrir o disco com uma música rápida, curta e direta, Steve Harris, definiu que “Wildest Dreams” seria o cartão de apresentação do novo álbum. A música não é uma das melhores do disco, longe disso, refrão chato e guitarras abafadas chegam a dar medo aos ouvidos, talvez quando lançado, ela possa ter sido vibrante, mas após 15 anos de seu lançamento é inevitável querer mudar a faixa para a próxima.

Em “Rainmaker” os samplers utilizados no início nos remetem imediatamente ao fracassado “Virtual XI”, ou vai dizer que essa música não lembra um pouco o início de “The Angel and the Gambler” ou até mesmo “Futureal”? Porém a música se recupera e a banda consegue soar com qualidade, solos muito bem construídos e uma harmonia doce e cativante, deixam a faixa como uma das mais legai do disco.

No More Lies” mantém a linha musical que o Iron começou a propor em “The X Factor”, introdução longa de Violão, com solos dedilhados de guitarra e vocais em crescente evolução, destaque para os arranjos muito bem elaborados de orquestra. A faixa é séria e madura, sem abusar de melodias doces, “No More Lies” é uma obra magistral e uma música incrível.

O instrumental de “Montsegur” logo em seu início é pesado, marcante e forte, mas essa música me deixa com problemas sérios de digestão, a forma como Bruce canta fica muito abaixo de sua técnica inconfundível. Acelerado e abusando de agudos, deixa tudo meio destoado e tornam a música um verdadeiro fracasso.

Mantendo a sensação épica e progressiva, a faixa título, “Dance of Death”, é uma epopeia de variações e diferentes andamentos, uma faixa clássica de um álbum que possui pontos fortes e fracos em equilibro constante. A música é excelente e é uma das melhores para se escutar as três guitarras fazendo bases gêmeas em sua construção. E que solo do Sir Adrian Smith!!!

Gates of Tomorrow” parece arrancada do álbum “The X Factor” como um todo, tanto em seu início quando no refrão, as bases parecem as mesmas de “Sign of the Cross”. A música é tolerável, mas longe de ser um grande momento do disco.

New Frontier” é surpreendentemente melhor do que se imagina, embora certamente não seja uma clássica faixa do Iron. New Frontier começa fraca, mas acaba por ser uma faixa que se torna agradável com seu andamento. Notável o refrão e os dois solos enérgicos de Adrian e Dave.

O ponto alto, a música que vale o disco, ou se preferir, uma das maiores canções já criadas pelo Iron Maiden e que merecia ter o reconhecimento de faixas como “The Nunmber of The Beast”, “Hellowed by the Name”, “Aces High” e outras, é “Paschendale”. Uma verdadeira ópera criada pela banda. Toda sua construção é emocionante, uma música que consegue ultrapassar os sentidos, transportando o ouvinte para outra dimensão de sentimentos e emoções, que essa música consegue criar em cada um que a escuta. Impossível destacar um só elemento, a música como um todo é uma obra-prima criada pelo Iron Maiden. Essa faixa sozinha vale um 10.

 “Face in the Sand” tem Nicko usando pedal duplo pela primeira vez em sua carreira. O Acúmulo orquestral é excelente e encantador. Com uma brisa sombria e obscura, a faixa se transforma em outro clássico do Maiden para esse redator. Bruce é impecável em sua performance e os solos, mais uma vez, são lindos e penetrantes. A atmosfera ao redor da música é o que lhe dá o seu charme, escuro, inquietante, sombrio e lindo.

Age of Innocence” perde folego com seu refrão chato e mal produzido, a música não consegue manter o nível de suas duas antecessoras e destoa sobre o que estava sendo apresentado em Dance of Death.

É evidente que “Journeyman” é uma balada inesperada, sendo a primeira música da história do grupo em formato totalmente acústico, a faixa tem seu valor por esse fato histórico, mas eu ainda prefiro as faixas rápidas e pesadas do Iron. Espero não ser aquele cara que diz: “Eu só gosto dessa banda quando eles tocam rápido”.

O Iron Maiden está muito próximo de completar seus 40 anos de história, após o lançamento de seu primeiro álbum, e, é de admirar como a banda conseguiu se reinventar e no fim dos anos 90 se tornar gradativamente uma banda progressista sem perder sua qualidade e inúmeros fãs ao redor do mundo. Mesmo criticando alguns pontos de “Dance of Death, me considero um fã que ama, respeita e admira essa banda por anos, e tenho certeza, que todos esses sentimentos perdurarão até o último dia de minha vida.

Up th Iron!

Track-list:

01 – Wildest Dreams

02 – Rainmaker

03 – No More Lies

04 – Montségur

05 – Dance of Death

06 – Gates of Tomorrow

07 – New Frontier

08 – Paschendale

09 – Face in the Sand

10 – Age of Innocense

11 – Journeyman

 

Formação:

Bruce Dickinson (vocal)

Steve Harris (baixo)

Dave Murray (Guitarra)

Adrian Smith (guitarra)

Janick Gears (guitarra)

Nicko McBrain (Bateria)

Encontre sua banda favorita