O In Flames encerrava o segundo milênio apresentando aquele que viria a ser um de seus mais aclamados álbuns de estúdio. Trata-se de “Clayman”, revelado em julho de 2000 sob a chancela da Nuclear Blast, contendo onze faixas que, em sua maioria, discorrem sobre conflitos internos e depressão. A capa traz uma imagem baseada no “Homem Vitruviano”, clássico desenho de Leonardo da Vinci, com a cabeça de Jester (ícone da banda) ao fundo e as chamas a norteando.
Este álbum, o quinto dos suecos, também é marcante pela inclusão de novos e modernos elementos ao death metal melódico outrora enraizado, e isto se intensificou nos trabalhos que se seguiram e que levaram a banda a uma sonoridade mais alternativa que pode ser depreendida dos feitos atuais.
Ab initio, temos “Bullet Ride”, reunindo um belo contraste de riffs pesados/elementos groovy com versos lentos/conteúdos eletrônicos. A enérgica “Pinball Map” vem na sequência, possuindo um refrão contagiante acompanhado por um tambor. “Only for the Weak”, um verdadeiro hino para os fãs e presente nos shows até hoje, apresenta um riff de excelência no início, com Anders Fridén cantando limpamente junto às linhas melodiosas e depois deslanchando nos berros, somando-se à isso um grandioso solo de guitarra. “…As the Future Repeats Today”é a primeira do álbum em que o vocalista explora na íntegra o gutural, e o faz brilhantemente.
O início de “Square Nothing” pode enganar por apresentar certa calmaria que remete à uma balada, mas não se enganem. Não demora muito para a brutalidade do melodic death aparecer com perfeição, esta que é vista na íntegra em “Clay Man”, que me chamou a atenção pelo refrão parte gutural, parte limpo. “Satellites and Astronauts”, a faixa mais extensa (5 min), reúne um momento de introspecção e certa melancolia, que é quebrada em “Brush the Dust Away”, onde todo sentimento é posto pra fora. Destaco a boa introdução com as baquetas de Daniel Svensson.
O desfecho de Clayman é um deleite aos amantes de solos. “Swim” evidencia por demais o trabalho de Björn Gelotte e Jesper Störmblad, permeando a faixa durante praticamente toda a sua execução. Em “Suburban Me”, o time de guitarristas ganha o reforço mais que especial de Christopher Amott (à época no Arch Enemy, banda da qual foi um dos fundadores e já despontava como uma das forças da vertente, atualmente no Dark Tranquility), que dispensa comentários ao executar com maestria seu solo. “Another Day in Quicksand” encerra grandiosamente os trabalhos, com as cordas estridentes também evidentes.
Clayman consegue encantar tanto os mais antigos como os mais novos fãs do In Flames. Pelas letras que trazem à baila sentimentos negativos, pode dar uma falsa impressão de baixa autoestima, mas isso não prospera. Reúne um harmônico equilíbrio, justamente por ser um registro da transição entre a antiga e a recente sonoridade dos suecos. Não a toa recebeu uma versão remasterizada em 2020, quando da comemoração dos 20 anos de seu lançamento, com quatro das onze faixas sendo regravadas. É, definitivamente, um marco.
In Flames – Clayman
Data de lançamento: 25 de julho de 2000
Gravadora: Nuclear Blast
Tracklist:
1. Bullet Ride
2. Pinball Map
3. Only for the Weak
4. …As the Future Repeats Today
5. Square Nothing
6. Clay Man
7. Satellites and Astronauts
8. Brush the Dust Away
9. Swim
10. Suburban Me
11. Another Day in Quicksand
Formação:
Anders Fridén – vocais
Björn Gelotte – guitarra
Jesper Störmblad – guitarra
Peter Iwers – baixo
Daniel Svensson – bateria