Surgido em 1985 como Purgatory, o Iced Earth adotou a alcunha que o fez famoso em 1988, após descobrir que já existia uma outra banda utilizando seu antigo nome. Daí em diante, teve início a história dessa que, independentemente de o caro leitor gostar ou não, é uma das mais importantes bandas da história do Metal nos Estados Unidos. Sempre capitaneada pelo guitarrista Jon Schaffer e mesclando Power, Thrash e Metal Progressivo, elevaram seu nome ao primeiro escalão do underground metálico, arrebanhando fãs em todo o mundo.
Como se trata de um trabalho de estreia, é óbvio que o ouvinte não deve esperar a mesma qualidade apresentada em trabalhos como The Dark Saga (96), Something Wicked This Way Comes (98) ou Horror Show (01), possivelmente seus 3 melhores álbuns (ao menos para mim) e nem mesmo comparar com o muito bom Night of the Stormrider (91), que veio em sequência a esse. Claro que as bases do som que marcou a carreira do Iced Earth se fazem presentes aqui, mas de uma forma um tanto quanto crua.
Durante todo o tempo, podemos ouvir uma banda trafegando com bastante naturalidade entre o Power e o Thrash, pendendo ora para um, ora para outro. Também ficam bem evidentes as influências de Progressivo, algo observável nas diversas mudanças de tempo que ocorrem nas músicas aqui presentes. Jon Schaffer já mostrava aqui a sua capacidade ímpar de compor riffs fortes e de grande qualidade. Os solos de Randy Shawver também se destacam e valem a menção. Não é sem motivo que até hoje existam alguns fãs que sintam sua falta. A parte rítmica, com Dave Abell (baixo) e Mike McGill (bateria) se mostra correta, coesa e com boa técnica. Aliás, o trabalho de baixo aqui é um dos melhores da carreira dos americanos.
Claro que nem tudo são flores. A produção é um tanto deficitária na versão original do trabalho, algo que foi um pouco atenuado nas remasterizações que foram lançadas em 2002. Ainda assim, fica muito aquém do que acostumamos em matéria de Iced Earth. Mas o grande calcanhar de aquiles da estreia atende pelo nome de Gene Adam, sujeito responsável pelos vocais. O cara é fraco e quase compromete o resultado final. Não foi sem motivos que acabou retirado da banda por Jon, após se recusar a fazer aulas de canto para a gravação de Night of the Stormrider. E se lembrarmos que futuramente o posto foi ocupado pelo icônico Matthew Barlow, de cuja sombra nem Tim “Ripper” Owens conseguiu sair, a situação fica ainda mais dramática.
Dentre as 8 músicas presentes, vale destacar as variadas “Iced Earth”, uma das mais fortes faixas de abertura de toda a sua carreira e “Written on the Walls”, quase um épico progressivo, a cativante “Colors”, com suas boas melodias e refrão marcante, e a épica “When the Night Falls”, que fecha o álbum de forma primorosa. No final, se não pode ser colocado no mesmo patamar que seus clássicos, também passa longe de ser um trabalho ruim, se tratando de uma estreia mais que digna e que teve a função de colocar o nome da banda em evidência, principalmente no mercado europeu.
Formação:
Gene Adam (vocal);
Jon Schaffer (guitarra);
Randy Shawver (guitarra);
Dave Abell (baixo);
Mike McGill (bateria).
Faixas:
01 – Iced Earth
02 – Written on the Walls
03 – Colors
04 – Curse the Sky
05 – Life and Death
06 – Solitude
07 – Funeral
08 – When the Night Falls
-
7/10